Facebook e companhia arrasam com 3,1 biliões de euros do mercado
Desde janeiro, a capitalização bolsista global das cinco principais tecnológicas americanas sofreu um emagrecimento gigantesco. Para alguns investidores, esta é uma boa oportunidade para investir.
A destruição de valor em redor dos cinco cavaleiros tecnológicos dos EUA tem sido de uma dimensão gigantesca. Desde o início do ano, Apple, Microsoft, Amazon, Alphabet e Meta fizeram desaparecer do mercado acionista cerca de 3,1 biliões de euros, o equivalente a 14 vezes o PIB de Portugal.
É preciso recuar até ao longínquo ano de 2000, em plena explosão da “bolha das dotcom” para assistir a quedas tão vertiginosas num espaço de tempo tão curto entre as tecnológicas. Nas contas dos investidores, este comportamento tem-se traduzido em perdas substanciais. Sobretudo para os acionistas da Meta, o “cavaleiro” desde grupo mais castigado: desde janeiro, as ações da empresa liderada por Mark Zuckerburg acumulam perdas de 71% e estão a negociar no valor mais baixo desde fevereiro de 2016.
A sangria no setor tecnológico americano não tem deixado ninguém para trás. Mas há umas que sofrem mais do que outras. E o rei desse campeonato é a Meta.
E para isso muito contribui o tombo superior a 20% das ações na passada quinta-feira, já após o fecho do mercado, assim que foram divulgados os resultados trimestrais da empresa e mostraram umas contas desastrosas, com destaque para uma queda homóloga de 52% dos lucros no último trimestre acompanhado de um grande descrédito em relação ao projeto do Metaverso.
Este episódio gerou inclusive um momento televisivo único, com o carismático Jim Cramer a pedir desculpa aos telespetadores do seu programa “Squawk on the Street” por em junho ter recomendado a compra das ações da empresa, afirmando que Zuckerberg era “simplesmente imparável”.
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A completar o pódio dos maiores derrotados está a Alphabet, dona da Google, que regista uma queda de 35% desde o início do ano e a Amazon, que afunda 40% desde janeiro. A pressão sobre os títulos de ambas as companhias foi particularmente intensa nos últimos dias após a divulgação dos resultados trimestrais.
A Alphabet, após apresentar lucros 17% abaixo do estimado pelos analistas, viu as suas ações caírem cerca de 8% e nos dias seguintes foram alvo de uma maré de downgrades por parte dos analistas que acompanham a empresa. Já a Amazon, apesar de ter mostrado um crescimento trimestral de 15% das receitas, não só os números ficaram abaixo das previsões dos analistas como as projeções reveladas pela empresa de Jeff Bezos para o último trimestre do ano fizeram soar os alarmes dos investidores que rapidamente colocaram ordens de venda no mercado, levando os títulos da Amazon a ensaiar uma queda livre superior a 20% “fora de horas”, colocando as ações a cotar a níveis de dezembro de 2019.
A sangria no setor tecnológico americano não tem deixado ninguém para trás. Mas há umas que sofrem mais do que outras. E o rei desse campeonato é a Meta. A empresa dona do Facebook tem sido de tal forma penalizada pelos maus resultados apresentados este ano que nos últimos cinco anos quem investiu na Meta está hoje a contabilizar perdas de 45%, o equivalente a 11,2% ao ano. Mais nenhuma outra tecnológica deste grupo registou perdas a cinco anos.
Fonte: Reuters. Evolução da cotação das ações.
Prejuízos do presente serão oportunidades para o futuro?
Apesar do claro mau momento que o setor atravessa, é importante não esquecer que estas empresas foram também das que mais valorizaram na última década: em média, por cada 1.000 euros aplicados em 2012 num portefólio composto pelos cinco cavaleiros tecnológicos de Wall Street, distribuído equitativamente, hoje esse investimento traduzir-se-ia em 7.345 euros.
Muitos investidores colocam na balança este feito e o momento atual e a leitura que fazem é que se trata de uma oportunidade única para investir nestas empresas, fazendo lembrar a célere frase de Warren Buffett “tenham medo quando os outros têm ganância. Sejam gananciosos quando os outros têm medo”, que o Oráculo de Omaha escreveu há precisamente 14 anos no The New York Times, em plena crise financeira de 2008.
O argumento é dado pelos fundamentais destas empresas. A Alphabet, por exemplo, está a transacionar com um preço 18,9 vezes os lucros por ação, cerca de um terço abaixo da média dos últimos cinco anos. O mesmo sucede com a Microsoft, que segundo este rácio (conhecido como price earnings ratio) está a negociar com um desconto de 17% face à média dos últimos cinco anos.
Para alguns investidores, estas estatísticas são sinais de excelentes oportunidades de negócio. É certo que muitos hedge funds e grandes investidores do mercado têm despejado no mercado muitas ações das cinco tecnológicas, empurrando a cotação dos títulos para quedas vertiginosas. Apesar de ainda serem uma minoria, são também cada vez mais os investidores deste grupo que recomeçam a construir posições nestas empresas, como adiantou há dias o FT Wealth.
Muitos revelam que encontram um paralelismo entre o período atual com o início do boom tecnológico da década que começou em 2011. “2022 tem sido doloroso”, diz Jason Ingle, co-fundador e sócio da Closed Loop Capital, uma empresa de capital de risco em fase inicial, que refere também que hoje “há algumas das mesmas coisas que se viram em 2011 e 2012, que se revelaram enormes oportunidades em vários setores, e sem esses ativos estarem sobreavaliados.”
Também recentemente, o Bank of America (BofA), num relatório enviado aos seus clientes, revelou que na semana passada o montante investido no mercado de ações pela indústria de fundos de investimento alcançou os 22,9 mil milhões de euros. Citando os dados da plataforma EPFR, que acompanha estes movimentos, os analistas do BofA concluem que se trata do valor mais elevado desde março deste ano.
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