Avaliar “justifica-se”. Mas acabar com vistos gold “é puro devaneio”, diz APEMIP

Associação que representa as empresas de mediação imobiliária considera que acabar com programa dos vistos gold não resolve problema da especulação imobiliária.

O primeiro-ministro admitiu na semana passada acabar com o programa dos vistos gold, mas as declarações não estão a ser bem recebidas pelo setor imobiliário. A Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP) considera que o fim do programa não vai resolver o problema da especulação imobiliária e que a solução passa por criar programas que permitam a inclusão de migrantes na sociedade e no mercado de trabalho.

“Pensar em acabar com um programa que, em dez anos, atraiu para o país cerca de 7.000 milhões de euros e foi catalisador determinante da reabilitação urbana e imobiliária empreendida nos centros históricos de Lisboa e Porto parece-nos uma decisão incongruente“, afirma a associação presidida por Paulo Caiado, em comunicado enviado esta quarta-feira.

Para a APEMIP, “justifica-se” fazer uma avaliação ao programa, uma vez que “haverá mudanças e melhoramentos a realizar”, mas “pensar, apressada e emotivamente, que erradicar o programa é a solução para acabar com a corrupção ou a especulação imobiliária é puro devaneio”.

“Afirmar, como verdade incontestável, que o programa é responsável pela alta generalizada dos preços das casas e, por isso, causador das carências generalizadas de habitação no nosso país, peca por desonestidade intelectual e alheamento da realidade“, lê-se.

A associação diz ser um “facto” que os estrangeiros que compram casas em “localizações caras e com valores acima de meio milhão de euros vêm aumentar a pressão da procura nesse nicho de mercado”, mas que, em dez anos, representam apenas 0,6% das transações no país.

Assim, a APEMIP defende que “a culpa poderá não estar no programa, mas naquilo que é uma velha pecha [falha, imperfeição] portuguesa: fiscalização, vistoria, monitorização e regulação de cumprimento”. Mas sublinha que “a ocorrência de irregularidades numa organização ou instituição ou programa não deve despertar como solução a sua extinção“.

Admitindo que o programa “cria uma situação injusta para aqueles que pretendem residir em Portugal e não têm 500 ou 700 mil euros para adquirir um imóvel”, a associação defende a criação de “programas que permitam a inclusão de migrantes na nossa sociedade e no nosso mercado de trabalho, com a expectativa do seu contributo laboral, social e financeiro“.

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