Empresas devem procurar novos fornecedores devido à “instabilidade cambial”, diz Ebury
Fintech especialista em câmbio sugere que negócios procurem fornecedores noutros países para compensar a subida generalizada de custos e para mitigar a "instabilidade cambial".
Com inflação a atingir níveis historicamente altos na maioria dos países, impulsionada pelo aumento dos preços da energia e dos custos de produção, as empresas importadoras enfrentam riscos mais elevados com a volatilidade das moedas de câmbio. Para mitigar esta “instabilidade cambial”, a Ebury, uma fintech especializada em pagamentos internacionais e câmbios, prescreve aos negócios nacionais a “procura de novos fornecedores” em países que permitam “compensar” a subida de preços e a moeda mais cara.
O “crescimento muito grande” do dólar, a moeda dominante, que o levou a superar a paridade face ao euro em julho deste ano, foi “ótimo” para os exportadores portugueses, que conseguiram mais receita, diz o diretor regional para o sul da Europa da Ebury, Duarte Líbano Monteiro. Mas, em sentido inverso, para os importadores, tornou-se mais caro comprar. Em suma, “não só a inflação afeta na compra como também afeta na moeda de câmbio”, recorda o responsável.
Este cenário de volatilidade nos mercados financeiros, especialmente entre o euro e o dólar, agravou-se com a invasão russa da Ucrânia, perturbando as relações comerciais entre os países. No entanto, a necessidade de procurar alternativas surgiu ainda antes da pandemia, com o aumento dos custos dos transportes.
Segundo Duarte Líbano Monteiro, já nessa altura “muitas empresas começaram a procurar fornecedores mais perto, como na Turquia e nos países de Leste”, em alternativa à China. Isto porque, “embora a mão-de-obra fosse mais cara nesses países do que na China, compensava face ao custo de transporte tão alto”, justifica.
“Agora, com a compra em dólar mais cara na China, há duas alternativas: ou começam a pagar em moeda chinesa, ou precisam de começar a ver outros países e pagam na moeda local (ou pagam em euros também). Ou seja, procurar novos fornecedores, novos sítios, que permitam compensar a subida de custos”, considera o responsável da Ebury.
Enquanto isso, para proteger a margem comercial dos negócios, podem ajudar soluções de gestão de risco de taxa de juro e de risco de taxa de câmbio, de modo a “ter uma maior previsibilidade” dos preços nos fornecedores e dos preços a que as importadoras podem depois vender os seus produtos, aponta ainda Duarte Líbano Monteiro.
Há muitos negócios que têm 5% a 10% de margem e, com esta volatilidade cambial, o que vendem a um preço, passado uma semana, podem ou receber menos ou ter de pagar mais ao fornecedor, exemplifica, sublinhando que, com uma taxa de risco de câmbio fixada para um determinado prazo, a empresa sabe que vai ter de pagar um determinado valor no dólar.
Por fim, “deve haver o máximo de diversificação para mitigar o risco — através de produtos, moedas, etc. –, porque é muito difícil, não tendo uma bola de cristal, saber onde é que vamos estar daqui a uma semana. São precisas alternativas para os importadores comprarem na moeda local, que pode ser mais barato, e para os exportadores venderem na moeda local para abrirem mais mercado e também não estarem dependentes de uma terceira moeda que não seja a do país”, conclui.
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