Civilria retoma projeto imobiliário de 100 milhões no Nó de Francos

Mega projeto da construtora de Aveiro, com dois edifícios de escritórios e outro residencial, reabilita área industrial abandonada junto ao nó rodoviário do Porto, mais conhecido pelo trânsito.

Situado no congestionado Nó de Francos, o mais movimentado acima de Lisboa, ligando a VCI à avenida AEP e local de passagem para mais de 100 mil veículos por dia, o terreno com um total de 28 mil metros quadrados onde está a ser desenvolvido o projeto imobiliário Icon já estava nas mãos da Civilria deste 2006, mas só agora, mais de uma década e meia depois, é que este espaço na cidade do Porto está a dar lugar a um empreendimento que o presidente da construtora, Artur Varum, avaliou ao ECO em “seguramente acima de 100 milhões de euros” de investimento global.

Para esta localização à entrada da zona industrial, onde até ao início do século existia uma fábrica de cutelaria e utensílios de cozinha que acabou por falir, estava inicialmente previsto um projeto que incluía um hotel, vários serviços, como um ginásio, e até um hipermercado. “Estávamos a desenvolver projetos, a tratar do licenciamento, mas em 2008 veio a crise financeira e um dos operadores cancelou o contrato. Nessa altura toda a gente ficou assustada e deixámos isto em stand by, recorda o empresário de Aveiro.

Só em 2016, quando surge um contacto da Ageas, é que a empresa familiar detida pelos irmãos Artur e Carlos Varum começa a reativar as ideias para aquele local degradado. A nova sede nortenha do grupo segurador, inaugurada em setembro, serviu de kickoff ao projeto. “Nesta área mais corporativa gostamos de partir já com um cliente específico ou, pelo menos, ter uma parte ancorada num cliente”, contextualiza o responsável. O edifício da autoria de Luís Pedro Silva, o mesmo arquiteto do Terminal de Cruzeiros do Porto de Leixões, acabou por ser comprado pela estrutura de real estate do grupo liderado por Steven Braekeveldt e que detém também as marcas Médis, Ocidental e Seguro Direto.

Mesmo ao lado, neste espaço revitalizado da zona empresarial da Invicta e que ficará rodeado por uma extensa área de jardim com um lago, aberta ao público, estão em construção outro edifício de escritórios com uma área de 14 mil metros quadrados e um complexo residencial com mais de 11 mil metros quadrados e 168 habitações de service apartments, que deverá ser explorado em arrendamento por um operador especializado já a partir do verão.

Este segundo imóvel destinado a escritórios, também em formato de elipse, é “para ficar no portefólio” — irá juntar-se a uma carteira com ativos igualmente no retalho (lojas Continente) e na logística, como plataformas dos CTT — e deverá ficar concluído no final de 2023. Artur Varum adiantou ao ECO que “há negociações em aberto” com várias empresas e que, caso venham a concretizar-se, “ocupam a quase totalidade” do espaço que estará disponível.

Vendas de 70 milhões e 600 empregos

Com três plataformas logísticas em licenciamento na zona de Aveiro e três supermercados na mesma situação na região da Grande Lisboa na lista de projetos em curso, para a Civilria, criada há 30 anos, que dá emprego direta e indiretamente a cerca de 600 pessoas e no último exercício realizou vendas na ordem dos 70 milhões de euros, o negócio base continuar a ser o residencial, concentrado sobretudo na região aveirense e nas duas áreas metropolitanas do país (Lisboa e Porto).

O negócio mais recente da empresa foi a aquisição de dois edifícios no centro de Lisboa – os números 10 e 12 da Rua Eng. Vieira da Silva, na zona do Saldanha – por cerca de dez milhões de euros. Vão ser ligados e reconvertidos num ativo único para uso residencial, com 4.300 metros quadrados distribuídos por oito pisos acima do solo, estando prevista a construção de 50 apartamentos, além de um piso térreo para retalho e dois pisos de garagem.

Estamos num momento de grande incerteza, mas penso que o setor residencial será sempre o mais resiliente. Vejo também grandes oportunidades na logística.

Artur Varum

Presidente da Civilria

“Estamos num momento de grande incerteza, mas penso que o setor residencial será sempre o mais resiliente. Vejo também grandes oportunidades na logística e o retalho alimentar também não tem como sofrer muito atualmente”, indicou Artur Varum, para quem uma das principais áreas “críticas” é a falta de trabalhadores para o setor da construção. “Temos muita gente a chegar de fora para resolver o problema da falta de mão-de-obra nacional”, completa o empresário.

O investimento imobiliário em Portugal atingiu três mil milhões de euros em 2022, mais 39% do que no ano anterior, com o segmento da hotelaria a representar 30% do total, o de escritórios 27%, o industrial 21% e o retalho 9%. Os dados são da consultora Cushman & Wakefield (C&W), que contabiliza ainda que o país entrou em 2023 com investimentos identificáveis de valor semelhante, mas com “menor robustez de concretização”.

Já a consultora imobiliária JLL calculou esta semana que o setor já estima, no mínimo, 1.800 milhões de euros em negócios durante este ano. A partir de um inquérito feito junto de 75 investidores imobiliários, concluiu que “Portugal aparece como um grande refúgio”, sobretudo pela qualidade de vida e por ser “um país cheio de oportunidades”.

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