Euro ganha terreno ao dólar e tira pressão sobre combustíveis

Desde setembro o Euro já valorizou 14% contra o dólar e está a negociar perto dos valores estimados pelos analistas somente para o final deste ano.

A moeda única está novamente a ganhar terreno face ao dólar norte-americano. É assim desde setembro.

Atualmente, a moeda única está a subir 0,15% contra o dólar, estando a negociar acima da barreira dos 1,08 dólares por cada unidade de euro. É o valor mais elevado desde abril e encontra-se a negociar dentro da banda estimada por muitos analistas para o par cambial somente lá para o do ano.

Este movimento está a ser particularmente impulsionado por declarações proferidas no sábado por Klaas Knot e esta segunda-feira por Peter Kazimir, ambos membros do conselho do BCE, que defenderam mais dois aumentos de 50 pontos base nas taxas diretoras do BCE nas reuniões de fevereiro e março.

Para Portugal e para o resto dos países que não têm a moeda norte-americana como divisa oficial, o enfraquecimento do dólar é uma ótima notícia. Significa que grande parte das suas importações, nomeadamente de combustíveis, passará a custar relativamente menos quando convertidos na sua moeda nacional.

O lado inverso deste movimento é que também as exportações ficam mais caras, dificultando assim a venda de produtos além-fronteiras. Porém, como desde 2019 Portugal apresenta um défice da balança comercial, para as contas do Estado é bem mais benéfico um euro forte do que um euro fraco.

A continuar com esta dinâmica, o impacto da valorização do euro na contas públicas poderá ser significante, dado que as previsões de muitos analistas apontavam para que o câmbio das duas moedas fechasse 2023 com uma cotação entre 1,07 e 1,10 dólares por euro.

Fonte: Refinitiv. Índice de base 100 (25 de julho 2022).

Dólar em queda depois de uma maratona vencedora

Nos últimos dois anos, o dólar norte-americano tem dominado por completo o mercado monetário, contabilizando valorizações contra as principais moedas entre 12% (face ao iene) e 24% (contra o euro).

No entanto, nos últimos quatro meses, o domínio mundial do dólar tem-se desvanecido, com a moeda norte-americana a perder cerca de metade dos ganhos alcançados até ao seu pico.

Desde setembro, quando o euro alcançou o valor mais baixo contra o dólar (0,95 dólares por cada euro) que o dólar está a desvalorizar cerca de 14% contra o euro. “A fraqueza da moeda dos EUA pode ser explicada pelas expectativas em baixa devido à forma como a Reserva Federal [Fed] pode agir na política de aperto monetária”, refere Ricardo Evangelista, analista sénior da ActivTrades.

A perda de poder do dólar deve-se sobretudo a uma gestão das expectativas dos investidores que antecipam que a inflação nos EUA já terá alcançado o pico e, assim, as subidas da taxa de juro por parte da Fed deverão ser mais modestas ou até terminar mais cedo do que o esperado, tornando o dólar menos atrativo face às outras moedas.

“Com a inflação a dar sinais de estabilização e os dados publicados a apontarem para um abrandamento da atividade económica nos EUA, aumenta a pressão para que a Fed adote uma postura mais benigna”, revela Ricardo Evangelista.

O analista da ActivTrades refere ainda ao ECO que “neste contexto “pode ocorrer uma nova fraqueza do dólar, especialmente se os números do PIB dos EUA, que serão publicados esta quinta-feira, confirmarem a tendência recente de desaceleração.”

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