Só 12% dos gestores de fundos é capaz de bater o mercado a dez anos

Os fundos de ações têm-se mostrado incapazes de ganhar mais que o mercado. Mas há alturas em que as estrelas se alinham e os gestores brilham. Foi isso que sucedeu em 2022 e pode acontecer em 2023.

Longe vai o ano de 1976 em que John Bogle inventou o primeiro fundo de índice e que pela primeira vez alertou a gestão ativa para o que estava para chegar. A pressão sobre os gestores de fundos de investimento começou 17 anos depois, em 1993, com o lançamento do primeiro fundo cotado, também conhecidos como exchange trade-funds (ETF).

Desde então, a gestão ativa passou a ter de enfrentar uma dura realidade: a possibilidade de os investidores aplicarem as suas poupanças em fundos mais baratos que replicam o mercado e que, de acordo com várias estatísticas, oferecem ganhos maiores que a gestão ativa.

É isso que revelam os dados históricos recolhidos pela SPIVA em vários países. Segundo o departamento de estudos da S&P, apenas 45% dos gestores de ações norte-americanas foi capaz de bater o seu índice de referência no período de um ano. E quando se alarga para um período de cinco e dez anos, o rácio de sucesso dos gestores cai drasticamente para 15% e 5%, respetivamente.

O mesmo nível de ineficácia é alcançado pelos gestores de ações europeias no longo prazo, mas com a agravante de se mostrarem ainda menos eficazes no curto prazo. Segundo a SPIVA, no período de um ano, apenas 11% dos gestores de ações europeias conseguiu bater o índice S&P Europe 350. A cinco e dez anos, em média, o rácio de pontaria dos gestores europeus melhora apenas um ponto percentual, com 12 em cada 100 fundos a mostrar-se mais rentável que o índice.

Os números são muito negativos para a gestão ativa. De acordo com dados compilados pela empresa de research Strategas Securities, nos últimos 18 anos, apenas por cinco ocasiões (28%) a maioria dos gestores foi capaz de bater o índice de mercado. Uma dessas vezes ocorreu no ano passado, com os gestores a interromperem um longo período de 12 anos em que a maioria dos gestores revelou-se incapaz de bater o mercado.

Estas estatísticas mostram que os gestores de fundos (gestão ativa) podem até ser capazes de bater o mercado num ano (como sucedeu em 2022) ou até durante alguns anos (como ocorreu entre 2007 e 2009), mas quando se considera um largo período de tempo isso não acontece – mais ainda quando se tem em conta as comissões cobradas pela gestão dos fundos de investimento.

Porém, há períodos em que os gestores brilham, como sucedeu no ano passado. Isso acontece quando se regista dois movimentos particulares no mercado: há uma disparidade considerável entre todas as ações e quando não há um sentimento generalizado no mercado que leva as ações a movimentarem-se sem uma tendência comum.

O momento que as bolsas vivem atualmente é um espelho dessas duas condições. Cabe agora aos “bons” gestores serem capazes de captar as oportunidades que o mercado cria e beneficiarem os seus investidores, preferencialmente com ganhos acima dos que o mercado oferece.

(Conteúdo integrante da edição de 6 de fevereiro da newsletter de finanças pessoais do ECO, Portefólio Perfeito, que pode subscrever neste link.

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