BRANDS' ECO “Todos somos desafiados a evoluir e acompanhar a inovação”

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  • 10 Abril 2023

Sebastião de Lancastre, da easypay, revela, em entrevista ao ECO, os desafios que a transição digital trouxe ao setor financeiro e destaca as vantagens associadas à utilização da tecnologia na área.

Com o mundo a tornar-se cada vez mais digital, o setor financeiro e a banca também saem afetados por esta transição. Apesar dos riscos associados à transformação digital no setor, a agilidade dos processos e a proximidade ao cliente são algumas das vantagens da aposta em IA traz e que compensam os desafios.

Os pagamentos automatizados são uma das mais-valias que a tecnologia trouxe e que acabam por tornar muito mais prática a vida de todos os consumidores. Mas, ainda assim, há outros avanços que já poderiam ter sido dados (porque a tecnologia necessária para isso já existe), no entanto, a lentidão inerente à disponibilização destes serviços continua a ser uma realidade.

Em entrevista ao ECO, Sebastião de Lancastre, CEO da easypay, revela quais são os maiores desafios que o setor tem atravessado neste âmbito, mas também realça todos os benefícios trazidos por esta nova realidade digital, bem como os novos modelos de negócio que surgiram dela. Veja, abaixo, a entrevista.

Sendo a Easypay uma instituição de pagamento autorizada pelo Banco de Portugal, quais têm sido os maiores desafios que tem atravessado, fruto das mudanças que têm vindo a acontecer no processo de pagamentos?

O maior desafio é a velocidade de disponibilização de novos serviços. A realidade não permite acompanhar a evolução do mercado, sendo bastante lenta para os nossos desejos e do que gostaríamos de oferecer aos comerciantes. Concretizando: desde 2018 que estão disponíveis as transferências imediatas, mas apenas se forem executadas manualmente ou ao balcão dos bancos. E o que a easypay esperava que tivesse sido disponibilizado era, desde o primeiro dia, uma API (Open Banking) que nos permitisse disponibilizar aos clientes o serviço de cobrança e de pagamento das transferências instantâneas via webservices. Uma vez que o serviço que está disponibilizado é manual e ao balcão, inviabiliza completamente este objetivo.

Outro exemplo passa pela disponibilização de um serviço que permita confirmar que um IBAN e um número de contribuinte fazem match. Este é um serviço para o qual a easypay tem pedido a sua disponibilização desde 2017 e que só verá a luz do dia em 2024. Com a crescente fraude e cyber crime, é um serviço fundamental para oferecer ao mercado pois vai permitir que, antes de se efetuar uma transferência bancária, se garanta que o valor vai ser transferido para o beneficiário correto. Para além disso, este serviço será fundamental para acelerar e agilizar a validação das autorizações de débitos diretos. Concluindo, a velocidade de disponibilização é manifestamente uma barreira para o desenvolvimento dos pagamentos da easypay e dos outros operadores do mercado e, consequentemente, da eficiência nos pagamentos para os comerciantes.

Hoje em dia já é possível fazer pagamentos através de dispositivos eletrónicos, sem a necessidade de usar cartões ou cash. As vantagens associadas compensam os riscos?

Sem dúvida que compensam largamente. Este tipo de transações têm medidas de segurança acrescidas e cada vez mais desenvolvidas, por exemplo, quando pagamos com uma wallet ou dispositivo tipo relógio é gerado automaticamente um número de cartão que é apenas utilizado nessa transação. O que significa que se esse terminal ficar comprometido a informação com o detalhe da transação não pode ser utilizada noutras transações. Protege-se, assim, de forma significativa, o utilizador. Para além disso a conveniência, rapidez e facilidade de pagar satisfaz as necessidades dos consumidores que valorizam cada vez mais uma simplificação geral.

Sebastião de Lancastre, CEO da easypay
Qual a sua opinião sobre o “Buy Now Pay Later” e os novos modelos de negócio?

É um conceito que responde a uma necessidade do mercado de poder efetuar pagamentos a prestações e sem juros e de forma instantânea. É uma evolução perfeitamente natural no mundo em que vivemos com uma predominância do online cada vez maior, e com uma capacidade de inovação tecnológica muito acelerada também nos pagamentos. Pelo facto de ser online e desmaterializado, o Buy Now Pay Later tem uma penetração muito maior e com um crescimento mais rápido. Vai sem dúvida conquistar muito rapidamente uma enorme fatia dos pagamentos. Para além disso, surgem as fintechs que para além de oferecerem estas modalidades de pagamento, adicionam features de inteligência artificial que permitem oferecer ao comerciante um produto muito mais alargado que um simples meio de pagamento, como por exemplo: informação sobre o comportamento de compra, serviços de marketing integrados e muito mais.

Ainda há uma grande parte da população portuguesa em idade mais avançada, que tem uma maior resistência em adotar as novas opções de pagamento. Como pretendem chegar a estas faixas etárias? Acham isso possível?

A PSD 2 trouxe a autenticação forte o que fez com que quem não tenha um smartphone praticamente não pode fazer compras online. Está em estudo um sistema de autenticação sem recurso a smartphones. Todavia, as primeiras provas de conceito vieram onerar significativamente o valor das transações pelo que muito provavelmente é difícil encontrar uma alternativa viável. No entanto, as referências multibanco são ainda a referência para esse segmento, assim como a transferência bancária e, neste último caso, temos agora os IBAN Digitais que vêm resolver muitos dos inconvenientes que os comerciantes têm em oferecer este meio de pagamento.

A easypay, por exemplo, já disponibiliza transferências bancárias com IBAN Digital. Significa que o comerciante é notificado de um pagamento com transferência bancária dentro do seu backoffice easypay, da mesma forma que outros meios de pagamento, e tem uma automática identificação do pagamento. Para o cliente final ainda facilita porque agora já não precisa de enviar o comprovativo do pagamento. Por último, tenho assistido também a pessoas de faixa etária mais alta a começarem a aderir aos pagamentos digitais e sem grande dificuldade. Ou seja, todos somos desafiados a evoluir e acompanhar a inovação e conseguimos fazê-lo.

A Big Data e o desenvolvimento da Inteligência Artificial têm sido as principais alavancas dos avanços no setor. Qual é, ainda, o potencial deste avanço tecnológico para os pagamentos?

É gigante, sobretudo na integração de ferramentas como Chat GPT com gateways de pagamentos. Ainda no outro dia vi uma demonstração em que se perguntava ao Chat GPT se podia encontrar os ingredientes de uma determinada receita de cozinha e, já agora, adicioná-los a um carrinho de compras. O Chat GPT não só encontrou os produtos, como ainda os adicionou ao carrinho direcionando para o pagamento. Este pequeno exemplo mostra o potencial que estas ferramentas já têm e terão, não só para nos apresentar as melhores soluções, como ainda para nos poupar muito tempo na pesquisa dos artigos e finalização da compra.

Podemos ainda referir como a inteligência artificial já está a contribuir neste setor para o enriquecimento e cruzamento de informação que permitem o crescimento das vendas, o aumento da satisfação do cliente, e a segmentação da comunicação a enviar ao cliente. Como resultado final, qualquer comerciante e negócio pode gerir praticamente cliente a cliente e sempre na perspetiva de o satisfazer e fidelizar. E mais: consegue ter acesso a mais feedback do consumidor/cliente sobre o que procura e o que quer sendo verdadeiramente inspirador para a inovação.

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