Subida de preços não assusta turistas na Páscoa. Taxa de ocupação supera 2019 em todo o país
Hotéis estão cheios em quase todas as zonas do país e com reservas acima de 2019. Hoteleiros e agentes de viagens antecipam um verão recorde e com os portugueses a viajar mais.
Apesar do aumento dos preços nas estadias em cerca de 20%, os hotéis estão praticamente cheios durante o fim de semana da Páscoa, piscando o olho a um verão a bater recordes no turismo, acima dos números de 2022. E num fim de semana sem chuva, com o termómetro a bater nos 30 graus, as taxas de ocupação já superam os níveis de 2019 em quase todas as zonas do país, sobretudo em Lisboa e Madeira, onde as taxas de ocupação estão acima dos 90%. Também no Algarve, onde a recuperação tem sido mais lenta, os hotéis estão com reservas a rondar os 80%.
Para o Porto e norte do país, os números apontam para uma ocupação a rondar os 85% e no centro acima dos 55%. O Alentejo as reservas devem atingir os 70%, dizem ao ECO as várias entidades que representam o setor.
“A operação está a ser um êxito e para a Páscoa os clientes estão à procura dos últimos lugares em cada destino”, diz ao ECO o presidente da Associação Portuguesa de Agências de Viagens e Turismo (APAVT), Pedro Costa Ferreira.
Também Cristina Siza Vieira, vice-presidente executiva da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), adianta ao ECO que “os preços têm estado a subir, a acompanhar não só a maior procura, mas também a refletir o crescimento dos custos dos fatores de produção, desde energia, alimentação ou salários”. Ainda assim, “não há quebra nas reservas” para a Páscoa. Pelo contrário, sublinha Cristina Siza Vieira, “a procura continua a aumentar”, até porque Portugal “tem espaço para crescer em preço”.
Mesmo nas regiões com elevado nível de sazonalidade, onde os hotéis ou alojamentos fecham nos períodos de época baixa, estão a operar “quase a totalidade das unidades hoteleiras”, conta Ana Jacinto, a secretária-geral da AHRESP.
Sem surpresa, nesta altura do ano, os portugueses e os espanhóis são quem mais procuram os hotéis nacionais. Mas, “o constante fluxo de turistas americanos, e em menor escala canadianos, que já reservaram, não por ser Páscoa mas por serem datas da sua conveniência, será o grande complemento para a ocupação dos hotéis”, aponta ao ECO a Neoturis, consultora especializada em turismo.
Verão acima de 2022
Perante este cenário para a Páscoa e a poucos meses do verão, “as reservas estão claramente dois dígitos acima do ano passado”, diz o presidente da APAVT. “A maioria dos hoteleiros prevê que, em todos os trimestres, 2023 será melhor do que 2019 e 2022”, frisa também a vice-presidente executiva da AHP.
Pedro Costa Ferreira acrescenta que se está “a vender mais e mais caro” contrariando as suas previsões no início deste ano. “Não esperava que a dinâmica do mercado fosse esta por causa de todos os fatores adversos”, como a subida generalizada dos preços. Mas esta “dinâmica invulgar de reservas antecipadas” para o verão pode vir a resultar, nos próximos meses, numa “quebra notória de reservas, por já terem sido feitas”, admite.
Num ano em que Portugal recebe as Jornadas Mundiais da Juventude, o turismo nas regiões de Lisboa e de Fátima (região centro) vai sofrer um “forte impacto” durante a primeira semana de agosto, sobretudo na hotelaria, antecipa Cristina Siza Vieira.
Além de recebermos mais turistas, no verão, os portugueses também vão viajar mais. “Temos assistido a um aumento da procura de viagens de portugueses para o exterior, especialmente para destinos de sol e praia como Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, destinos do Caribe, bem como destinos city-break europeu”, salienta Ana Jacinto. Também destinos como o Senegal “que se está a consolidar desde o ano passado”, assim como Marrocos e Tunísia que já “têm reforços de operações charter” estão com reservas “muito otimistas” de portugueses.
Apesar deste cenário, a capacidade operacional do aeroporto da Portela e a operação das companhias trazem preocupação aos hoteleiros e agentes de viagens, que receiam que se repita o cenário do ano passado, com filas de horas para que os turistas conseguissem sair do aeroporto, ou de dezenas de voos cancelados.
“Existe uma preocupação generalizada para o Verão, pois várias companhias já anunciaram a possibilidade de virem a cancelar voos e continuam a faltar recursos humanos nos principais aeroportos Europeus”, adianta a Neoturis.
“Há razão para estarmos duplamente assustados. Sabemos que vão existir problemas operacionais porque o aeroporto está no seu limite e, por outro, lado assusta-nos o facto de continuar a não haver uma solução por parte do Governo”, remata o presidente da APAVT.
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