Costa já falou com Galamba. Marcelo espera demissão do ministro das Infraestruturas

  • ECO e Lusa
  • 2 Maio 2023

Primeiro-ministro esteve reunido esta manhã com o ministro das Infraestruturas, admitindo que a "credibilidade das instituições" foi "afetada" no caso envolvendo o adjunto. Marcelo espera demissão.

O primeiro-ministro esteve na manhã desta terça-feira reunido, durante cerca de uma hora e meia, com o ministro das Infraestruturas, João Galamba — porque há coisas que não se tratam no estrangeiro” –, remetendo para mais tarde uma posição sobre as consequências políticas do mais recente caso a envolver o Governo. O chefe do Executivo cancelou a agenda que tinha no Minho.

No domingo à noite, em declarações à RTP, António Costa advertiu que há uma dimensão neste caso, que não tem a ver com uma atuação individual e específica dos protagonistas, “mas que tem a ver com aquilo que tem de ser a atitude do Governo perante a governação e a atitude exemplar que tem de ter, relativamente à credibilidade das instituições, e isso obviamente foi aqui afetado”.

Segundo o Expresso, numa conversa telefónica que teve no sábado com o primeiro-ministro, o Presidente da República deixou claro que, no seu entendimento, o ministro das Infraestruturas não tem condições para continuar no Governo. Para Marcelo, escreve o semanário na edição online, o que se passou naquele Ministério, incluindo o recurso ao SIS, pôs em causa a credibilidade do Estado, pelo que a expectativa em Belém é que Costa afaste Galamba.

Uma reformulação integral do Governo foi o que defendeu também a ex-ministra Alexandra Leitão, em declarações no programa “O Princípio da Incerteza”, transmitido na TSF e CNN Portugal. “É preciso fazer alguma coisa dentro do Governo. Pode passar por uma remodelação, mas também só vale a pena fazer uma remodelação se for para mudar perfis, se for para mudar verdadeiramente, para fazer uma espécie de reset, resumiu a deputada socialista.

À chegada ao aeroporto de Lisboa, o primeiro-ministro classificou como inadmissíveis os acontecimentos recentes que envolvem o ministro das Infraestruturas e o seu ex-adjunto, Frederico Pinheiro, mas considerou que João Galamba agiu bem. Comentando pela primeira vez o caso, disse que o que se passou “nem a título de exceção é admissível” e que não é o padrão nem a regra de funcionamento de nenhum Governo.

Em entrevista na RTP3, o primeiro-ministro acrescentou, porém, que não falava do comportamento de João Galamba “porque é obviamente legítimo que um ministro demita um colaborador em quem perdeu confiança”.

“É muito claro para mim que o ministro não escondeu nem pretendeu esconder qualquer documento da comissão parlamentar de inquérito (sobre a TAP) e entregou à comissão parlamentar de inquérito os documentos que estavam em causa. Acho normal que, perante o roubo de um computador que tem documentos classificados, haja um alerta e que as autoridades atuem em conformidade”, disse António Costa.

O chefe do Governo garantiu ainda que não foi informado do envolvimento do Serviço de Informação e Segurança (SIS) na recuperação do computador e que ninguém do Governo deu ordens aos serviços de informação para fazerem o que quer que fosse.

“O SIS não foi chamado a intervir. Há um roubo de um computador que tem documentação classificada, o gabinete do ministro fez o que lhe competia fazer, dar o alerta às autoridades e as autoridades agiram em conformidade. Não fui informado e não tinha de o ser, ninguém no Governo deu ordens ao SIS para fazer isto ou aquilo, o SIS agiu em função do alerta que recebeu e no quadro das suas competências legais”, disse António Costa.

Frisando que não houve qualquer ordem ao SIS, nem a partir de S. Bento nem de qualquer membro do Governo, o primeiro-ministro acrescentou que houve sim um comportamento que lhe parece adequado, que foi o de, “perante um roubo de um computador”, ser dado um alerta e, em função desse alerta, as autoridades atuarem.

No sábado, em conferência de imprensa, o ministro das Infraestruturas afirmou que reportou ao secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro e à ministra da Justiça o roubo do computador pelo adjunto exonerado Frederico Pinheiro, tendo-lhe sido dito que deveria comunicar ao SIS e à PJ.

Nas palavras de João Galamba, depois de agredir duas pessoas do seu gabinete, Frederico Pinheiro “levou um computador” que era propriedade do Estado. Aos jornalistas, o Presidente da República explicou no sábado que “matérias muito sensíveis de Estado são tratadas discretamente” e, por isso, não lhe cabe dizer quando falaria com o primeiro-ministro sobre o caso da exoneração do adjunto de João Galamba.

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