Contrato de 625 mil euros em copos de papel foi à comissão executiva da TAP. Demissão de Alexandra Reis não
João Weber Gameiro, que foi administrador da TAP durante quatro meses de 2021, disse na comissão parlamentar de inquérito que "as decisões estavam muito concentradas no conselho de administração".
A comissão executiva da TAP concentrava todas as decisões na companhia, afirmou na comissão parlamentar de inquérito João Weber Gameiro, que foi administrador financeiro entre o final de junho e o final de outubro de 2021. Uma dessas decisões foi a aprovação de um contrato de 625 mil euros em copos de papel. Meses mais tarde, a saída de Alexandra Reis não passou pelos órgãos sociais da transportadora, salientou o PSD.
O contrato para a aquisição de copos de papel, no montante de 625 mil euros, foi revelado pelo deputado Hugo Carneiro, do PSD. “Não me recordo”, afirmou Weber Gameiro, nem mesmo depois de Hugo Carneiro lhe ter pedido para ler a ata da reunião da comissão executiva. Salientou, no entanto, que foram contactados vários fornecedores, conforme era referido no documento.
Hugo Carneiro contrastou o facto deste contrato ter passado pela comissão executiva, mas depois ter havido “um pagamento de 500 mil euros, que tem alguma materialidade, mas muitos administradores não sabiam de nada”, referindo-se à indemnização bruta paga à antiga administradora Alexandra Reis. Uma decisão que não passou nem pela comissão executiva nem pelo conselho de administração.
“As decisões estavam muito concentradas no conselho de administração e na comissão executiva”, afirmou o antigo administrador financeiro (CFO) sobre o facto sui generis deste contrato ter sido submetido à comissão executiva, acrescentando que os diretores “não assinavam nada”.
Sobre a forma como foi decidida a saída de Alexandra Reis, Weber Gameiro não quis fazer comentários. “Não vou comentar. Todos eles [membros do conselho de administração] merecem o meu respeito profissional e tiveuma relação muito boa”, afirmou.
O antigo CFO disse que tinha uma relação “de proximidade” com antiga administradora, “como tinha com outros administradores”, mas pela circunstância de Alexandra Reis ter sido administradora financeira interina antes de assumir o cargo conversavam várias vezes.
Weber Gameiro renunciou ao cargo no final de setembro de 2021, mantendo-se no cargo mais um mês. Na altura, o Ministério das Finanças e o Ministério das Infraestruturas e da Habitação divulgaram um comunicado onde lamentaram que, “por motivos pessoais imprevisíveis, a colaboração [de Weber Gameiro] na gestão da TAP tenha sido interrompida”.
Chegou a estar prevista também para esta quinta-feira a audição da diretora jurídica da TAP, Manuela Simões. Segundo afirmou à agência Lusa uma fonte da comissão de inquérito, a responsável invocou sigilo profissional para não ser ouvida pelos deputados. O Parlamento irá pedir ao tribunal o levantamento do sigilo.
A comissão parlamentar de inquérito para “avaliar o exercício da tutela política da gestão da TAP” foi proposta pelo Bloco de Esquerda e aprovada pelo Parlamento no início de fevereiro com as abstenções de PS e PCP e o voto a favor dos restantes partidos. Nasceu da polémica sobre a indemnização de 500 mil euros paga a Alexandra Reis para deixar a administração executiva da TAP em fevereiro de 2022, mas vai recuar até à privatização da companhia em 2015. Tomou posse a 22 de fevereiro e vai estender-se até 23 de julho.
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