A base para uma Inteligência Artificial responsável
Regulamentos da IA devem ser duradouros e é necessária colaboração entre tecnologia, ética, privacidade, segurança e legislação, diz diretor de tecnologia da Microsoft Portugal.
Não sendo nova – foi cunhada como disciplina em 1956 –, a Inteligência Artificial é, sem dúvida, merecedora do prémio de comeback tecnológico mais fulgurante de sempre. A espaços – e quase sem dar por ela -, foi sendo introduzido em ferramentas de trabalho, em GPS que nos guiavam nas viagens, foi acelerando e facilitando muitas das nossas tarefas diárias. Mas quando saímos dos departamentos de TI e da esfera tecnológica das organizações, para o público em geral, falar de Inteligência Artificial era percecionado como algo etéreo, tendo motivado, inclusivamente, bons argumentos para filmes de Hollywood.
Nos últimos anos – e meses, em particular –, a Inteligência Artificial conheceu a sua apoteose. As suas aplicações são vastas e podem ser encontradas em quase todos os setores, desde a saúde até à indústria automóvel, passando pelo comércio ao setor financeiro. A IA tem um enorme e reconhecido potencial para transformar o mundo, mas interesse perceber o porquê da sua massificação de forma a ponderar com clarividência potenciais impactos nocivos e antecipá-los, construindo a base para uma IA responsável.
Este “guia” coloca a responsabilidade e ética na construção no centro da discussão quando falamos da utilização de IA. É importante reconhecer que tecnologias transformadoras, como a IA, exigem novas regras e enquadramentos legais. Assim, é preciso adotar esforços pró-ativos e autorregulatórios para preparar o caminho para novas leis que se anteveem no horizonte – e que são necessárias.
Por outro lado, os regulamentos em matéria de IA devem centrar-se não apenas nas aplicações de maior risco e nos resultados, como também serem duradouros face às novas tecnologias e às expectativas de uma sociedade em constante mudança. Devem também ser interoperáveis e adaptativos, tal como a própria IA, para difundir os seus benefícios tão amplamente quanto possível.
Em segundo lugar, é de extrema importância que a IA contribua para aumentar a competitividade internacional e a segurança nacional. Vivemos num mundo fragmentado em que a superioridade tecnológica se demonstra essencial para garantir a posição de liderança em relação aos restantes países – infelizmente, temos um cenário de guerra numa margem da Europa que tornou isto, senão mais claro, pelo menos mais presente para todos nós. Com as parcerias de empresas como a OpenAI e a Microsoft, ou a DeepMind e a Google, os Estados Unidos encontram-se numa posição privilegiada para manter a liderança tecnológica. Entretanto, outros países estão a investir cada vez mais nesta área, o que ajuda a expandir esta base para outras nações comprometidas com valores democráticos e, assim, garantir um futuro promissor e seguro para todos.
Em terceiro lugar, é importante que a IA sirva a sociedade em geral e não apenas um grupo restrito de pessoas. Precisamos de novas iniciativas para manter o ritmo, para que os trabalhadores sejam capacitados pela IA, os estudantes possam alcançar melhores resultados e os cidadãos e organizações possam aproveitar um crescimento económico justo e inclusivo.
Os grupos mais vulneráveis, incluindo as crianças, necessitarão de mais apoio do que nunca para prosperar num mundo impulsionado pela IA. É, por isso, fundamental que a indústria de tecnologia assuma a responsabilidade de educar os utilizadores sobre as capacidades e limitações da IA, bem como os potenciais benefícios e riscos. Tal passa por garantir que os dados utilizados para treinar modelos de IA sejam éticos e representativos, de forma a evitar a perpetuação de preconceitos e discriminação.
À medida que a IA se torna mais sofisticada e cada vez mais presente nas nossas vidas, a necessidade de garantir que é utilizada de forma responsável aumenta. Para tal, é necessária a colaboração entre diferentes áreas, incluindo a tecnologia, a ética, a privacidade, a segurança e a legislação. Esta colaboração deve ser contínua e aprofundada, no intuito de apoiar a criação de soluções que atendam às necessidades de todas as partes envolvidas, garantindo a transparência, responsabilidade e ética na utilização da IA.
Em fevereiro, a Microsoft lançou uma nova versão do motor de pesquisa Bing e navegador Edge, impulsionados por IA, no qual se aliam pesquisa, navegação e chat numa única experiência, potenciando melhores ambientes de pesquisa, respostas mais abrangentes e capacidade de gerar mais conteúdo. Por assumirmos a importância da IA responsável, desenvolvemos estas soluções em conformidade com os nossos Princípios de IA Responsável e com o nosso Responsible AI Standard, em conjunto com as nossas equipas de Responsabilidade em IA, Engenharia, Microsoft Research e Aether.
A construção de uma base sólida para uma IA responsável requer um compromisso conjunto de todos os intervenientes da sociedade. Ao abraçarmos estes princípios e trabalharmos em conjunto, estamos mais próximos de garantir que a IA é utilizada para o bem comum e que os benefícios desta tecnologia são distribuídos de forma justa e equitativa.
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