Por uma política de imigração responsável
É necessário ser frontal e seleccionar a imigração: uma imigração responsável é uma imigração controlada, com limitações à entrada e humanismo no acolhimento.
A imigração é um tema que se presta a muita demagogia e populismo, mas não se pense que esta postura vem apenas da parte dos “exclusivistas” que querem proibir a imigração e fechar a sociedade. Esses já são criticados diariamente nas redes e na comunicação social.
Ao contrário do que o senso comum nos diz, o que predomina sobre a imigração é a hipocrisia dos “inclusivistas” que defendem a liberalização da entrada de imigrantes em nome de práticas que dizem ser inclusivas. Os acontecimentos em França são uma prova disso e realçam a necessidade de abordar o tema de uma forma responsável e não demagógica.
O activismo “inclusivista” levou há muitos anos a que uma parte da sociedade francesa adoptasse uma postura leviana em que a imigração era considerada um não-assunto. Quanto mais imigrantes desrespeitavam a lei e quanto mais áreas de França estavam fechadas ao exterior e definiam as suas próprias regras, mais o activismo “inclusivista” gritava por “integração”. O que França está a mostrar é que o preço da leviandade se tornou insuportável.
Em Portugal estamos a seguir o mesmo caminho de irresponsabilidade. Os activistas do “inclusivismo” querem mais imigração para contrariar a estagnação da sociedade porque a população está a envelhecer e em risco de diminuir, a natalidade é baixa (em 12 anos a população diminuiu 316 mil pessoas por haver mais mortes do que nascimentos), a Segurança Social é insustentável e é necessário haver quem pague as futuras reformas.
Esta visão idílica e utilitarista “finge” que a imigração só tem um impacto positivo sobre as sociedades, esquecendo que os imigrantes podem fazer baixar salários, dificultar o acesso a serviços de saúde e outros, e trazer consigo problemas sociais que levam a instabilidade e ao desrespeito da lei.
Esta visão idílica e utilitarista “finge” que a imigração só tem um impacto positivo sobre as sociedades, esquecendo que os imigrantes podem fazer baixar salários, dificultar o acesso a serviços de saúde e outros, e trazer consigo problemas sociais que levam a instabilidade e ao desrespeito da lei. Suécia, Finlândia ou Dinamarca ignoraram estes riscos no passado, mas aprenderam com o erro de “escancarar portas” a pessoas indesejáveis e estão a adoptar políticas responsáveis de imigração. A cooperação a nível da UE deveria partir desta base, mas infelizmente não é isso que sucede e o que está a prevalecer são países como França, Bélgica ou Alemanha (e Portugal de mão estendida) que não aprendem com os erros no acolhimento.
Imigração responsável
A imigração é um tema importante porque afecta directamente a vida das pessoas. Mas há falta de coragem para defender e implementar uma política sensata, que distinga imigrantes de refugiados políticos, que aposte na natalidade e recuse a imigração descontrolada, que promova as condições de vida dos jovens em vez de privilegiar os benefícios dos imigrantes, que dê prioridade à segurança pública e não a excepções que isentem os criminosos, e que privilegie a imigração qualificada e que vem para trabalhar e expulse os que desrespeitam a lei.
Em Portugal passou a ser um perigo ir a algumas praias pelas cenas de pancadaria entre “pseudo-gangs”, pelos assaltos e por outras práticas criminosas importadas do exterior. Os imigrantes não são necessariamente mais criminosos do que os portugueses, mas os que desprezam o nosso modo de vida, os nossos valores ou nos fazem sentir reféns dentro da nossa casa não devem ser bem-vindos. É necessário ser frontal e seleccionar a imigração: uma imigração responsável é uma imigração controlada, com limitações à entrada.
Os problemas no nosso país ainda não se avolumaram como em França porque a aposta do socialismo em manter-nos relativamente pobres garante que os imigrantes preferem ir para outros sítios com melhores condições de vida e maiores oportunidades. Basta pensar nos sírios a quem foi disponibilizada casa em Portugal e que se foram embora assim que conseguiram.
Os problemas no nosso país ainda não se avolumaram como em França porque a aposta do socialismo em manter-nos relativamente pobres garante que os imigrantes preferem ir para outros sítios com melhores condições de vida e maiores oportunidades.
Nos últimos 12 anos vieram residir para Portugal 645 mil estrangeiros e muitos deverão ter estado entre os 451 mil que só vieram de passagem e emigraram no mesmo período em busca de melhores condições de vida. Mas a implementação de políticas de imigração responsáveis noutros países irá limitar essa lógica de “passagem” e aumentar o risco de repetição dos erros que outros cometem há algumas décadas.
Portugal deve receber bem os imigrantes, mas deve recebê-los num número que seja comportável para a sociedade e não pelo liberalismo bacoco que é advogado pela esquerda radical do bloco e pela esquerda teórica da Iniciativa Liberal e de alguns sectores do PSD.
É bom recordar que Portugal sempre foi um país em que as pessoas foram para fora pelo menos desde o século XV, e por isso é comum encontrar uma ligação a Portugal em qualquer ponto do Mundo, e que recebeu pessoas de outras regiões, quer navegadores, comerciantes ou escravos nos séculos mais distantes, portugueses retornados das colónias nos anos 1970 ou agora trabalhadores e pessoas abastadas da Europa, EUA, Brasil, África, Ásia e de outros locais.
Quando falamos de imigração e de emigração, falamos em primeiro lugar de pessoas. E nos valores cristãos que predominam na nossa sociedade, mesmo quando apresentados de uma forma “envergonhada” sob uma capa secularista, as pessoas devem ser respeitadas enquanto seres humanos. Deve ser essa a educação das nossas famílias e das nossas escolas e colégios.
O humanismo personalista cristão defende uma imigração que venha para fazer parte da sociedade. Isso significa acolher os que chegam, no respeito pela sua dignidade humana. Mas o humanismo não deve ser confundido com portas escancaradas e cedências alargadas como muitas vezes é apresentado. A regra deve ser rigor na entrada e humanismo no acolhimento.
Consequências do activismo “inclusivista”
França mostra ainda como a irresponsabilidade do activismo “inclusivista” explica a subida da extrema-direita. Os países europeus já tinham o problema da extrema-esquerda. A partir do momento em que o centro-esquerda liberal passou a apoiar as bizarrias da extrema-esquerda na promoção do “inclusivismo”, e ignorou a necessidade de dar resposta às preocupações concretas da população, foram lançadas as sementes para o renascimento da extrema-direita.
Mas o crescimento da extrema-direita não é o mais grave na Europa. Já vivemos há muitos anos com extrema-esquerda que apoia ditaduras e grupos terroristas, e que inclui assassinos nas listas de candidatos. O que é mais grave é que ao aliarem-se explicitamente com a extrema-esquerda contra a extrema-direita, os políticos do centro-esquerda liberal criaram uma base para que os extremos se alimentem mutuamente no seu crescimento.
A partir do momento em que o centro-esquerda liberal passou a apoiar as bizarrias da extrema-esquerda na promoção do “inclusivismo”, e ignorou a necessidade de dar resposta às preocupações concretas da população, foram lançadas as sementes para o renascimento da extrema-direita.
Os dois grupos não hesitam em manipular falsos valores e princípios de “nacionalismo”, de “integração” ou de “minorias”, de acordo com as suas conveniências políticas e discursivas. Por aqui se pode ver que tanto os “exclusivistas” que afirmam que Portugal está a ser “invadido” por imigrantes, como os “inclusivistas”, que acusam o país de ser “xenófobo” e “racista”, apenas querem manipular os sentimentos dos portugueses, colocando uns contra os outros de forma a beneficiarem politicamente.
É isto que se observa em França, com a extrema-esquerda a manipular os amotinados na tentativa de “fazer a revolução” e políticos e imprensa activista a acusarem a extrema-direita de causar os motins e a defenderem os criminosos por serem de “famílias desestruturadas” (a SIC foi um exemplo do sectarismo com que alguma comunicação social aborda estes temas).
O que França mostra é que os políticos do centro-esquerda que se aliaram aos extremistas no activismo “inclusivista” e deitaram fora as políticas sensatas e a resposta aos problemas das populações são os grandes responsáveis pela crescente polarização das sociedades na Europa.
A posição “inclusivista” revela hipocrisia não apenas por negar os problemas da imigração, invocando “desvantagens” económicas e sociais para desculpar toda a violência e ilegalidade, mas também porque assenta em preconceitos sobre temas importantes para as pessoas.
São os activistas do “inclusivismo” que atacam a família por preconceito ideológico contra a existência de uma célula base da sociedade assente historicamente em valores religiosos.
São os activistas do “inclusivismo” que criticam as políticas da natalidade e que promovem, porque “fica bem”, os modernos “agregados” mono, bi e tri parental que não podem procriar.
São os activistas do “inclusivismo” que por preconceitos ambientalistas preferem a redução da população e vêem cada bébé como mais um contributo para as “catástrofes” do aquecimento global e do esgotamento dos recursos.
São os activistas do “inclusivismo” que defendem a imigração descontrolada e preferem ignorar a criminalidade ou a ilegalidade e defender o encerramento do Serviço de Estrangeiros e Fronteira porque “já não é preciso”.
São os activistas do “inclusivismo” que querem conceder a nacionalidade portuguesa a qualquer um que venha para o país, e que, perante a impossibilidade de os expulsar, culpam as forças de segurança quando as coisas não correm bem.
São os activistas do “inclusivismo” que desvalorizam a aposta nos cuidados paliativos e preferem a solução da eutanásia porque simplifica a vida de quem tem de estar com os doentes e “alivia” a vida dos próprios doentes. Chamam-lhe uma política de soma positiva.
São os activistas do “inclusivismo” que negam a autonomia das famílias e preferem maiores impostos para lidar com a insustentabilidade da Segurança Social.
São os activistas do “inclusivismo” que por preconceito contra a iniciativa privada bloqueiam a construção de casas e culpam os residentes – como no alojamento local – pela falta das mesmas casas cuja construção recusam ou se mostram incapazes de promover.
São os activistas do “inclusivismo” que por preconceito contra o conhecimento proíbem as espécies alimentares geneticamente modificadas e rejubilam se a modificação genética servir para mudar a cor dos olhos ou o sexo dos menores.
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