“Não é com um salário de 1.070 euros que vamos convencer os jovens a ficar cá”, avisa ministra

A valorização dos salários é a "única forma crítica de reter jovens no mercado de trabalho", defendeu a ministra do Trabalho, durante o "Pacto Mais e Melhores Empregos", assinado por 101 empresas.

“O salário médio dos jovens aumentou 44% desde 2015. É melhor do que a subida global de 16% do salário médio, mas é uma subida para 1.070 euros. Não é com 1.070 euros que vamos dar a mensagem que devem ficar cá a trabalhar”, diz Ana Mendes Godinho, ministra do Trabalho, durante a apresentação do “Pacto Mais e Melhores Empregos”, promovido pela Fundação José Neves, onde 101 de empresas se comprometem a aumentar em 14% a contratação jovem até 2026.

“O recurso mais disputado no mundo é o talento”, sendo a valorização dos salários a “única forma crítica de reter jovens no mercado de trabalho”, defendeu a ministra do Trabalho, destacando o papel do Acordo de Rendimentos fechado com os parceiros da Concertação Social, no âmbito da Agenda do Trabalho Digno. E o mesmo defendeu Miguel Fontes, secretário de Estado do Trabalho. “Temos de distribuir melhor a muita ou pouca riqueza que geramos”, há que “fazer subir o peso dos salários”, valorizando “de forma consequente” os trabalhadores, argumentou perante os representantes das mais de 100 empresas nacionais que firmaram o Pacto para a promoção da contratação de jovens até 29 anos, bem como de aumentar o peso de contratos sem termo junto desta faixa etária.

Em maio, a taxa de desemprego jovem (18,6%) em Portugal era três vezes superior à registada entre os adultos (5,5%) e superior à média europeia (13,9%).

Carlos Oliveira, presidente da Fundação José Neves, recorda ainda números que traçam um retrato desta realidade nacional: 22% dos jovens que terminaram um ciclo de ensino estão desempregados há três anos; 22% dos jovens com ensino superior exercem funções que não são adequadas ao seu nível de ensino; no ano passado os jovens com ensino superior registaram uma queda de 6% dos seus salários reais. E a diferença salarial entre um jovem com ensino superior e com o ensino secundário caiu 27% só num ano. Jovens portugueses ganham 55% do salário médio de um jovem europeu.

“Temos muito talento que perdemos”, alertou José Neves, CEO da Farfetch. “É bom que o intercâmbio (de talento entre países) aconteça, mas é bom que aconteça porque os jovens o queiram e não por falta de oportunidades no país”, disse ainda. “Esperamos que (o Pacto) seja uma mudança real para a vida dos jovens”, reforçou.

Compromissos do Pacto

Mais 51 empresas juntaram-se ao Pacto, elevando para 101, o número de organizações – que, em conjunto, representam cerca de 76 mil milhões de euros de receitas, mais de 260 mil empregos, dos quais cerca de 46 mil jovens – que se comprometem, até 2026, a aumentar a contratação de jovens até 29 anos, bem como a qualidade do emprego, reduzindo a precariedade.

Carlos Oliveira dá conta do ponto de partida. Das contratações feitas no ano passado pelas 101 empresas, 43% foram jovens; 75% dos jovens permaneceram na empresa mais de dois anos; 67% dos jovens têm contrato a termo; 48% são jovens qualificados com salário adequado (1.320 euros) e 85% dos jovens estão em funções adequadas à sua formação.

Daqui a três anos, de forma agregada, o objetivo é aumentar em 14% o volume de jovens contratados; em 7% o número de jovens que permanecem nas empresas dois anos consecutivos; em 10% os jovens com contrato sem termo; em 7% os com ensino superior com salários acima de 1.320 euros e, por fim, em 3% os jovens com ensino superior a trabalhar em funções adequadas ao seu nível de escolaridade.

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