CPI à TAP “desiludiu quem a queria reduzir a uma comissão política”, diz Lacerda Sales

O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito à TAP, António Lacerda Sales, considera que ficou demostrado que a "TAP não pode estar dependente de estados de alma e ciclos políticos".

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) à TAP voltou esta quarta-feira ao Parlamento para a apreciação no plenário. O presidente, António Lacerda Sales, afirmou que a CPI “desiludiu quem a queria reduzir a uma comissão política”, respondendo às críticas de instrumentalização pelo Governo.

Para o deputado socialista, ficou demonstrado que a “TAP não pode estar dependente de estados de alma e ciclos políticos”, defendo a utilidade da CPI: “Valerá sempre a pena quando está em causa o esclarecimento de quem nos elege”.

António Lacerda Sales considerou que a CPI “desiludiu quem a quer reduzir a uma comissão política” e, “com as suas dificuldades honrou o parlamento e valorizou a democracia“. “Para a história ficou um relatório final que deve ser objeto de análise. A CPI encerrou. A TAP não. É tempo de virar a página, aprender com os erros”, concluiu.

O relatório final da CPI foi aprovado na semana passada apenas com os votos do PS e debaixo de um coro de críticas da oposição, que se voltaram a ouvir esta tarde.

O PSD fez a defesa da privatização em 2015 do Governo PSD-CDS e atribui à recompra de 50% do capital da TAP pelo Estado em 2016, já com António Costa, a responsabilidade pela injeção de capital de 3,6 mil milhões de euros que teve de ser feita quatro anos depois. “O PS é o responsável por uma compra ruinosa, sem ter humildade de reconhecer que errou em toda a linha”, atirou Paulo Moniz.

“O PS conseguiu reconstruir completamente a verdade da CPI”, acusou André Ventura, considerando que o relatório final “não tira apenas dignidade comissão, tira dignidade ao Parlamento”. “Este é o relatório de António Costa sobre a TAP”, atirou.

A Iniciativa Liberal assinalou a ausência do deputado Pedro Nuno Santos no debate acerca do relatório sobre a conduta do ministro Pedro Nuno Santos. “Todos os portugueses viram uma CPI e o PS viu outra com os seus óculos cor-de-rosa”, disparou Bernardo Blanco.

Bruno Dias, do PCP, defendeu que “o relatório deveria concluir mas não conclui que é preciso reverter de forma imediata todos os roubos aos trabalhadores e reconstruir a capacidade instalada”. Embora pudesse “ter ido mais longe”, nomeadamente na rejeição da privatização, “valeu a pena”.

Rui Tavares do Livre e Inês Sousa Real voltaram a criticar o facto de terem ficado fora da CPI, condenando ambos o “branqueamento” feito no relatório. “Toda a responsabilidade política na assimetria entre administração e trabalhadores da TAP e o branqueamento da privatização da TAP que será danosa para o país”, apontou o deputado do Livre. “É um trabalho e branqueamento das responsabilidades do Governo neste dossiê”, disse Inês Sousa Real.

Bruno Aragão, do PS, citou Fernando Pessoa: “Os factos são coisas duvidosas e contra argumentos não há factos. Contra argumentos não houve factos, é a grande história desta CPI“. O deputado considerou que a votação do relatório final é um “exemplo do rolo compressor da minoria. Em 79 conclusões, o PS votou isoladamente 18. Como é fácil transformar uma CPI no objetivo que se pretende: ser uma comissão política de ataque do Governo“.

“Contra argumentos não há factos, porque o PS escondeu os factos do relatório”, acusou Pedro Filipe Soares, dando como exemplo a audição do ministro das Infraestruturas, João Galamba, que não está no documento. “Agora que a companhia está a dar lucro porque está sobrecapitalizada e foi cortado o custos dos trabalhadores o Governo quer vendê-la aos privados”, criticou.

Ana Paula Bernardo, responsável pelo relatório, defendeu que as “conclusões foram honestamente extraídas de toda a prova” a que a CPI teve acesso e que a comissão permitiu “recuperar a confiança sobre a gestão da TAP, recuperar a TAP”.

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