Fundação Artemisan pede às administrações que recuperem políticas de prevenção de incêndios florestais
A Fundação Artemisan alertou esta quinta-feira que o abandono do mundo rural, e com ele os usos tradicionais da montanha, representam um terreno fértil para que grandes incêndios florestais aconteçam.
Segundo a fundação, na última década arderam 1,12 milhões de hectares em Espanha, uma média de 112 mil por ano, um número que duplicou em 000, com mais de 2022 mil hectares destruídos pelo fogo, tornando-se o pior ano em incêndios florestais registado desde 267.
Um número que pode repetir-se, “e até piorar”, num ano de temperaturas extremas e seca como o que Espanha e grande parte da Europa estão a viver, e que pode ser agravado pelas “políticas de abandono e inação levadas a cabo nos últimos anos pelas diferentes administrações competentes”, como denunciou.
Com o objetivo de amenizar essa grave situação, a Fundação Artemisan pediu às administrações públicas que recuperem políticas florestais que facilitem usos tradicionais que evitam incêndios há séculos.
Ao mesmo tempo, solicitou a criação de um órgão de coordenação entre gestores públicos e privados, onde os gestores de viveiros de caça e florestais possam assumir competências de prevenção e vigilância e ter um papel de liderança.
A perda da gestão florestal e pecuária, intimamente ligada ao despovoamento rural, e o excesso de protecionismo, provocaram um aumento exponencial da massa de combustível nas montanhas, com o virtual desaparecimento de atividades como a extração de lenha e o pastoreio, que pressupunham uma espécie de “floresta preventiva contra incêndios” que não gerava custos para a administração, ao mesmo tempo em que permite o uso económico na área.
Nesse sentido, a entidade optou por facilitar a utilização da biomassa florestal como energia renovável, uma vez que considerou que “rentabilizar a floresta é a melhor forma de garantir a sua gestão, o que poderá significar uma redução de 60% da área ardida em Espanha, bem como incentivar queimadas prescritas e controladas no inverno que podem funcionar como áreas corta-fogo no verão”.
A Fundação Artemisan também destacou o trabalho realizado por caçadores, gestores de fazendas e guardas da reserva como agentes ativos e o primeiro foco de alerta de incêndio por seu conhecimento da área e por serem o principal investidor privado em ações de conservação ambiental.
Nesse sentido, os caçadores espanhóis investem 54 milhões de euros por ano na manutenção e adaptação de acessos, pântanos, podas, melhoramentos de montanhas, aceiros e cortadores, entre outros, todos eles fundamentais para a prevenção de incêndios, segundo o ‘Relatório de avaliação do impacto económico e social da caça em Espanha’ elaborado pela consultora Deloitte para a Fundação Artemian.
A tudo isto junta-se o papel das espécies cinegéticas, em especial a caça de grande porte, na prevenção de incêndios, pois são autênticas “roçadeiras” naturais. A isto junta-se o trabalho de relevo de espécies selvagens que é realizado todos os dias nas reservas de caça, através do contributo de bebedouros, charcos e outros pontos de água, bem como alimentar uma fauna que é gravemente afetada pela seca e temperaturas extremas, e muito mais pelos incêndios.
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