Cerca de 115 mil manifestantes saem à rua no Dia da Catalunha
Apesar do protagonismo dos partidos independentistas, todas estas formações perderam votos e deputados, em favor dos socialistas, que ganharam mesmo as eleições de 23 de julho na Catalunha.
A manifestação desta do Dia Nacional da Catalunha (Diada) em Barcelona, associada à reivindicação da independência da região, contou com cerca de 115 mil pessoas, a menor mobilização em mais de dez anos, segundo dados da polícia municipal. A manifestação da Diada de 2022 teve 150 mil participantes e segundo a Guarda Urbana de Barcelona essa já tinha sido a menor mobilização em dez anos (excetuando os da pandemia).
A Assembleia Nacional Catalã, a entidade da sociedade civil que promove as manifestações da Diada, estimou em 800 mil os participantes na manifestação desta segunda-feira, mais 100 mil do que aqueles que calculou em 2022. Os catalães celebraram esta segunda-feira nas ruas o dia da Catalunha, desde há décadas uma jornada de reivindicação da independência, mas que perdeu poder de mobilização nos últimos anos, após a tentativa falhada de autodeterminação de 2017.
Entre 2012 e 2018, as manifestações da Diada mobilizaram centenas de milhares de pessoas e em alguns anos a participação chegou a ser superior a um milhão, de acordo com as diversas fontes. Este ano, a Diada coincide com a formação do novo governo de Espanha, na sequência das eleições de 23 julho, que deram um papel determinante aos partidos independentistas catalães e bascos, por depender deles a recondução no cargo de primeiro-ministro do socialista Pedro Sánchez.
Apesar do protagonismo dos partidos independentistas, todas estas formações perderam votos e deputados, em favor dos socialistas, que ganharam mesmo as eleições de 23 de julho na Catalunha. Os dois grandes partidos independentistas catalães, a Esquerda Republicana da Catalunha (ERC) e o Juntos pela Catalunha (JxCat), que elegeram sete deputados cada nas eleições espanholas, já manifestaram disponibilidade para negociar a recondução de Pedro Sánchez como primeiro-ministro.
ERC e JxCat pedem uma amnistia para independentistas acusados e condenados pela justiça por causa da tentativa de autodeterminação de 2017 e querem que a possibilidade de um referendo sobre a independência faça parte dos acordos que eventualmente forem fechados com os socialistas.
Na última legislatura espanhola, a ERC já viabilizou o governo de Sánchez e negociou com os socialistas um indulto para os independentistas que estavam na prisão e a eliminação do crime de sedição do Código Penal. O JxCat votou contra a investidura de Sánchez e condenou o diálogo do executivo regional da ERC com o governo central.
A Assembleia Nacional Catalã pediu hoje aos dois partidos, no Dia da Nacional da Catalunha, para não esquecerem que o objetivo é a independência da região e não a viabilização da tomada de posse de Sánchez como primeiro-ministro ou “dar estabilidade ao Estado”.
No manifesto da Diada deste ano, a Assembleia Nacional Catalã admite mesmo apresentar uma “lista cívica” própria nas próximas eleições regionais, previstas para 2024, se a ERC e o JxCat não trabalharem com o objetivo de “tornar efetiva a independência”.
“Independência ou nada! Independência ou eleições”, disse a presidente da ANC, Dolors Feliu, no final da manifestação. Na manifestação deste ano estiveram tanto dirigentes da ERC como do JxCat, depois de em 2022 o presidente do governo regional, Pere Aragonès, da Esquerda Republicana, não ter participado, no auge de desentendimentos com o Juntos pela Catalunha e de críticas da Assembleia Nacional Catalã.
Um ano depois, os independentistas catalães, embora com troca de algumas acusações, voltaram hoje a sair juntos à rua, como tinha acontecido na década anterior.
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