Setor imobiliário defende um pacto de Estado na habitação para impulsionar o desenvolvimento de moradias acessíveis

  • Servimedia
  • 20 Outubro 2023

Esta tem sido uma das principais conclusões da segunda edição do Land Talks, um evento organizado pela Serviland e Asprima centrado no mercado de terrenos e gestão urbanística.

O evento, com 200 participantes, contou com a participação tanto do setor público quanto do privado, oferecendo uma visão completa de dois setores que, como destacou Borja Goday, presidente da Serviland, “muitas vezes são percebidos como antagonistas, mas que somente com sua colaboração podem abordar os desafios urbanos mais complexos.” A presidente da Asprima, Carolina Roca, enfatizou que “é crucial que os municípios e governos regionais assumam como objetivo prioritário o desenvolvimento urbanístico”.

Ernesto Tarazona, CEO da Serviland, conduziu a mesa com os principais representantes das principais empresas promotoras do país, onde todos concordaram que a falta de disponibilidade de terrenos, sem dúvida, prejudica o desenvolvimento das habitações. Borja Garcia-Egotxeaga, CEO da Neinor Homes, defendeu uma gestão anticíclica do mercado de terrenos, lembrando que “o início dos desenvolvimentos atuais remonta aos anos 90.”

Por sua vez, Alberto Prieto, diretor-geral da Coral Homes, destacou a importância de focar na fase final de execução. “A Coral Homes possui estruturas paradas que representariam 20.000 novas habitações, que não avançam devido à falta de predisposição da administração local e das empresas fornecedoras”, apontou.

A burocratização excessiva e a ampla regulamentação multinível que dificultam a atividade do setor também foram pontos de debate. Eduardo Fernández-Cuesta Luca de Tena, sócio da Arcano Partners Real Estate, enfatizou a necessidade de um pacto nacional para promover a habitação acessível, uma mensagem apoiada pelos demais participantes. Patricia Hernández, CEO da Vía Ágora, apontou que “em março de 2023, foi publicada a criação do Accelerator de Investimentos da Comunidade de Madrid, que tem como objetivo agilizar projetos de investimento de interesse. O desenvolvimento urbanístico deveria levar isso em consideração”.

As empresas promotoras concordam que a Espanha gera interesse do investidor, mas, como apontou David Martínez Montero, CEO da AEDAS Homes, “devemos criar um ambiente de previsibilidade e confiabilidade na gestão de terrenos para estimular os investidores a realizar projetos de habitação acessível”.

COLABORAÇÃO PÚBLICO-PRIVADA

Na parte institucional, foi discutido quais alavancas ativar desde a administração pública para oferecer soluções para o problema da habitação. Borja Carabante, Delegado da Área de Governo de Urbanismo, Meio Ambiente e Mobilidade da Câmara de Madrid, expôs o caso de Madrid com uma clara aposta em abrir caminhos que incentivem a colaboração público-privada e destacou que a agilização de prazos e a simplificação de processos são objetivos-chave no novo Plano Geral de Ordenamento Urbano de Madrid.

Por sua vez, Juan Giner, vereador de Urbanismo, Habitação e Licenciamento da Câmara de Valência, detalhou algumas das medidas que vêm adotando desde que assumiu a secretaria para agilizar o trâmite de licenças e ofereceu uma visão abrangente sobre as iniciativas que estão impulsionando a curto, médio e longo prazo.

Víctor Serrano, conselheiro de Urbanismo, Infraestrutura, Energia e Habitação da Câmara de Saragoça, afirmou que “Aragão e Saragoça têm um grande potencial no urbanismo e na energia”, portanto, concentrou as necessidades em traçar estratégias para o desenvolvimento de terrenos industriais e usos energéticos, que devem ser regulamentados.

A visão estatal foi fornecida por Fco. Javier Martín Ramiro, diretor-geral de Habitação e Terras do MITMA, que detalhou que o desafio atual não é mais coincidir em modelos e ferramentas, mas sim em “ganhar velocidade” para conseguir responder ao problema da habitação de forma ágil e atender às necessidades do momento.

MADRID

Fernando Moliner, vice-presidente da Asprima, apresentou o relatório ‘Evolução da situação urbanística dos desenvolvimentos na Comunidade Autónoma de Madrid’, destacando que entre 2021-2031 há disponibilidade de 92 milhões de metros quadrados de terrenos finalistas para oferecer 140.402 habitações na Comunidade de Madrid, das quais 47,7% terão algum tipo de proteção pública.

Apesar das grandes magnitudes e da situação “invejável” da região, Moliner destacou que a densidade resultante é baixa e que é necessário aumentar a produção de habitações para atender às necessidades do mercado.

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