Os factos e o discurso em Portugal

O governo continua com o erro “keynesiano” de gastar cada vez mais sem pensar para quê (o orçamento para 2024 aumenta a despesa em 10%), enquanto nos é inculcada a ideia do “pleno emprego”.

Uma das frases enganadoras que mais ressoou nas discussões do Orçamento de Estado foi que os governos socialistas já teriam criado um milhão de empregos. Na verdade, a frase é tão falsa como outras proferidas regularmente para serem reproduzidas acriticamente.

Não é só a subida de impostos que é apresentada como uma descida, como nos combustíveis, nos bens alimentares, nos carros anteriores a 2007, na cerveja, no tabaco ou nas casas, mas é também a “emigração da geração mais bem preparada de sempre” que socialistas brandiam de dedo em riste no tempo da “troika” e que agora se concretiza durante os seus governos.

Estas frases não possuem qualquer rigor nem procuram transmitir qualquer facto ou qualquer informação útil para os portugueses. Destinam-se apenas a lançar confusão junto da opinião publica de forma que, ao esconder a verdade, beneficie o governo e o Partido Socialista.

A doutrina socialista sempre se baseou no estrangulamento da verdade, e isso vê-se desde a revolução francesa até à primeira república em Portugal e ao socialismo totalitário da União Soviética, China, Coreia do Norte, Camboja, Vietname, Venezuela, Cuba e outros países latino-americanos e africanos, pois essa é a forma usada para alimentar a fé dos seguidores.

A criação de empregos é apenas mais uma ilusão. Os empregos gerados pelo socialismo desde 2015 foi de 100 mil, que corresponde à subida no número de funcionários públicos. A fundamentação para este aumento foi a necessidade de melhorar os serviços públicos, mas os seus efeitos são reais: maior despesa no funcionamento do Estado, um brutal aumento de impostos para a cobrir, piores serviços públicos na saúde e na educação, elevado nível de pobreza, mais insegurança nas ruas, mais atrasos nos tribunais, maior carência na defesa, falta de habitação, famílias em tendas e professores em roulottes. Em suma, uma vida pior para os portugueses pois têm menos rendimento e perdem acesso a serviços de qualidade.

A esta realidade os socialistas contrapõem que o governo PSD-CDS apenas destruiu emprego e criou desemprego, e que a situação mudou quando chegaram ao poder. Nada mais falso. Quem destruiu emprego e criou desemprego foram os socialistas quando colocaram o Estado português em bancarrota. E quem mudou a situação e criou as condições para que o emprego crescesse e o desemprego diminuísse foi o governo PSD-CDS a partir de 2011.

A tabela mostra o que aconteceu ao emprego e ao desemprego em períodos de governação PSD-CDS (a azul) e socialista (a encarnado). A crise financeira de 2008 surgiu quando Portugal não estava preparado pois o endividamento externo crescia ao ritmo da irresponsabilidade socialista de quase 10% do PIB ao ano (aproximadamente 10 mil milhões € em cada ano).

Apesar do elevado nível de endividamento, os socialistas entraram em negação e resolveram gastar dinheiro que o Estado já não tinha, “despejando-o” sobre a crise em nome da ilusão “keynesiana”, aumentando ainda mais a dívida e colocando em causa o pagamento de pensões e de salários. Até que em 2011 a situação rebentou porque o endividamento se tornou insustentável e países como Portugal que gastaram muito em anos anteriores sofreram um choque e perderam o acesso a financiamento, a chamada crise das dividas soberanas.

A política irresponsável seguida pelo Dr. Teixeira dos Santos levou ao desaparecimento de 229 mil empregos todos os anos – o emprego na economia portuguesa baixou de 5,1 para 4,4 milhões entre 2008 e 2011 – e 90 mil pessoas foram anualmente para o desemprego (as restantes emigraram ou desistiram de trabalhar). O erro “keynesiano” levou ao desperdício de dinheiro e ao agravamento da dívida, e ficou associado à destruição de emprego num nível que há muito não era visto em Portugal.

Perante o caos que criaram, os socialistas trouxeram a “troika” para o nosso país (sem nunca reconhecer os problemas que causaram e a incapacidade de os resolver). O emprego continuou a baixar e o desemprego a aumentar até 2013, mas agora a uma velocidade menor. Nesse ano, os efeitos nefastos da incompetência socialista atingiram o seu apogeu, registando-se a perda de quase 1 milhão de empregos desde 2008 (de 5,11 milhões para 4,14 milhões).

Os mesmos socialistas que dizem agora que criaram um milhão de empregos foram os que na altura “fizeram” desaparecer um milhão de postos de trabalho da economia portuguesa. Numa população de cinco milhões de pessoas em idade de trabalhar é preciso ser muito incompetente para se conseguir tantas famílias a passar sérias dificuldades.

A pandemia foi apenas um intervalo no regresso à realidade dos erros socialistas. Não foi uma crise com a gravidade das outras porque o problema não era a falta de dinheiro causada pelo excessivo endividamento, mas a impossibilidade de o gastar pelo confinamento forçado. Quando acabou o confinamento, as pessoas puderam gastar o dinheiro que pouparam durante a pandemia e isso explica a recuperação económica em 2021 e em 2022.

Ricardo Pinheiro Alves

Felizmente as medidas da “troika” e as reformas realizadas pelos governos PSD-CDS na economia, no mercado de trabalho, na justiça, na burocracia e em muitas outras áreas conseguiram inverter o descalabro a partir de 2013. Foram criados mais de 100 mil empregos por ano até 2015 e reduzido o mesmo número de desempregados.

Após 2015, o regresso das políticas socialistas limitou a recuperação ao cortar o investimento e aumentar a despesa não produtiva para comprar votos, desaproveitando o benefício das reformas realizadas, da melhor conjuntura internacional e do “doping” de taxas de juro negativas, que reduziu os encargos com a divida.

A pandemia foi apenas um intervalo no regresso à realidade dos erros socialistas. Não foi uma crise com a gravidade das outras porque o problema não era a falta de dinheiro causada pelo excessivo endividamento, mas a impossibilidade de o gastar pelo confinamento forçado. Quando acabou o confinamento, as pessoas puderam gastar o dinheiro que pouparam durante a pandemia e isso explica a recuperação económica em 2021 e em 2022.

Agora, os portugueses voltam a defrontar-se com a dura realidade da incompetência socialista. O governo continua com o erro “keynesiano” de gastar cada vez mais sem pensar para quê (o orçamento para 2024 aumenta a despesa em 10%), enquanto nos é inculcada a ideia do “pleno emprego”, um conceito enganador, mas que é anunciado como se fosse muito bom.

O “pleno emprego” em Portugal significa que quase um milhões de trabalhadores (18% da população activa) está desempregado ou não trabalha as horas que quer, e que a taxa de desemprego jovem é de 20%. Significa também que o número de trabalhadores em lay-off (com redução de horário ou sem trabalhar) é cada vez maior, os que estão inscritos nos centros de emprego estão a aumentar rapidamente (como confirmam os números publicados esta semana) e o número de insolvências de empresas cresce há seis meses seguidos, anunciando o agravamento do desemprego.

Em cima de tudo isto o governo resolve aumentar os impostos para que as pessoas ainda passem mais dificuldades. A verdade é que os factos mostram frequentemente o contrário do discurso e a experiência portuguesa é esclarecedora a esse respeito.

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