BRANDS' ECO Encontro Energia e Território debateu agenda do setor energético em Portugal
2ª edição do evento realizou-se a 10 de novembro, nas instalações da Universidade de Évora.
Organizado em parceria entre a E-REDES e a RNAE (Associação das Agências de Energia e Ambiente – Rede Nacional), o Encontro Energia e Território teve como principal objetivo discutir os temas atuais relacionados com o setor elétrico, sobretudo os desafios da transição energética em Portugal.
O dia começou com a participação de Teresa Pinheiro Alves (Departamento de Arquitetura da Universidade de Évora), Pedro Palma (CENSE) e Manuel Casquiço (ADENE), num painel moderado por Susana Camacho (RNAE) sob o tema “Eficiência na construção como forma de mitigação da pobreza energética”. Durante o debate houve consenso entre os intervenientes sobre a adoção de soluções energéticas adaptadas a cada cidade, a cada local, a cada rua e sobre a importância da literacia no combate à pobreza energética.
"A sensibilização e a ética são o caminho. A ADENE faz formação pelo país inteiro e muitas outras atividades, com particular enfoque nas escolas.”
"Existem alguns aspetos que diferenciam Portugal: a baixa eficiência do edificado, os preços elevados da energia e os baixos salários fazem com que milhões de pessoas se encontrem em pobreza energética no nosso país. ”
Os oradores salientaram também a chamada “pobreza energética escondida” e a vulnerabilidade no aquecimento e no arrefecimento. Quando questionados sobre se conseguem ou não antever um cenário de erradicação da pobreza energética, os palestrantes referiram ser “muito difícil, até porque a própria burocracia não ajuda”.
Seguiu-se o painel sob o tema “Comunidades e Energia”, no qual participaram Pedro Fonseca (E-REDES), Ana Rita Antunes (Coopérnico), Francisco Duarte (BrightCity) e Luís Fialho (POCITYF), com a moderação de Rui Pimenta (RNAE). Durante o debate, falou-se sobre a necessidade de trabalhar em rede no que diz respeito aos projetos de autoconsumo coletivo, para que sejam mais claros e transparentes, e destacou-se a falta de conhecimento como o principal entrave para a transição energética.
A tarde começou com a participação de Carlos Zorrinho, que também salientou a importância das sinergias e do trabalho em rede para o sucesso de Portugal em termos energéticos.
"É esta a linha de abordagem que pode fazer a diferença: considerar cada consumidor uma pessoa que tem a capacidade de fazer escolhas. As suas opções, cruzadas com as das empresas, podem fazer match. Este é o processo que, na área digital e na área da transição energética, eu defendo: sistemas distribuídos, sistemas participativos, em que as pessoas contam para decidir, escolher, pagar e viabilizar.”
Zorrinho destacou a forma como a União Europeia respondeu ao conflito entre a Rússia e a Ucrânia no que respeita à dependência energética dos 27 face ao governo de Moscovo: “A arma mais poderosa que a Rússia entendia que tinha quando invadiu a Ucrânia era a arma do corte de energia e a verdade é que a nossa resposta, da UE, foi muito forte: isso levou à aposta reforçada nas renováveis, às compras conjuntas, aos mercados alternativos, à aposta na eficiência e na inovação”.
Seguiu-se o painel sobre “Energia e Digitalização”, com a participação de Luís Tiago Ferreira (E-REDES) e Orlando Paraíba (ENA), que destacaram a importância do registo de dados para a elaboração de planos energéticos.
"Temos uma fonte de dados muito importante. Cabe à comunidade, às Universidades e às empresas transformar esses dados em mapas, em conhecimentos e em ações que impulsionem a transição energética.”
Orlando Paraíba, por seu lado, revelou que a ENA já está a receber dados da E-REDES e a “trabalhar com a própria AML e com o IPMA para receber dados ambientais de uma forma automatizada para poder avaliar o desempenho energético de um determinado edifício em função da sua envolvente climatérica”.
"Tem de se analisar o desempenho energético e não apenas o consumo de energia.”
No último painel do encontro, estiveram em debate os “Planos Municipais de Ação Climática”, com a participação de Inês Cândido Silva (E-REDES), Luís Silva (ADENE) e Rui Dinis (Agência de Energia Lisboa E-Nova). Os palestrantes consideraram imperativo haver uma abordagem que permita que os municípios saibam o que devem fazer em termos de planos energéticos e que existam recursos para coordenar esses mesmos processos. Foi também dado destaque às Renováveis, que não devem, de acordo com os intervenientes, ser “minimizadas”.
O “2º Encontro Energia e Território” terminou com a assinatura de dois protocolos. Um primeiro Protocolo de Colaboração Open Data entre a E-REDES e a Universidade de Évora, e um segundo Protocolo de Colaboração Open Data entre a E-REDES e a RNAE.
"Um exemplo paradigmático da relação entre a academia e o tecido empresarial, que permitirá agilizar todo o processo de acesso a dados Open Data e abrir caminho a novos trabalhos de inovação, permitindo novas investigações sobre dados.”
"É fundamental para o trabalho das Agências de Energia a disponibilização de informação sobre dados (consumos, mobilidade, rede elétrica, entre outros.”
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