Milei garante alinhamento com programa do FMI

  • Lusa
  • 21 Novembro 2023

O Presidente recém-eleito da Argentina Javier Milei adiantou que a sua equipa está a trabalhar "com as linhas de orientação" do FMl, com quem o país tem uma dívida de cerca de 42 mil milhões de euros.

O Presidente recém-eleito da Argentina Javier Milei adiantou que a sua equipa está a trabalhar “com as linhas de orientação” do Fundo Monetário Internacional, com quem o país tem uma dívida de cerca de 42 mil milhões de euros. “As nossas linhas de trabalho estão de acordo com as linhas do Fundo“, frisou Milei em entrevista à rádio Mitre, após a diretora geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, ter dado os parabéns ao presidente eleito através das redes sociais e ter manifestado vontade de trabalhar “em estreita colaboração” para desenvolver um plano que “garanta a estabilidade macroeconómica” do país.

A Argentina selou um acordo com o FMI em 2022 para refinanciar a dívida de 45 mil milhões de dólares (cerca de 41 mil milhões de euros) que o país sul-americano tinha contraído em 2018 e que, com juros acumulados, ronda agora os 46 mil milhões (cerca de 42 mil milhões de euros).

O programa de financiamento contempla o cumprimento de metas trimestrais — défice primário, reservas internacionais e emissão monetária para financiar o Tesouro — que a Argentina está a caminho de não cumprir no final deste ano. “O governo está a abandonar o acordo porque não cumpriu a meta fiscal”, lembrou Milei, já que até ao final de 2023 o défice primário previsto apontava para 1,9% do PIB e o Governo de Alberto Fernández vai deixá-lo em 2,9%, de acordo com o novo Presidente. Milei lembrou ainda que a Argentina se comprometeu a não utilizar o Banco Central como mecanismo de financiamento e acabou financiando o equivalente a 6% do PIB “direta e indiretamente” através da entidade monetária.

Considerado o programa de ajustamento do FMI como ‘morto’, o país deve corrigir o seu rumo “o mais rapidamente possível”, começando “com uma reforma do Estado, pondo as contas públicas em ordem muito rapidamente”, afirmou o presidente recém-eleito. “O ajustamento deve ser feito, inexoravelmente, a grande diferença é que ‘a casta’ fez com que as pessoas pagassem por isso, e nós faremos com que ‘a casta’ e os seus associados paguem por isso”, argumentou ainda, em referência à elite no poder em anos recentes.

Milei procurou tranquilizar sobre o destino dos setores de educação e saúde pública, lembrando que estes “não podem ser privatizados, porque são de responsabilidade das províncias”, sendo a Argentina um estado federal, denunciado ainda uma “campanha de medo” contra ele sobre este assunto. E reiterou que o seu programa de privatizações será de longo alcance: “Tudo o que puder estar nas mãos do setor privado estará”.

O governante deu como exemplo a gigante petrolífera YPF, nacionalizada em 2012 sob a presidência peronista de Cristina Kirchner, mas também meios de comunicação públicos como a agência oficial Telam e a televisão TVP, “que se tornaram um mecanismo de propaganda”, denunciou ainda. E reafirmou o seu desejo de eliminar definitivamente o Banco Central, através da ‘dolarização’ da economia. “A moeda será aquela que os argentinos escolherem livremente. Basicamente, estaremos a dolarizar para nos livrar-nos do Banco Central”; referiu, sem apresentar um cronograma. Moderando certas esperanças, bem como receios, o economista ultraliberal de 53 anos garantiu que não levantaria imediatamente os controlos cambiais, caso contrário resultaria numa hiperinflação.

O recém-eleito Presidente divulgou ainda que irá viajar “nos próximos dias” para os Estados Unidos — Miami e Nova Iorque — e depois para Israel, mas a título privado, antes de assumir o cargo.

Javier Milei, do partido La Libertad Avanza, ganhou no domingo com 55,69% (14,5 milhões de votos) dos votos contra 44,30% (11,5 milhões de votos) obtidos pelo ministro da Economia, Sergio Tomás Massa, após 76% de participação eleitoral.

A tomada de posse de Milei como Presidente da Argentina durante os próximos quatro anos está prevista para 10 de dezembro, sucedendo ao peronista Alberto Fernández.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Milei garante alinhamento com programa do FMI

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião