Lendário diplomata americano Henry Kissinger morre aos 100 anos
Figura incontornável da diplomacia mundial durante a Guerra Fria, Henry Kissinger, judeu nascido na Alemanha, dominou a política externa dos presidentes americanos Richard Nixon e Gerald Ford.
O ex-secretário de Estado norte-americano Henry Kissinger, figura incontornável da diplomacia mundial durante a Guerra Fria, morreu esta quarta-feira aos 100 anos, informou a sua organização em comunicado. Kissinger, que dominou a política externa dos presidentes Richard Nixon e Gerald Ford, “morreu hoje em sua casa em Connecticut”, adiantou a empresa de consultoria Kissinger Associates.
O lendário e controverso diplomata manteve-se ativo até ao fim da vida, apesar da idade avançada. Em julho, já com 100 anos, visitou a China, onde se encontrou com o Presidente do país, Xi Jinping. As opiniões do antigo diplomata sobre assuntos da atualidade, como a invasão da Ucrânia pela Rússia e os riscos da inteligência artificial, também têm sido frequentemente citados nos meios de comunicação social.
Kissinger nasceu em 27 de maio de 1923, em Fürth, na Alemanha, no seio de uma família judia que se mudou para Nova Iorque, fugida do nazismo. Recebeu o Prémio Nobel da Paz juntamente com o homólogo vietnamita Le Duc Thuo pelas negociações secretas para pôr fim à guerra do Vietname e normalizou as relações diplomáticas entre os Estados Unidos e a China durante a presidência de Richard Nixon (1969-1974).
No entanto, Kissinger será também recordado pelo apoio dado a ditaduras como as da Argentina, entre 1976 e 1983, aos últimos anos do regime de Francisco Franco, em Espanha, e ao golpe de Estado contra Salvador Allende, no Chile, em 1973. É, até à data, a única pessoa na história dos Estados Unidos que ocupou simultaneamente os cargos de secretário de Estado e de conselheiro de Segurança Nacional.
Bush e outros republicanos lamentam morte
O ex-Presidente norte-americano George W. Bush e outros políticos republicanos já lamentaram a morte do ex-secretário de Estado norte-americano Henry Kissinger, com 100 anos, na sua casa em Connecticut. O país perdeu “uma das vozes mais fiáveis e mais ouvidas na política externa”, sublinhou Bush em comunicado.
O facto de um homem como Kissinger, refugiado da Alemanha nazi, ter chegado a chefe da diplomacia norte-americana “demonstra a sua grandeza e a grandeza da América”, acrescentou. Na mensagem, o ex-governante agradeceu ao antigo chefe da diplomacia dos Estados Unidos os seus conselhos e a amizade.
O líder da Câmara dos Representantes no Congresso norte-americano, Mike Johnson, também elogiou o legado de Kissinger numa mensagem na rede social X (antigo Twitter), na qual se referiu ao ex-diplomata como “um estadista que dedicou a vida ao serviço dos Estados Unidos”.
O senador Lindsey Graham, por seu lado, destacou a “vida notável” de Kissinger, de origem judaica e que fugiu da Alemanha nazi com a família quando ainda era apenas um adolescente.
Outro senador republicano, Tim Scott, que até há pouco tempo era pré-candidato republicano às eleições presidenciais de 2024, afirmou na mesma rede social que poucos tiveram “um impacto tão consequente na política externa americana” como Kissinger.
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