Medidas tomadas evitaram “descontrolo total” do SNS, diz governante
"Portugal tem um problema com a utilização excessiva dos serviços de urgência", diz o secretário de Estado da Saúde, Ricardo Mestre.
O secretário de Estado da Saúde, Ricardo Mestre, disse esta terça-feira que as medidas estruturais e o trabalho em rede evitaram o temido “descontrolo total” do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
“Estão a ser tomadas medidas estruturais. Não assistimos ao descontrolo total do SNS. Aquilo que foi sendo referido não aconteceu. As pessoas continuaram a ter resposta e é assim que vamos continuar a trabalhar”, disse Ricardo Mestre aos jornalistas, no Porto, à margem da sessão “Modernização Tecnológica dos Hospitais do SNS”.
Vários hospitais do país enfrentam constrangimentos e encerramentos temporários de serviços após cerca de 2.500 médicos apresentarem escusa ao trabalho extraordinário para além das 150 horas anuais obrigatórias. Esta situação levou o diretor executivo do SNS a admitir em outubro que a situação poderia ser dramática em novembro.
“Estamos a fazer uma gestão permanente da resposta do SNS. O SNS trabalha em rede, é um sistema colaborativo em que as estruturas se ajudam mutuamente. O que importa é que os portugueses percebam que há uma rede que tem uma organização para lhes responder e que recorram a essa resposta na sua plenitude“, disse Ricardo Mestre. Confrontado com perguntas sobre a queda do número de atendimentos, Ricardo Mestre falou em “medidas no sentido certo”, evitando relacionar os números com a crise no SNS.
“Portugal tem um problema com a utilização excessiva dos serviços de urgência e muita utilização tem a ver com níveis de gravidade mais baixos que podiam ser vistos numa outra área do SNS, como a linha Saúde 24 ou os cuidados de saúde primários”, recordou o secretário de Estado. Para o governante, “quando a redução é feita nos níveis de gravidade mais baixa, como acontece”, trata-se de “uma medida no sentido certo”.
A Rádio Renascença noticiou na segunda-feira que os atendimentos nas urgências caíram 15% em novembro e 9% em outubro na comparação com 2022, ou seja menos 1.800 atendimentos por dia. Este período coincide com o momento após os médicos começarem a entregar escusas ao trabalho extraordinário além das 150 horas obrigatórias, em setembro.
Também confrontado com as declarações do bastonário da Ordem dos Médicos que, no final de novembro disse, em entrevista à Lusa, que há doentes a chegar em “situações extremas” aos hospitais, porque não estão a ir à urgência, “onde sabem que vão ter que esperar 12 horas para ser atendidos”, Ricardo Mestre evitou fazer uma relação com a redução do número de atendimentos.
“Temos um aumento das necessidades da saúde da nossa população”, disse, lembrando a pandemia e o envelhecimento, entre outros aspetos, e garantindo que se está a “apostar na prevenção para evitar estádios mais avançados da doença”.
O secretário de Estado aproveitou para voltar a apelar aos portugueses para que recorram à linha Saúde 24 antes de se deslocarem à urgência e lembrou que há resposta nos cuidados de saúde primários. Já fonte do Ministério da Saúde indicou, posteriormente, que, por todo o país, haverá 233 centros de saúde abertos no sábado, e 192 no domingo.
Antes, Ricardo Mestre falou do “trabalho de parceria entre o Ministério da Saúde e a área social para encontrar respostas para os internamentos sociais”. Sem avançar com medidas imediatas, o governante disse que haverá “mais camas de cuidados continuados” e “estão a ser feitas parcerias com o setor social”.
“Em algumas zonas do país, sente-se mais essa pressão, como é o caso de Lisboa. Estamos a aprofundar parcerias (…). No imediato temos um conjunto de medidas que são transversais. Ainda este ano abriremos mais 400 camas de cuidados continuados integrados que permitirão ajudar no fluxo dos utentes dentro do SNS”, concluiu.
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