Republicanos chumbam pacote de 97.500 milhões que inclui ajuda militar à Ucrânia e Israel
Todos os 49 senadores republicanos votaram contra a aprovação do projeto, que inclui mais de 61 mil milhões de euros em ajuda militar para Kiev e cerca de 14 mil milhões de euros para Israel.
Os republicanos bloquearam esta quarta-feira a aprovação no Senado dos Estados Unidos de um projeto orçamental de cerca de 97.500 milhões de euros, que inclui verbas para apoiar a Ucrânia e Israel.
Para passar este projeto, os republicamos exigem a restrição das leis de imigração dos EUA, especialmente o sistema de asilo, e a eliminação de uma série de autorizações humanitárias para migrantes.
Todos os 49 senadores republicanos na câmara alta do Congresso norte-americano votaram contra a aprovação do projeto, que inclui mais de 61 mil milhões de euros em ajuda militar para Kiev e cerca de 14 mil milhões de euros para Israel.
Durante uma intervenção na câmara, o líder da bancada conservadora no Senado, Mitch MacConell, garantiu que o seu partido não apoiaria nenhum pacote orçamental se não fossem impostas restrições à imigração em troca. “Como já dissemos há semanas, projetos legislativos que não incluam mudanças que fortaleçam a segurança nas nossas fronteiras não serão aprovados no Senado”, frisou.
Por seu lado, os democratas insistiram que, na sua perspetiva, é vital continuar a apoiar a Ucrânia e Israel. Biden chegou a indicar esta quarta-feira que está disposto a fazer concessões em questões de imigração, em troca da aprovação. “Estou disposto a fazer concessões importantes na fronteira. Precisamos de reparar o sistema fronteiriço. Não funciona. E até agora não obtive resposta”, garantiu Biden, em declarações aos jornalistas na Casa Branca.
O Governo de Biden anunciou mais um pacote de assistência de segurança dos Estados Unidos à Ucrânia, no valor de 175 milhões de dólares (162,4 milhões de euros).
Entre os pedidos dos republicanos está a alteração da lei que permite a uma pessoa pedir asilo em solo norte-americano, impondo requisitos maiores para quem procura proteção, segundo informações divulgadas pelos ‘media’ norte-americanos que saíram das negociações.
Os conservadores também apelam à limitação do uso da “liberdade condicional”, uma figura legal que permite às autoridades de imigração permitir a entrada de pessoas no país por razões humanitárias.
O Governo já avisou esta segunda-feira que, no final do ano, a administração dos EUA não terá dinheiro para apoiar a Ucrânia na sua luta contra a Rússia e ficará sem recursos para adquirir mais armas e equipamentos para Kiev.
Até agora, os Estados Unidos forneceram 111 mil milhões de dólares (103 mil milhões de euros, à taxa de câmbio atual) em financiamento para apoiar a Ucrânia. Após a prorrogação do orçamento aprovada em novembro e ratificada por Biden, os legisladores têm até fevereiro para negociar o orçamento fiscal para o ano fiscal de 2024, que já começou.
Israel autoriza suplemento de combustível para evitar colapso em Gaza
Entretanto, Israel vai autorizar um suplemento mínimo de combustível que considera “necessário para evitar um colapso humanitário” em Gaza, anunciou o gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. “A quantidade mínima será determinada periodicamente pelo Gabinete de Guerra” em função da situação humanitária, acrescentou nas redes sociais, citado pela agência francesa AFP.
Segundo o gabinete de Netanyahu, o aumento no fornecimento de combustível é “necessário para evitar um colapso humanitário e a eclosão de epidemias no sul da Faixa de Gaza”, que é controlada pelo Hamas. Desde que iniciou a guerra conta o Hamas, após o ataque que sofreu em 7 de outubro, Israel cortou o fornecimento de bens essenciais à Faixa da Gaza, como água potável, medicamentos ou combustível.
O anúncio do Governo surge num contexto de aumento da pressão internacional, uma vez que os combates se intensificam no sul da Faixa de Gaza, um pequeno enclave palestiniano onde vivem 2,3 milhões de pessoas.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou na quarta-feira para “uma rutura total da ordem pública em breve devido às condições desesperadas” em Gaza. O chefe da ONU manifestou o receio de que mesmo uma ajuda humanitária limitada se torne impossível, devido aos “bombardeamentos constantes” das forças israelitas e à “ausência de abrigo ou do mínimo para sobreviver”.
Guterres invocou pela primeira vez desde que chegou à liderança da ONU, em 2017, o artigo 99.º da Carta das Nações Unidas, suscitando críticas duras de Israel. O artigo em causa permite ao líder da ONU chamar a atenção do Conselho de Segurança para uma questão que “possa pôr em perigo a manutenção da paz e da segurança internacionais”.
Em resposta, o ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Eli Cohen, descreveu o mandato do antigo primeiro-ministro português como um “perigo para a paz mundial”. Os líderes dos países do G7, incluindo os principais parceiros de Israel, apelaram na quarta-feira a uma ação “mais urgente” para fazer face à crise humana em Gaza.
O anúncio de Israel surge dois dias depois de o seu principal aliado, os Estados Unidos, ter apelado à entrada de mais combustível em Gaza, com os diplomatas norte-americanos a referirem-se a “conversas muito francas”.
O Hamas disse que os bombardeamentos israelitas mataram mais de 16.200 pessoas na Faixa de Gaza em dois meses. As hostilidades foram desencadeadas em 7 de outubro por um ataque sem precedentes de comandos do Hamas infiltrados em Israel a partir de Gaza, que, segundo as autoridades, matou 1.200 pessoas, na maioria civis.
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