Angola anuncia saída da Organização dos Países Exportadores de Petróleo
Ministro dos Recursos Minerais angolano justificou a decisão com o facto de Angola não ter vantagens em manter-se no cartel, que tem colocado quotas de produção ao país.
Angola vai deixar de ser membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), anunciou o país esta quinta-feira. Esta decisão surge depois do cartel, responsável por cerca de 40% da produção de petróleo do mundo, ter imposto quotas de produção ao país africano.
“Angola sempre cumpriu com as suas obrigações e lutou o tempo todo para ver OPEP se modernizar, ajudar os seus membros a obter vantagens. Sentimos que neste
momento Angola não ganha nada mantendo-se na organização e, em defesa dos seus
interesses, decidiu sair“, explicou aos jornalistas o Ministro dos Recursos Minerais,
Petróleo e Gás, Diamantino Azevedo, na sala de imprensa do Palácio Presidencial.
A saída da organização foi decidida em conselho de ministros e colocada em decreto no mesmo dia, tendo sido assinada pelo presidente da república angolano, João Lourenço. “Quando vemos que estamos nas organizações e as nossas contribuições, as nossas ideias, não produzem qualquer efeito, o melhor é retirar-se. Entrámos em 2006 voluntariamente e decidimos sair agora também voluntariamente. E esta não é uma decisão irrefletida, intempestiva“, adiantou ainda Diamantino Azevedo.
A OPEP tem imposto vários limites à produção de cada país, com vista a controlar o petróleo que chega ao mercado e manter os preços suportados. No entanto, estes cortes nem sempre são bem recebidos pelos países, que precisam das receitas de exportação da matéria-prima para financiar os seus orçamentos.
Na reunião realizada no final de outubro, a OPEP e os seus aliados (inclui a Rússia) decidiram implementar uma nova redução de produção de 2,2 milhões de barris de petróleo por dia (implementados cortes de 1,3 milhões de barris e cerca de 1 milhão de barris de cortes voluntário). Na mesma ocasião, a Arábia Saudita e a Rússia adiantaram que poderiam ser anunciados cortes adicionais.
No que diz respeito à produção angolana de petróleo, o cartel reduziu a meta de produção para 1,11 milhões de barris por dia, abaixo dos 1,15 milhões produzidos em outubro. Esta decisão não agradou ao país, que admitiu que não iria cumprir os cortes de produção decididos pelo cartel.
Saída “não tem custos relevantes”
Para o economista-chefe do departamento de estudos económicos do Banco Fomento Angola (BFA), a saída de Angola da OPEP não implica “custos relevantes” e liberta o país para aumentar a produção de petróleo.
“Não há custos relevantes em sair porque o poder da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) ser completamente determinante no preço já não é o mesmo que era dantes, portanto a saída tem apenas o prejuízo de não participar na decisão, mas é só isso”, disse José Miguel Cerdeira, em declarações à Lusa na sequência do anúncio de saída, feito hoje pelo Governo.
Para o economista, a decisão de Angola, tomada na sequência das críticas públicas de Angola à limitação do aumento da produção para 1,11 milhões de barris por dia durante 2024, acaba por ser positiva para o país africano lusófono.
“É um custo muito pequeno para a vantagem que dá ao Estado e aos operadores, que ficam com a certeza e a tranquilidade de não ter problemas se Angola ultrapassar a quota em vários meses durante o próximo ano“, explicou José Miguel Cerdeira.
“A saída dá estabilidade e tranquilidade para que ultrapassar essa quota não seja um problema para Angola”, conclui o economista-chefe do BFA.
(Notícia atualizada às 13:24)
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