Dona da Milaneza passa a controlar fabricante checa de massas com receitas de 70 milhões
Cerealis investe na República Checa para se tornar acionista maioritária da Europasta. Pedro Moreira da Silva assume ao ECO que crescimento nas massas “passa inevitavelmente por fusões e aquisições".
A Cerealis, uma das maiores empresas portuguesas do setor agroalimentar, detentora das marcas Milaneza, Nacional ou Napolitana, assumiu o controlo acionista da gigante Europasta depois de aumentar a sua participação de 33,33% para 58,33% no capital social desta fabricante de massas alimentícias da República Checa, com receitas de aproximadamente 70 milhões de euros.
O presidente executivo da Cerealis, Pedro Moreira da Silva, adianta ao ECO que o “principal motivo” deste novo investimento, que recusou quantificar, está “enquadrado na concretização do plano de crescimento por aquisições neste setor”. “É uma empresa que, obviamente, conhecemos bem e, por isso, a primeira peça naquela geografia”, acrescenta.
“A Cerealis está num processo de crescimento que passa por alguns investimentos para crescimento orgânico, mas que terá de passar inevitavelmente por operações de M&A [fusões e aquisições]. A Europasta é o primeiro, mas esperamos que outros se sigam”, perspetiva o responsável do grupo nortenho, que no verão de 2021 passou para as mãos do empresário Carlos Moreira da Silva e da família Silva Domingues, que detêm a BA Glass e há poucas semanas compraram um grupo industrial italiano do setor do vidro.
A Cerealis está num processo de crescimento que passa por alguns investimentos para crescimento orgânico, mas que terá de passar inevitavelmente por operações de M&A [fusões e aquisições]. A Europasta é o primeiro, mas esperamos que outros se sigam.
Foi em 2010, para iniciar o processo de internacionalização e através da compra de uma quota inicial de 25% – nessa altura, a espanhola Pastas Gallo ficou com uma percentagem igual –, que o grupo sediado em Águas Santas (concelho da Maia), que soma atualmente perto de 570 trabalhadores em Portugal, entrou no capital desta congénere do leste europeu. Fundada em 2002, é líder no mercado checo e explora as marcas próprias Adriana, Zátkovy, Rosické e Ideál.
A Europasta tem dois centros de produção em território checo (Litovel e Boršov nad Vltavou) e uma subsidiária na Eslováquia (Ideál Slovakia). No perímetro deste acordo com a Cerealis, concretizado em 2023, ficou apenas o fabrico das massas, em que tem uma capacidade produtiva de 70 mil toneladas por ano. “É o setor em que queremos crescer naquela geografia”, justifica o CEO. Já o negócio das moagens foi separado e vendido a outro sócio.
Nova linha de barras de cereais abasteceu JMJ
Fundada a 8 de fevereiro de 1919 como Amorim, Lage & Soares Lda. – uma aliança de José Alves de Amorim (tio de Américo Amorim), Manuel Gonçalves Lage e Aníbal Soares –, a partir dos anos 1930 ficou a ser detida apenas pelas famílias Amorim e Lage (50%/50%). Ao fim de 102 anos, a segunda e terceira gerações resolveram vender as participações à Teak Capital, holding pessoal de Carlos Moreira da Silva, e à Tangor Capital, da família Silva Domingues.
Em 2022, no final do primeiro ano com os novos acionistas e o último para o qual disponibilizou dados oficiais, a Cerealis, que se manteve em mãos portugueses, registou um volume de negócios de 294 milhões de euros. Produtora de massas alimentícias, farinhas industriais e culinárias, bolachas, cereais de pequeno-almoço e barras de cereais, transforma anualmente mais de 440 mil toneladas de cereais nos quatro centros de produção em Portugal (Maia, Porto, Lisboa e Trofa).
Um dos mais recentes investimentos realizados pela empresa, que ascendeu a sete milhões de euros, foi feito na unidade industrial da Trofa, que apresenta como um dos mais modernos centros de produção de cereais de pequeno-almoço da Península Ibérica. Incluiu a ampliação da fábrica, a automatização do final das linhas de embalamento e a instalação de uma linha de barras de cereais equipada pela Buhler.
Com uma área coberta de 11.200 metros quadrados, este centro de produção no distrito do Porto, que engloba um armazém automatizado com mais de 10 mil paletes, conta agora com cinco linhas de produção com capacidade para cerca de 90 toneladas por dia. O CEO destaca a linha de barras de cereais que tem alargado o portefólio de produtos da Nacional e dado “um importante contributo para a redução das importações desta categoria de produtos”.
Além dos projetos já concretizados neste segmento com várias retalhistas, Pedro Moreira da Silva salienta a “capacidade” que esta nova linha trofense deu ao grupo para ser selecionado como fornecedor da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), realizada em agosto do ano passado em Lisboa. Contabiliza ter abastecido mais de 4,3 milhões de barras de cereais da marca Nacional para os kits dos peregrinos que participaram nesse mega evento religioso na capital portuguesa.
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