Lai Ching-te, de partido pró-independência, vence eleições em Taiwan com 40% dos votos

Lai Ching-te, o vice-presidente do DPP que defende aproximação ao Ocidente, venceu as eleições. . Candidato preferido por Pequim ficou em segundo e reconheceu derrota.

O candidato às eleições presidenciais de Taiwan, Lai Ching-te, do Partido Democrático Progressista (DPP), venceu as eleições com cerca de 40% dos votos. Com mais de 96,78% dos votos contabilizados nos círculos eleitorais, em segundo, está Hou Yu-ih, do partido tradicionalmente apoiante da China, o Kuomintang, com 33,39% das intenções de voto. Segue-se o líder do Partido Popular de Taiwan, Ko Wen-je, com 26,38%.

William Lai Ching-te, 64 anos, foi descrito por Pequim como um “sério perigo” devido às posições do seu partido, que afirma que a ilha é de facto independente.

“Mostrámos ao mundo o quanto prezamos a democracia”, declarou Lai Ching-te, no discurso de vitória, citado pela Reuters, prometendo que Taiwan vai “continuar a caminhar lado a lado com as democracias de todo o mundo”.

O novo presidente taiwanês destacou a forma como “o povo de Taiwan resistiu com sucesso aos esforços de forças externas para influenciar estas eleições”. Lai Ching-te reconheceu que tem agora a “importante responsabilidade de manter a paz e a estabilidade no Estreito de Taiwan” e disse estar “determinado a proteger Taiwan das ameaças e intimidações por parte da China”.

“Estamos dispostos a falar com a China numa base de dignidade e paridade”, estabeleceu.

O candidato do Kuomintang (KMT), principal partido da oposição em Taiwan, Hou Yuh-ih, que defende a aproximação com a China, já reconheceu a derrota.

“Respeito a decisão final do povo taiwanês (…) Felicito Lai Ching-te e Hsiao Bi-khim [parceira de candidatura presidencial] pela sua eleição, esperando que não desapontem as expectativas do povo taiwanês”, declarou Hou Yuh-ih, que seguia em segundo lugar na contagem, com 33% dos votos, segundo dados da Comissão Eleitoral Central, junto dos seus apoiantes.

Segundo o jornal Taipei Times, o candidato do Partido Popular de Taiwan (TPP), Ko Wen Je, com 26%, também já concedeu a derrota para William Lai Ching-te, que será o o sucessor do Presidente cessante, Tsai Ing Wen.

De acordo com o South China Morning Post, na sede do DPP, em Taipé, as esperanças na vitória de Lai eram elevadas, ouvindo-se fortes aplausos sempre que os ecrãs com a contagem oficial dos votos são atualizados e confirmam o primeiro lugar do candidato. “Estou muito confiante de que ele vai ganhar”, disse um apoiante àquele jornal. “É bem melhor do que Hou ou Ko, que só conduziriam o país à desgraça.”

O seu principal adversário, Hou Yu-ih, 66 anos, candidato do Kuomintang (KMT), que defende a aproximação com Pequim, obteve 33,2% dos votos, segundo esta contagem da Comissão Eleitoral Central.

O terceiro candidato, Ko Wen-je, de 64 anos, do pequeno Partido Popular de Taiwan (TPP) e que se apresenta como antissistema, seguia em terceiro lugar, com 25,3%.

A China considera Taiwan uma das suas províncias, que ainda não conseguiu reunificar com o resto do seu território desde o fim da guerra civil chinesa, em 1949. Pequim diz ser a favor de uma reunificação pacífica com a ilha, onde os cerca de 23 milhões de habitantes são governados por um sistema democrático, mas nunca renunciou ao uso da força militar.

Numa reação ao resultado eleitoral, o Presidente norte-americano, Joe Biden, afirmou que os Estados Unidos não apoiam a independência de Taiwan,. “Não apoiamos a independência”, sintetizou Biden aos jornalistas à saída da Casa Branca.

Washington não reconhece Taiwan como um Estado e consideram a República Popular da China como o único governo legítimo, mas fornecem à ilha uma ajuda militar substancial. Por seu lado, num comunicado, o chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken, felicitou entretanto Lai Ching-te e os taiwaneses pelo “sólido sistema democrático”.

“Os Estados Unidos felicitam Lai Ching-te pela vitória nas eleições presidenciais de Taiwan. Felicitamos igualmente o povo de Taiwan por ter demonstrado uma vez mais a força do seu sistema democrático e do seu sólido processo eleito

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