PS versus AD. Conheça o duelo de cabeças de lista distrito a distrito
Pedro Nuno Santos comanda as tropas por Aveiro onde vai defrontar o autarca Emídio Sousa. Já Luís Montenegro desloca-se para Lisboa e tem como adversária a ministra Mariana Vieira da Silva.
Até ao dia das legislativas de 10 de março, as tropas do PS e da Aliança Democrática (AD), coligação que junta PSD, CDS e PPM, vão andar no terreno para tentar ganhar os 22 círculos eleitorais do país, sob o comando de generais escolhidos a dedo pelos líderes do PS e da AD. Conheça o duelo de cabeças de lista distrito a distrito.
Pedro Nuno Santos quebrou a tradição dos candidatos a primeiro-ministro e não vai encabeçar a lista de candidatos a deputados por Lisboa, mantendo-se em Aveiro, distrito de onde é natural, já que as suas raízes estão em S. João da Madeira. Como número um por este círculo eleitoral, terá como adversário o social-democrata e presidente da Câmara de Santa Maria da Feira, Emídio Sousa. Ou seja, o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, não vai disputar diretamente os votos com o líder do PSD, Luís Montenegro.
Ao contrário do socialista, o presidente social-democrata, que tem concorrido sempre por Aveiro, já que é de Espinho, decidiu encabeçar a lista da capital. No embate de 10 de março, a sua rival direta será Mariana Vieira da Silva, ministra da Presidência e braço direito do primeiro-ministro demissionário, António Costa.
Começando a percorrer o país de norte a sul, em Viana do Castelo, a disputa será entre Marina Gonçalves, a ainda ministra da Habitação e muito próxima do secretário-geral do PS, e José Pedro Aguiar-Branco, antigo ministro da Defesa do Governo de Pedro Passos Coelho. Este círculo eleitoral perdeu um deputado, passando de seis para cinco, de acordo com o mapa oficial da distribuição de mandatos da Comissão Nacional de Eleições (CNE). Nas eleições legislativas de 2022, que deu a maioria absoluta ao PS, os socialistas conseguiram três mandatos e o PSD outros três.
Em Braga, o duelo será entre José Luís Carneiro, ainda ministro da Administração Interna e ex-adversário de Pedro Nuno nas eleições internas do PS, e Hugo Soares, secretário-geral do PSD que chegou a líder parlamentar da bancada laranja em 2017. No ato eleitoral anterior, o PS elegeu nove deputados e o PSD oito. Chega e Iniciativa Liberal (IL) conseguiram um cada.
Por Vila Real, o PS indicou para número um a deputada de Chaves Fátima Pinto, que foi administradora executiva da empresa municipal Gestão de Equipamentos do Município de Chaves e vice-presidente da Associação Termas de Portugal. A AD escolheu um “dinossauro” autárquico para encabeçar a lista por este círculo: o presidente da Câmara de Valpaços, Amílcar Castro de Almeida, que está no terceiro e último mandato como líder do município. Nas legislativas de 2022, o PS ganhou, neste distrito, cinco deputados e o PSD dois.
Na arena de Bragança, o combate será travado entre a socialista Isabel Ferreira, atual secretária de Estado do Desenvolvimento Regional, e o social-democrata Hernâni Dias, presidente da Câmara de Bragança, que está a completar o terceiro e último mandato autárquico consecutivo. Em 2022, o PS alcançou dois mandatos e o PSD apenas um.
Pelo círculo do Porto, encabeça a lista do PS o presidente do Conselho Económico e Social (CES), Francisco Assis, que representa a ala mais à direita do partido, mas que, ainda assim, apoiou Pedro Nuno Santos nas eleições internas frente a José Luís Carneiro. A AD apostou no ex-bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, que é um independente. No último sufrágio, o PS elegeu, por este distrito, 19 deputados e o PSD 14. Chega, IL e Bloco de Esquerda (BE) conseguiram dois mandatos cada um. E a CDU, coligação que junta PCP e PEV, alcançou um só eleito.
Na zona centro, o duelo começa em Aveiro, entre o próprio líder do PS, Pedro Nuno Santos, e o social-democrata e presidente da Câmara de Santa Maria da Feira, Emídio Sousa, que está a completar o terceiro e último mandato à frente daquele município. Em 2022, este círculo deu oito deputados ao PS, sete ao PSD e um ao Chega.
Em Viseu, o líder do PS impôs o nome de Elza Pais, deputada e presidente das Mulheres Socialistas, para cabeça de lista, contra a vontade das estruturas locais. A parlamentar foi secretária de Estado para a Igualdade no segundo Governo de José Sócrates. A AD colocou as fichas em António Leitão Amaro, vice-presidente do PSD e antigo secretário de Estado da Administração Local do Executivo de Passo Coelho. Há dois anos, o PS elegeu quatro deputados e o PSD outros tantos por este distrito.
As tropas do PS na Guarda vão ser comandadas pela anda ministra do Trabalho, Ana Mendes Godinho, que repete a primeira posição que já tinha ocupado nas eleições legislativas de 2022. O pelotão da AD será liderado por Dulcineia Moura, docente no ISCET – Instituto Superior de Ciências Empresariais e do Turismo do Porto, com um doutoramento em Economia pela Universidade da Beira Interior. Nas eleições de há dois anos, o PS garantiu três lugares no Parlamento, por este círculo, e o PSD apenas um.
Um pouco mais a litoral, em Coimbra, o duelo será entre a socialista e ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, que no sufrágio anterior, encabeçou a lista por Castelo Branco, e a independente indicada pela AD, Rita Júdice, que foi sócia da sociedade de Advogados PLMJ, entre 2013 e 2023, onde co-coordenou a área de Imobiliário e Turismo. Nas eleições de 2022, este círculo eleitoral atribuiu seis mandatos ao PS e três ao PSD.
O líder parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias, que apoiou José Luís Carneiro nas diretas do partido, vai liderar o combate em Leiria, do lado dos socialistas. A AD indicou Telmo Faria, antigo presidente da Câmara de Óbidos, que em 2018 foi um dos principais apoiantes de Santana Lopes na disputa da liderança com Rui Rio, que viria então a ganhar o partido. No sufrágio anterior, os socialistas conseguiram eleger, por este círculo eleitoral, cinco parlamentares e o PSD quatro. O Chega obteve um eleito.
Por Castelo Branco, o PS escolheu o atual secretário de Estado do Turismo, Nuno Fazendo, para cabeça de lista. Nas legislativas anteriores, o ex-diretor dos programas comunitários do Turismo de Portugal foi em terceiro lugar. A aposta da AD vai para professora universitária de Ciência Política e Relações Internacionais, Liliana Reis, mais um candidato independente. Nas legislativas de 2022, PS ganhou três deputados por este distrito e o PSD um.
A ex-ministra da Administração Pública e coordenadora do programa eleitoral do PS, Alexandra Leitão, foi a escolhida para liderar as tropas de Santarém. Terá de defrontar o ex-presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), Eduardo Oliveira e Sousa, um independente que concorre peça Aliança Democrática. Há dois anos, Santarém deu cinco mandatos ao PS e três ao PSD. O Chega conseguiu eleger um deputado.
Na capital, o cabeça de lista da AD é o presidente do PSD e candidato a primeiro-ministro, Luís Montenegro, que foi líder parlamentar durante o Governo de Passos Coelho. Vai ter de enfrentar, do lado do PS, Mariana Vieira da Silva, ainda ministra da Presidência e número dois do primeiro-ministro António Costa. No sufrágio de 2022, Lisboa deu 21 deputados ao PS e 13 ao PSD. IL e Chega elegeram quatro cada um. A CDU e o BE dois por cada partido. E Livre e o PAN obtiveram um mandato.
A ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, é número um do PS pelo distrito de Setúbal, repetindo assim a posição das últimas legislativas. Para travar este duelo, a AD foi buscar Teresa Morais, antiga secretária de Estado dos Assuntos Parlamentares e da Igualdade do primeiro Governo de Pedro Passos Coelho e apoiante de sempre de Luís Montenegro. Nas eleições anteriores, Setúbal atribuiu 10 deputados ao PS e três ao PSD. A CDU conseguiu dos mandatos e Chega, IL e BE alcançara um cada.
A sul do país, Portalegre terá um frente a frente entre o atual deputado socialista Ricardo Pinheiro e o social-democrata Rogério Silva, que é líder da distrital do PSD de Portalegre e presidente da Câmara de Fronteira. Em 2022, o PS elegeu os únicos dois mandatos atribuídos a este círculo eleitoral.
Em Évora, o embate será entre o socialista Luís Dias, presidente da Câmara de Vendas Novas, que passa a número um, substituindo o antigo ministro da Agricultura e eurodeputado, Luís Capoulas Santos, e Sónia Ramos, deputada e líder da distrital do PSD de Évora. No último sufrágio, o PS ganhou dois deputados e o PSD apenas um.
Pelo distrito de Bela, o líder da federação do PS do Baixo Alentejo, Nelson Brito, que foi presidente da Câmara de Aljustrel, é o número um dos socialistas. Gonçalo Valente, presidente da distrital de Beja e vereador, sem pelouros, na Câmara de Ourique, vai encabeçar a lista da AD. Em 2022, este círculo atribuiu dois mandatos ao PS e um ao PSD.
Em Faro, a deputada e antiga secretária de Estado da Saúde, Jamila Madeira, que é próxima da candidatura de Carneiro nas eleições internas do partido, vai medir forças com o cabeça de lista da AD, Miguel Pinto Luz, que é vice-presidente da Câmara de Cascais. Pelo facto de não ser natural do Algarve, a escolha de PSD, CDS e PPM gerou algum mal-estar junto das estruturas locais do PSD, mas Pinto Luz não desistiu, ao contrário de Álvaro Beleza. Recorde-se que o médico de Lisboa tinha sido indicado pelo PS para liderar Vila Real, mas a contestação interna falou mais alto. Nas últimas eleições, Faro deu cinco lugares ao PS e três ao PSD. O Chega elegeu um deputado.
Pela Madeira, o líder do PS regional, Paulo Cafôfo, estará aos comandos contra o social-democrata e presidente de Câmara de Lobos, Pedro Coelho. Em 2022, o PS elegeu três deputados e o PSD outros três, neste círculo eleitoral.
Nos Açores, a disputa será entre o socialista Francisco César, filho do presidente do partido, Carlos César, e o deputado do PSD à Assembleia da República, Paulo Moniz. Nas últimas legislativas, o PS conseguiu três mandatos, por este círculo, e o PSD os restantes dois.
Pela Europa, o PS volta a indicar para cabeça de lista Paulo Pisco, presidente da subcomissão das Diásporas da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa. E a AD escolheu Carlos Alberto Gonçalves, presidente da secção do PSD de Paris. Há dois anos, o PS ganhou os únicos dois mandatos atribuídos a este círculo eleitoral.
Augusto Santos Silva, que foi apoiante de Carneiro nas diretas do PS, já tinha sinalizado que queria continuar como Presidente da Assembleia da República – e para isso tem de, primeiro, ser eleito, deputado. Por isso, volta a encabeçar a lista pelo círculo Fora da Europa. Pela AD, vai José Cesário, antigo secretário de Estado das Comunidades, entre 2011 e 2015, durante o Executivo passista. Nas últimas legislativas, os dois mandatos por este círculo foram distribuídos de forma equitativa entre PS e PSD: um para cada partido.
As listas de deputados têm de ser entregues nos tribunais das comarcas até 29 de janeiro. A campanha eleitoral decorre entre 25 de fevereiro e 8 de março.
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