CEO da Stellantis pede consolidação na Europa para enfrentar carros chineses
O CEO da Stellantis, que detém marcas como a Peugeot e a Citröen, argumenta que sem consolidação, a indústria automóvel europeia não vai ter capacidade para responder à concorrência chinesa.
É preciso maior consolidação entre as construtoras automóveis na Europa para enfrentar as fabricantes chinesas que estão a chegar à região e que dispõem de custos de produção 30% mais baixos, defende o CEO da Stellantis, o português Carlos Tavares.
A companhia, que detém marcas como a Peugeot ou a Citröen, diz que está preparada para o que aí vem e está sempre aberta a estudar eventuais oportunidades de aquisições, mas alerta que há muitas empresas que poderão ser forçadas a fazer programas de reestruturação, criando um problema social na região.
“Nunca paramos de reduzir custos porque estamos sempre preparados para quando possa haver uma oportunidade de consolidação“, adiantou Carlos Tavares, num encontro com jornalistas, à margem do congresso da Ordem dos Engenheiros, a decorrer esta quinta e sexta-feira no Porto. O líder da Stellantis reiterou que a empresa, que comanda, mantém uma posição em que protege uma determinada margem de rentabilidade, para poder aproveitar oportunidades e estar numa posição capaz de lidar com a concorrência dos chineses, que estão a chegar à Europa com os seus veículos elétricos.
Numa posição muito crítica em relação a estes produtores, que dispõem de condições muito mais vantajosas de produção do que as empresas da região, Tavares alertou para os riscos sociais que podem resultar desta concorrência. “Como vamos combater os chineses? Se forem três ou quatro vezes maiores que nós vão esmagar as construtoras europeias“, avisou, adiantando que esta situação poderá ameaçar milhões de empregos, uma vez que a indústria automóvel emprega 14 milhões de pessoas na região.
“Precisamos de consolidação a nível europeia para fazer face aos chineses“, defendeu. Mas para isso, acrescenta, é necessário que os reguladores europeus mudem a sua postura para permitir a criação de empresas de maior dimensão na região, sem colocarem entraves à criação de grandes grupos.
Apesar de defender a consolidação, para criar empresas com maior capacidade para responder à concorrência chinesa, Carlos Tavares mostra-se contra o protecionismo. “Tenho que combater os chineses porque sou uma empresa global“, rematou.
No que diz respeito ao preço dos elétricos, Tavares critica os Governos por quererem empurrar para a indústria uma transformação profunda, sem pensar nas consequências e nas necessidades das pessoas. “Há decisões demagógicas que vêm esbarrar na parede da realidade”, atirou, acrescentando que há um risco de criar um problema de mobilidade, caso não se consigam produzir carros elétricos a preços acessíveis para a classe média.
“Os elétricos têm que ser acessíveis. Se não o forem, a classe média não os compra e não tem impacto” as medidas para reduzir as emissões carbónicas, acrescenta. Isto coloca atualmente um desafio ao setor, uma vez que “só chineses vão atingir esse nível (de preços)“.
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