Exclusivo Airbus prevê ter 25% da produção em Portugal em 2026
A fabricante de aviões está a acelerar a aposta no país, na fábrica de Santo Tirso, onde espera produzir um quarto da sua produção em dois anos. Até lá vai contratar mais de uma centena por ano.
A Airbus Atlantic vai continuar a aumentar a produção na sua fábrica de Santo Tirso, prevendo que Portugal seja responsável por um quarto da produção do gigante francês de aeronáutica em 2026. Até atingir este objetivo, a multinacional vai continuar a investir na unidade e a reforçar a sua equipa, prevendo contratar mais de uma centena de pessoas por ano até 2026, e não descarta a construção de um novo edifício em Santo Tirso.
“25% da produção da Airbus Atlantic vai ser feita em Portugal“, garantiu Rodolph Andrieu, diretor de produção de controlo e logística (PC&L) da Airbus Atlantic Portugal, ao ECO. De acordo com o mesmo responsável, a maioria da produção está concentrada na fábrica em França, para onde é enviada depois a produção dos subconjuntos feitos na Tunísia, em Marrocos e em Portugal.
25% da produção da Airbus Atlantic vai ser feita em Portugal.
Com a presença da Airbus em Portugal a crescer a bom ritmo, a Airbus Atlantic quer ter concluída em 2026 a primeira grande fase de investimento no país, quatro anos após a inauguração oficial das instalações de Santo Tirso, onde produz peças para as famílias Airbus A320 e A350, em 2022.
Da unidade na Zona Industrial da Ermida começaram por sair secções e painéis de fuselagem para os aviões da família A320 e A350, para já da parte frontal e porta de carga, mas a Airbus tem vindo a transferir a produção de outras secções da estrutura das aeronaves para Portugal. “Em quatro anos vamos passar do zero a 25%”. “O objetivo em Portugal é fabricar quase 25% de todos os subconjuntos que são depois entregues na fábrica em França”, reforçou Rodolph Andrieu.
Para alcançar este objetivo, a empresa prevê continuar a investir, tanto em maquinaria e em equipamentos, como na contratação de pessoas. “A ambição é de contratar 100 pessoas por ano“, até atingir os 550 a 600 trabalhadores em 2026, refere o diretor da Airbus Atlantic Portugal, adiantando que “em 2023 fizemos 90 contratações e, este ano, [vamos contratar] 110“.
A ambição é de contratar 100 pessoas por ano, até atingir os 550 a 600 trabalhadores em 2026.
“Em 2026 vamos atingir uma fase de estabilidade, de maturidade“, conclui o responsável, a falar com o ECO à margem de um evento que juntou investidores e empresários franceses num evento no Porto, organizado pela Câmara de Comércio e Indústria Luso-Francesa.
A Airbus Atlantic inaugurou oficialmente as instalações na Zona Industrial da Ermida em setembro de 2022. Esta unidade ocupa uma área de 20 mil metros quadrados e que representou um investimento próximo dos 40 milhões de euros. “O maior investimento foi a construção do edifício”, refere Rodolph Andrieu ao ECO, adiantando que a empresa teve que comprar “máquinas e todos os equipamentos industriais para fazer a montagem aeronáutica”.
Apesar deste grande investimento em equipamentos, que contou com financiamento do Portugal 2020, Rodolph Andrieu admite que o maior desafio para a empresa tem sido a contratação, que está a envolver centenas de pessoas. “Recrutar, formar, atrair e manter as pessoas é o mais difícil. É mais difícil que um desafio técnico“, realça.
“As funções de operador de aeronáutica quase não existem em Portugal, sobretudo no Norte”, uma dificuldade que tem forçado a fabricante de aviões a recorrer à formação interna. “90 a 95% do recrutamento está a passar por esta formação interna”, destaca. “É um investimento de longa duração”.
Nova unidade em cima da mesa
Consolidada a primeira fase de investimento daqui a dois anos, a Airbus pretende continuar a trabalhar em novos projetos – “vão ser projetos de duplicação de linha de montagem” – e “possivelmente, se grupo continuar a duplicar a linha de montagem, fazer um novo edifício“. “Mas isto numa nova etapa”, admite o responsável da empresa francesa em Portugal.
Rodolph Andrieu refere, contudo, que nada “está já decidido” quanto ao novo edifício, “mas o terreno permite fazê-lo, mas primeiro temos que demonstrar que conseguimos atingir 25% da produção com todos os objetivos de qualidade e logística“.
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