Frente a frente: Montenegro aponta irrealismo de medidas do Chega, Ventura defende forças de segurança
Num debate marcado por várias interrupções, Montenegro criticou o custo das medidas do Chega enquanto Ventura acusou o líder do PSD de não fazer compromissos sobre os cenários eleitorais.
A segunda semana de confrontos entre os líderes partidários arrancou com um dos debates mais aguardados à direita: Luís Montenegro, líder da Aliança Democrática (AD), e André Ventura, presidente do Chega, estiveram durante mais de meia hora num frente a frente, transmitido na RTP1, marcado por temas como as medidas dos partidos para o combate à corrupção e para as forças de segurança, passando também pelas pensões.
Montenegro voltou a reforçar que não se junta a André Ventura, após as eleições de março, enquanto recordou que o líder do Chega já foi seu apoiante. Ventura acusou, por seu turno, Montenegro de ser “o idiota útil da esquerda”.
O presidente do Chega acusou ainda Montenegro de arrogância e de não se comprometer com o que fará após as eleições, reiterando a disponibilidade do partido para o diálogo e defendendo medidas de combate à corrupção e para as forças de segurança.
O presidente dos social-democratas salientou várias vezes o custo irrealista das medidas do Chega e evitou a questão sobre a viabilização de um governo minoritário do PS.
Leia abaixo o resumo do debate:
Balanço:
Futuras coligações, custo das propostas do programa do Chega e forças de segurança marcaram o debate entre os partidos da direita que, segundo as sondagens, têm maiores intenções de voto nesse espetro político. “É indiscutível que há instrumentalização das forças de segurança no discurso do Chega”, atirou Montenegro a Ventura.
Além disso, as propostas dos partidos para o combate à corrupção e também para a subida das pensões foram outros temas quentes que figuraram no debate entre Montenegro e Ventura. “A grande proposta” do Chega passa pela “apreensão e confisco de bens”, defendeu Ventura.
Leilão:
Luís Montenegro: “A nossa proposta é exequível: fazer equivaler o valor de referência do Complemento Solidário para Idosos com 820 euros. É realista, está estudado e temos meios financeiros para fazer isso”.
André Ventura: “Pode haver greve [das forças de segurança], tem de estar regulamentada, há limites e serviços mínimos”.
Bottom line:
Luís Montenegro: “Não pactuo com a linguagem” do Chega, que é o “grau zero da política”.
André Ventura: “O PSD não quer vencer nem modernizar, está preocupado em continuar a dar liberdade para o PS governar”.
Número:
Luís Montenegro: 25.525 milhões de euros é o valor que o líder do PSD calcula que custem as medidas incluídas no programa do Chega.
André Ventura: 7% de aumento, em seis anos, da despesa do Estado, face ao PIB que tivemos este ano é quanto vai custar a medida do Chega para colocar as pensões equivalentes ao salário mínimo, segundo André Ventura.
Parecer:
Montenegro fez xeque-mate a Ventura
Luís Montenegro recordou a André Ventura que, há uns anos, o líder do Chega defendeu a sua liderança no PSD. Foi uma espécie de ‘xeque-mate’ a Ventura que nunca conseguiu afirmar-se, mesmo nos seus temas mais caros, como a corrupção ou o subsídio aos polícias. No frente-a-frente mais importante para Montenegro travar Ventura acabou por se perder cerca de 15 minutos iniciais com uma discussão que não trouxe nada de novo sobre coligações, a não ser a clarificação, olhos nos olhos, de que Montenegro não fará alianças com Ventura. Isso retirou tempo para outras áreas de políticas públicas, mas Montenegro foi ainda mais longe. Quer trabalhar para uma maioria absoluta e acaba a lembrar os eleitores de que a AD é a única alternativa para ‘despejar’ o PS do poder.
António Costa, diretor do ECO
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