UBS: Corte de rating de Portugal “não é iminente”
O UBS diz que o rating de Portugal não está em risco iminente de ser cortado pela DBRS. No entanto, pode ficar sob pressão devido ao crescimento fraco ou pela não aplicação de políticas económicas.
O UBS diz que o rating de Portugal não está em risco iminente de ser cortado pela DBRS, cuja revisão está agendada para dia 21 de outubro. O banco acredita que se Portugal cumprir as recomendações da Comissão Europeia em relação ao ajustamento orçamental, vai conseguir manter a notação financeira, que é o que mantém o país elegível para o programa de compra de ativos do Banco Central Europeu.
“Será que um corte do rating pela DBRS está iminente? Não pensamos que assim seja. No entanto, Portugal ainda não está fora de perigo a nível das perspetivas para a notação”, diz o banco numa nota de research obtida pelo ECO. O UBS alerta que o rating pode ficar sob pressão caso o crescimento registe um mau desempenho ou caso o compromisso político de aplicar políticas económicas sustentáveis não seja respeitado.
Será que um corte do rating pela DBRS está iminente? Não pensamos que assim seja. No entanto, Portugal ainda não está fora de perigo a nível das perspetivas para a notação
“A credibilidade creditícia de Portugal não deve ser impulsionada por um crescimento forte nos próximos trimestres ou anos”, explica o UBS.
O banco acrescenta que o crescimento baixo, consolidação orçamental insuficiente em relação às exigências da Comissão Europeia, dinâmicas vulneráveis da dívida e os receios sobre a estabilidade financeira “não devem levar a uma ação positiva no rating“.
Obrigações não são atrativas
O UBS diz ainda que as obrigações soberanas de Portugal não oferecem um risco/recompensa atrativo, num cenário de fundamentais macroeconómicos desafiantes, de uma estabilidade frágil do setor financeiro e com a dívida vulnerável a choques adversos.
“As obrigações soberanas portuguesas oferecem um retorno elevado num mundo de crescimento baixo, inflação fraca e taxas de juro extremamente reduzidas”, explica o banco. As yields a 10 anos têm subido desde o início de agosto e ficaram perto dos 3,5%. “Mas ainda não nos sentimos tentados“, diz o banco.
Entre os vários fatores a pressionar, o UBS refere os fundamentais económicos desafiantes de Portugal. “A recuperação influenciada pelo consumo de Portugal perdeu força recentemente, numa altura em que o desempenho das exportações também está a recuar”, diz o banco. “As projeções do Governo para o rácio dívida/PIB são otimistas”, diz o banco.
"Os fundamentais económicos de Portugal são desafiantes, as fragilidades no setor financeiro persistem, a sustentabilidade da dívida está vulnerável a choques adversos, a participação do país no programa de alívio quantitativo do BCE é suportado por um fraco perfil de crédito e a sua vulnerabilidade a riscos externos é elevada”
Banca fragilizada
Por outro lado, a estabilidade do setor financeiro continua frágil. Após meses de negociação com a comissão, chegou-se a um acordo de princípio para um plano de recapitalização de 5,2 mil milhões de euros para a Caixa Geral de Depósitos. Isto depois de ter acionado processos relacionados com outros bancos, como o Banco Espírito Santo e o Banif. O crédito malparado também continua a ser um problema. Portugal está entre os seis países europeus com um rácio de crédito malparado que supera os 10%, de acordo com o Banco de Portugal.
O ministro das Finanças, Mário Centeno, disse numa entrevista à Bloomberg que o Governo está a criar um pacote de legislação para ajudar os bancos a venderem determinados ativos e retirar o crédito malparado do balanço das instituições financeiras.
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