Carga fiscal está a “asfixiar toda a riqueza que se produz em Portugal”, diz CIP
Os patrões pedem importantes mudanças para tornar a economia portuguesa mais competitiva, argumentando que os números mostram que Portugal está a crescer abaixo do seu potencial.
A elevada carga fiscal aplicada em Portugal está a “asfixiar” a riqueza produzida no país, defende Armindo Monteiro, presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), argumentando que os impostos são um travão ao investimento direto em Portugal e à competitividade da economia nacional.
“Em termos de carga fiscal temos tido um crescimento exponencial da carga fiscal, de 36,2% [nos últimos 25 anos]. É o esforço fiscal mais elevado na Europa. Temos impostos de ricos num país que é pobre“, destacou Armindo Monteiro, na conferência organizada pela CIP no Porto, dedicada ao tema “Pacto social: Mais economia para todos”.
Para o patrão dos patrões, Portugal está “a asfixiar pela carga fiscal toda a riqueza que se produz no país“, rebatendo a ideia que Portugal aplica taxas que estão em linha com as aplicadas na Europa. “A questão é a que níveis de rendimentos se aplicam as taxas máximas de IRS, que em Portugal são 80.000. Lá fora é aplicada a taxa máxima a 240 mil euros”, explica, adiantando que “isto é válido também para IRC”.
“Quem diga que o IRC não é importante para capital, então o capital que decida um país para investir, não tem interesse em ver qual a taxa de IRC?“, questiona. Comparando Portugal com a Irlanda, país onde a taxa cobrada às empresas é metade da aplicada em Portugal, Armindo Monteiro volta a perguntar: “O que faz um investidor estrangeiro escolher Portugal? Masoquismo? Concerteza que não”.
A carga fiscal tem sido um dos temas quentes nas eleições, com o candidato socialista Pedro Nuno Santos a dizer que reduzir o IRC não é a “bala de prata” para a economia, enquanto o líder do PSD, Luís Montenegro, propõe um “choque fiscal”, centrado na redução do IRC.
Economia abaixo da UE
Além de um alívio fiscal, a CIP considera ainda fundamental reduzir a burocracia, simplificando as regras, e mobilizar os patrões para investirem na inovação dos seus negócios, dotando-os de condições para melhorar as condições oferecidas aos seus colaboradores. Aquilo que a confederação classifica como um “pacto social” entre todos os agentes da economia, para promover uma mudança que consiga colocar o país a crescer.
“Temos que exigir a quem se prepara para governar que o país possa crescer ao nosso potencial. Estar a crescer, ano após ano, abaixo do nosso potencial é frustrante para o legado que vamos deixar“, defendeu o patrão dos patrões, na conferência organizada pela CIP no Porto.
Contrariando a ideia que Portugal está a convergir para a média de crescimento da Europa, Armindo Monteiro mostrou que “nos últimos 25 anos alternamos entre períodos de crise e de recuperação, mas com taxas de crescimento modestas que nunca nos permitirão convergir com Europa”.
O mesmo olhando para o PIB per capita em percentagem da média europeia. Segundo o gráfico partilhado pela CIP, “já estivemos a 85% da média europeia e recuamos para 78% da média europeia. Estamos a afastar-nos da média europeia“.
“Se não fizermos nada vamos continuar com taxas de crescimento abaixo do nosso potencial”, reiterou, referindo que “todos os relatórios dizem que estamos a crescer abaixo. Depende de nós”.
Para Rui Leão Martinho, economista e Presidente da Mútua Portuguesa de Saúde, o momento atual, de eleições, é de esperança, no sentido de modificar o modelo económico, “que está esgotado”.
“É preciso estabilidade, que permita mudança e a rutura com modelo atual”, defendeu, adiantando que “se não mudarmos o rumo, vamos cada vez descer mais e ficar na cauda da União Europeia“.
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