Futebol profissional rende 228 milhões de euros em impostos ao Estado português

Estudo da EY relativo à última época mostra que o futebol profissional gerou receitas de quase mil milhões e contribuiu com 667 milhões para o PIB português, assegurando 3.504 empregos diretos.

A Liga Portugal e as sociedades desportivas que disputaram os dois principais campeonatos de futebol em Portugal registaram um volume de negócios superior a 987 milhões de euros na época 2022-2023, mais 74 milhões do que na temporada anterior, com o futebol profissional a reclamar uma contribuição recorde de 667 milhões para o PIB (+8%), equivalente a 0,26% da riqueza nacional.

Estes são os principais números incluídos na 7ª edição do Anuário do Futebol Profissional Português, produzido pela EY em parceria com a Liga. Abrange as contas da estrutura liderada por Pedro Proença — pelo oitavo ano consecutivo teve resultados operacionais positivos e fechou a época com receitas de 24 milhões e lucros de 825 mil euros — e das 34 sociedades desportivas que integraram as últimas edições da Liga Betclic e da Liga SABSEG.

No período em análise, o futebol profissional gerou 228 milhões de euros em impostos em Portugal, mais 6% do que na temporada anterior, sendo a competição principal responsável por 91% do impacto fiscal apurado. Quase oito em cada dez euros que entraram para os cofres do Estado português resultaram do pagamento de IRS e de contribuições para a Segurança Social, contabiliza ainda o estudo da EY, apresentado esta manhã no Estádio do Bessa (Porto).

O futebol profissional assegura 3.504 postos de trabalho diretos, mas 74% do bolo salarial (364 milhões de euros) vai para o bolso dos atletas. Para ilustrar a internacionalização deste setor, o mesmo relatório sublinha que 65% dos futebolistas foram transferidos de clubes da principal divisão portuguesa para ligas no estrangeiro, com estas 277 transações a movimentarem 505 milhões de euros. No total, o balanço do mercado de transferências teve 432 entradas e 427 saídas de jogadores, com um saldo positivo de 319 milhões de euros.

Pedro Proença, presidente da Liga PortugalJOSÉ COELHO/LUSA 7 junho, 2022

Ao longo da última temporada, 3,5 milhões de pessoas assistiram nos estádios a jogos da Liga Portugal Betclic (ocupação média de 51%), baixando estes indicadores para 338 mil e 27% na SABSEG, respetivamente. Durante a apresentação destes resultados, Miguel Farinha, country managing partner da EY Portugal, Angola e Moçambique, destacou o “impacto direto do futebol profissional na economia portuguesa, desde o contínuo aumento da sua contribuição para o PIB e receitas fiscais do Estado à dinamização de uma atividade geradora de emprego”.

Já o presidente da Liga Portugal considerou que esta atividade “assume-se de forma cada vez mais sustentada como uma das indústrias de maior relevância a nível nacional e com um papel preponderante na promoção do país no estrangeiro”, reclamando que “chegou o momento de [ver] finalmente reconhecido o papel deste setor no tecido económico e social português, garantindo ao futebol profissional as mesmas condições que são dadas a outras indústrias nacionais e àqueles com quem [tem] de competir a nível internacional”.

A carga fiscal do futebol profissional português limita a sua competitividade. Portugal é o país, a par de Itália, onde o escalão máximo de IRS (48%) é taxado no valor absoluto mais baixo (75.009 euros).

7ª edição do Anuário do Futebol Profissional Português

Em causa estão reivindicações como a redução dos custos de contexto, nomeadamente em sede de IRS, IRC ou IVA na bilhética (taxada no máximo, em contraste com os benefícios concedidos a outras áreas de entretenimento), que, como refere no relatório o antigo árbitro, são “uma questão de justiça (…) e de equidade”.

“A carga fiscal do futebol profissional português limita a sua competitividade. Portugal é o país, a par de Itália, onde o escalão máximo de IRS (48%) é taxado no valor absoluto mais baixo (75.009 euros). Este agravamento da tributação aplicada às sociedades desportivas dificulta a retenção de talento futebolístico, já que cria um nível de gastos que incapacita a competitividade financeira e desportiva face às sociedades desportivas internacionais”, lê-se no estudo.

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