ECO da Campanha: vantagem da AD em nova sondagem “aquece” a rua

Montenegro afasta "excesso de otimismo", Rui Rocha pede maioria de direita e até Rui Tavares admite "dialogar". À esquerda, Pedro Nuno desvaloriza assim como Mortágua e defendem ferrovia e habitação.

As caravanas dos partidos seguem estrada fora, embaladas pela segunda sondagem que volta a dar vantagem à Aliança Democrática (AD), coligação que junta PSD, CDS e PPM, sobre o PS. Luís Montenegro afasta “excesso de otimismo”, Rui Rocha, da IL, pede maioria de direita e até Rui Tavares, do Livre, admite “dialogar” com a “maioria democrática”. À esquerda, Pedro Nuno Santos desvaloriza a sondagem assim como a coordenadora do BE, Mariana Mortágua, e preferem focar-se em temas concretos, como a ferrovia e habitação, respetivamente.

O dia ficou ainda marcado pela passagem do líder do PS por Vendas Novas, uma das localizações mais viáveis a par de Alcochete para o novo aeroporto da região de Lisboa. Mas Pedro Nuno Santos recusou falar da infraestrutura aeroportuária. Logo pela manhã, comeu uma bifana com mostarda, bebeu uma cerveja, e quando foi questionado sobre se o novo aeroporto poderia ficar em Vendas Novas, atirou: “Não vou falar nisso”.

Marisa Matias fez uma aparição na campanha do BE e atacou a ‘lei Cristas’, “que está a expulsar as pessoas das cidades”, no dia em que, por coincidência, a antiga líder do CDS, Assunção Cristas, se juntou à AD, em outros momentos altos do dia.

Tema quente

A sondagem, divulgada na quarta-feira à noite, que dá vantagem à AD (33%) sobre o PS (27%), aqueceu o quarto dia de campanha. Os partidos à direita aproveitaram a dose dupla de energia, já que é a segunda projeção consecutiva que dá maioria à coligação, ainda que tanto AD como os socialistas surjam a perder votos face ao último estudo de opinião.

Luís Montenegro reconheceu que os resultados mostram uma “tendência” que é a da “rua”, reiterando a necessidade de conquistar “voto a voto” na campanha. Mas depois vestiu o casaco da humildade e afastou o excesso de otimismo: “Se alguém pensa que vamos entrar numa onde excessiva de euforia, não me conhece”.

Mais efusivo, o líder da IL, Rui Rocha, defendeu que está na “altura” de “pedir uma maioria clara para que essa mudança seja afirmada”, pelo que pede o “voto forte na IL”, na certeza de que este “transformará o país” e garantirá que essa “mudança” acontece com “certeza e firmeza”. E até o porta-voz do Livre, Rui Tavares, admitiu “dialogar” com a “direita democrática” para temas que precisam de consensos alargados, mas não para acordos de governação.

Já Pedro Nuno Santos e Mariana Mortágua desvalorizaram as projeções. “Nós preferimos que elas [as sondagens] sejam boas, mas não podemos ignorar o que aconteceu nos últimos tempos”, afirmou o líder do PS, lembrando que nos Açores davam a vitória ao PS e isso não aconteceu e, nas legislativas antecipadas de 2022, em que as projeções davam empate entre PS e PSD ou os socialistas atrás e o partido de António Costa conseguiu maioria absoluta.

“Temos de relativizar e estar concentrados no nosso trabalho, explicar às pessoas o que está em causa e o que está em risco.” Mortágua alinhou pelo mesmo diapasão: “Ninguém vota a olhar para as sondagens, toda a gente viu o que aconteceu nas últimas eleições. O que conta são os partidos e propostas em que acreditamos”.

A figura

Marisa Matias.

A eurodeputada pelo Bloco de Esquerda, e cabeça de lista pelo Porto, juntou-se esta quinta-feira à campanha eleitoral ao lado de Mariana Mortágua durante um desfile no Largo do Carmo, em Lisboa.

A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Mariana Mortágua (C-D), acompanhada pela eurodeputada e cabeça de lista do BE pelo círculo eleitoral do PortoFILIPE AMORIM/LUSA

A frase

"No dia a seguir o seu Ministério da Saúde [do PS] encerra, a partir de abril, sete ou oito valências de cirurgia de cancro na mama. Encerrar cirurgias de cancro da mama em várias unidades de saúde é um retrocesso brutal.”

Paulo Raimundo, secretário-geral do PCP e líder da CDU

A surpresa

Numa visita ao centro de saúde de Odemira, no distrito de Beja, o porta-voz do Livre, Rui Tavares, admitiu, pela primeira vez “dialogar” com a direita, mas sem o Chega. Questionado sobre cenários pós-eleitorais, Tavares afirmou, esta quinta-feira que “a direita democrática tem de ter com quem dialogar”. E acrescentou que quando a direita, formada pela Aliança Democrática (AD), coligação que junta PSD, CDS e PPM, e Iniciativa Liberal (IL), clarificar “que não conta com a extrema-direita para nada, é possível fazer muita coisa em conjunto que é necessária para melhorar a nossa democracia”, acrescentou.

A surpresa foi de tal ordem que a assessoria do partido teve de enviar um esclarecimento ao ECO para defender que a disponibilidade para o diálogo é apenas para “temas como revisões constitucionais, que necessitem de consensos alargados, e não para a governação”. Se a direita ganhar, o Livre vinca que “será oposição, dialogando”. “Se a esquerda ganhar, faremos parte da solução”, segundo fonte oficial do partido.

Rui Tavares, porta-voz do Livre

Prova dos 9

Eleitores preocupados com parecenças entre as siglas da AD e a ADN no boletim de voto?

"Têm-nos feito chegar preocupações de eleitores que ficam confusos quando veem as simulações de boletim de voto porque há uma parecença entre a sigla da AD e a da ADN. A ordem [dos partidos no boletim] não é igual em todos os círculos eleitorais, mas pessoas têm que ter esse esclarecimento.”

Luís Montenegro, líder da Aliança Democrática e presidente do PSD

Luís Montenegro foi confrontado pelos jornalistas, em Ansião, com o facto de alguns eleitores estarem a alertar para o facto de as semelhanças entre as siglas da AD e da ADN poderem levar alguns eleitores a votar erradamente no dia das eleições, a 10 de março. O alerta acontece dias depois da divulgação do mais recente tracking poll da TVI/CNN Portugal, no qual a Alternativa Democrática Nacional (antigo PDR), liderada por Bruno Fialho, surge com 1% das intenções de voto, atrás da CDU de Paulo Raimundo.

Não quero que nenhum eleitor que queira votar na ADN, vote na AD“, sublinhou o líder da coligação PS, CDS e PPM, esta quinta-feira. Um dia depois de já ter feito o mesmo apelo num comício em Évora. “Esta candidatura tem a sigla AD, Aliança Democrática. Há uma outra candidatura que é o ADN que não tem nada a ver connosco“.

Embora a ordem de listagem dos partidos não seja a mesma em todos os círculos eleitorais, e os logótipos dos dois partidos sejam diferentes (no caso da alínea dedicada à AD constam três logótipos referentes aos três partidos que formam a coligação), as duas siglas têm suscitado dúvidas entre os eleitores nas redes sociais. Sobretudo depois de alguns eleitores já terem exercido o seu voto antecipadamente. No X (antigo Twitter) alguns utilizadores têm chamado a atenção para esta realidade.

Conclusão: Verdadeiro.

Norte-Sul

A campanha eleitoral prossegue nas ruas, de Norte a Sul. Depois do pequeno-almoço reforçado, o secretário-geral do PS prosseguiu o quinto dia de campanha eleitoral em Évora com uma visita ao Hospital Central do Alentejo e às obras ferroviárias do Corredor Internacional Sul, terminando o dia com um comício em Portalegre.

Por seu turno, Luís Montenegro, líder da Aliança Democrática (AD) passou por Ansião, em Leiria, para visitar um empresa de têxteis (onde tirou medidas para “um fato exclusivo de primeiro-ministro”, depois de ontem ter sido atingido por tinta), seguindo caminho depois para Santarém, onde visitou o centro de estágios de Rio Maior e interveio num comício em Ourém.

O líder do Chega manteve-se pelo norte, começando por Bragança e rumando a Guarda, onde tem marcado um jantar-comício. Por seu turno, Rui Rocha, presidente da IL, começou o dia em Setúbal com a uma reunião com a Navigator, dedicando o resto do dia a visitar as escolas artísticas do conservatório e a contactar com estudantes, em Lisboa.

Por Lisboa encontram-se também os partidos mais à esquerda. Nomeadamente, a CDU de Paulo Raimundo – que de manhã fez um desfile em Queluz, no concelho de Sintra, e à tarde visitou a Associação de Paralisia Cerebral de Lisboa – e o Bloco de Esquerda de Mariana Mortágua que visitou a antiga escola Veiga Beirão e o museu do Grupo Dramático e Escolar “Os Combatentes”, antes de rumar a Leiria para um comício de campanha.

A porta-voz do PAN, Inês Sousa Real, esteve por Viseu para um encontro com bombeiro e uma manifestação dos professores, seguindo caminho para a Covilhã, ao passo que a campanha de Rui Tavares, coordenador do Livre, centrou-se por Beja e Faro.

Amanhã, assinala-se o sexto dia de campanha eleitoral, com os partidos a concentrarem-se mais na região centro do país. Depois dos comícios e arruadas, sobretudo, no norte do país, André Ventura ruma a Viseu, e pelo distrito de Guarda Luís Montenegro e Mariana Mortágua prosseguem as suas respetivas campanhas eleitorais.

A sul, em Castelo Branco, estará Pedro Nuno Santos, enquanto Rui Rocha está por Leiria. Por seu turno, o PAN e o Livre estarão de regresso a Lisboa para mais um dia de campanha, ao passo que a CDU rumará a Évora.

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