BRANDS' ECO Bancos vão continuar a existir, mas empresas são o futuro da distribuição de serviços financeiros

  • BRANDS' ECO
  • 5 Março 2024

Soluções financeiras integradas em plataformas não financeiras já são uma realidade. Apesar da evolução, fintechs ainda enfrentam desafios de regulação e de relação com fornecedores mais tradicionais.

As fintechs deram um novo fôlego ao ecossistema financeiro, abrindo portas à revolução de uma indústria com players e regras estabelecidas há longos anos. A banca tradicional vai continuar a desempenhar um papel de fundo importante, mas as empresas serão o futuro da distribuição de serviços financeiros integrados em negócios do dia-a-dia. Esta é apenas uma das conclusões da conferência Embedded Everything, organizada pela Portugal Fintech com o apoio do ECO.

O consenso reinou ao longo do evento, com todos os participantes a concordar que os serviços financeiros integrados estão a tornar-se parte do quotidiano. Além dos pagamentos dentro de aplicações ou da contratação de seguros, até pedir empréstimos em plataformas não-financeiras já é possível. O conceito de “compre agora, pague depois”, concretiza-o, permitindo em “apenas alguns segundos obter um crédito para adquirir um bem a prestações, fornecendo informações básicas e sem necessidade de recorrer a um banco”, começou por exemplificar Gonçalo Santos Lopes, country manager da Visa em Portugal.

Esta integração já é real no ecossistema empresarial e o comércio começa também a apostar neste sentido. Entre as grandes tendências do momento, verifica-se que os comerciantes estão “a conceber a sua própria experiência de pagamento e de crédito”, explicou, construindo a sua estrutura de pagamento integrado e assumindo o controlo da experiência oferecida ao cliente.

As empresas que oferecem a possibilidade de comprar agora e pagar depois, começam a criar parcerias com comerciantes online, até porque “61% dos consumidores já utiliza ou é a favor da utilização de serviços financeiros integrados nas compras online”, apontou Germain Bahri, responsável pela área de parcerias estratégicas do grupo Solaris.

Contudo, e apesar do comércio online ser “mais sexy”, a incorporação de soluções financeiras também já se faz nas lojas físicas, uma vez que “dois terços das transações nas lojas de retalho continuam a ser offline”, afirmou Luís Gama, da Unicre.

Outra grande tendência é o financiamento incorporado de “marca branca”, referiu o responsável da Visa. Isto é, para democratizar o acesso aos sistemas de financiamento integrado, empresas como a Klarna, por exemplo, permitem que os comerciantes mais pequenos e com menos recursos possam recorrer a essas soluções, independentemente da sua dimensão.

As oportunidades e os desafios

É cada vez mais claro que as empresas estão, de facto, a agarrar um papel de destaque nos serviços financeiros. Meaghan Johnson, fundadora da Digital Maggs, referiu, inclusive, que “marcas e empresas são o futuro da distribuição de serviços financeiros”, embora os bancos continuem a ser necessários para fazer o trabalho que fica “por baixo do icebergue”.

Os benefícios da integração são notórios, particularmente quando as fintechs podem atuar na sua área de especialidade: a construção de infraestruturas centradas nas necessidades do cliente, que baixam os custos, com programação de sistemas mais rápida e com a vantagem de adaptar os produtos mais rapidamente aos mercados.

Do ponto de vista da marca, o financiamento integrado elimina a necessidade de serviços financeiros aprofundados, conhecimento e experiência, assim como os requisitos de licenciamento. De acordo com Germain Bahri, desta forma, as empresas ganham “novos fluxos de receitas, mais opções de financiamento e fidelizam clientes”,

No entanto, não é surpreendente que exista alguma tensão entre novos e tradicionais intervenientes. Além do natural atrito, a regulação é outro desafio. Embora seja importante garantir o funcionamento seguro dos serviços financeiros os reguladores têm vindo a “travar” o crescimento da integração dos serviços financeiros, disse Johnson, precisamente para não pôr em causa as regras de compliance que os bancos já se habituaram a cumprir.

Os próprios serviços financeiros integrados têm agora de “recuperar o atraso em relação às entidades reguladoras”, alertou Vera Cardoso, da Morais Leitão, explicando que isto é o que “acontece sempre com novos setores” e que esta gestão de risco é necessária também pelo aumento da exposição “a riscos cibernéticos e à fraude”.

Ainda assim, a mensagem final surge no sentido de abraçar esses desafios, disse Gonçalo Graça Santos, da Via Direta, nomeadamente “juntando reguladores, fornecedores, produtores de serviços financeiros integrados, fintechs e consumidores num trabalho conjunto” para mitigar tensões e acompanhar a revolução em marcha no setor.

Conheça as intervenções e assista aos vídeos da conferência Embedded Everything AQUI.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Bancos vão continuar a existir, mas empresas são o futuro da distribuição de serviços financeiros

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião