ADN. Que partido é este que terá sido confundido com a AD?
O ADN era o antigo Partido Democrático Republicano, mas mudou de nome para evitar confusões com partidos como o PNR. Mas o mal-entendido repetiu-se com a AD.
O que era referenciado ao longo da campanha como uma possibilidade absurda pode ter-se tornado realidade: ao longo da votação deste domingo, começaram a surgir casos de pessoas que votaram no ADN – Alternativa Democrática Nacional, quando queriam votar na AD – Aliança Democrática, coligação que junta PSD, CDS e PPM. As sondagens à boca das urnas indicam que o ADN pode ter até 3% dos votos e os resultados oficiais mostram que o partido já multiplicou por oito a votação face a 2022 e tem 80 mil votos. Afinal, que partido é este?
O partido nasceu em 2014 com o nome Partido Democrático Republicano, pela mão do advogado António Marinho e Pinto, antigo eurodeputado pelo Partido da Terra (MPT). Tanto nas eleições legislativas de 2015 como de 2019 não elegeu nenhum deputado.
Em 2020, Bruno Fialho assumiu a presidência do partido e foi em 2021 que surgiu a decisão de mudar para a atual designação, com o aval do Tribunal Constitucional. E já na altura, a confusão com o nome de outros partidos era um problema. Como disse Fialho em entrevista ao Novo, tal “era problemático”. “Tivemos algumas situações em que simpatizantes nos enviavam mensagens a dizer que tinham acabado de votar em nós e a fotografia que enviavam era do PNR, porque os nomes confundem-se”, disse. Em 2022, o partido teve apenas 0,20% dos votos nas legislativas: foram 10.911 votos.
Agora, a confusão é com outra coligação, a AD. A coligação não é nova, sendo que este nome foi utilizado algumas vezes ao longo da história. Mais recentemente, tinha sido usada nas legislativas de 2022, mas apenas no círculo dos Açores.
Esta possibilidade de mal-entendido foi identificada durante a campanha, quando foram impressos os boletins de voto e também com o crescimento do ADN nas sondagens. Luís Montenegro chegou a pronunciar-se sobre o assunto, apontando: “O ADN não tem nada a ver connosco. A AD são três partidos, PSD, CDS-PP e PPM. O voto da esperança e da energia positiva é o da AD”. A AD lançou também uma campanha nas redes sociais para evitar confusões.
No dia das eleições, no entanto, começaram a surgir queixas de que eleitores se teriam enganado e votaram ADN em vez de AD. A AD apelou por isso à intervenção da Comissão Nacional de Eleições (CNE) devido à semelhança com ADN nos boletins de voto, mas a CNE escusou-se a discutir os eventuais problemas associados aos boletins de voto com semelhanças entre as denominações dos partidos AD e ADN, proibindo referências a partidos e coligações. Já o ADN apresentou uma queixa à CNE contra AD por interferência eleitoral.
Os resultados apurados até agora pela Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna revelam que o ADN já obteve 82.393 votos, oito vezes mais do que em 2022.
Segundo a página do ADN, o manifesto do partido defende que “fruto da necessidade do partido se afirmar como uma verdadeira alternativa, sem qualquer preconceito ideológico, abraçando as opções políticas e/ou ideológicas que, a cada momento, forem as melhores para o país e para os portugueses, o ADN recusa todas as velhas dicotomias que têm servido apenas para dividir os portugueses”.
Não se identificam assim na linha esquerda/direita: “o ADN não pode ser catalogado de acordo com a velha dicotomia esquerda/direita, pois é um partido que defende o primado da ética no exercício da atividade política e tem na sua matriz ideológica e constitutiva os valores universais do Humanismo, da liberdade, da justiça e da solidariedade”.
“A principal mudança que pretendemos consiste em introduzir uma forte componente de cidadania na atividade política“, enunciam no programa político.
Neste programa, o ADN reitera também que “recusa o falso cientismo, que tem levado os partidos instalados a executar programas e políticas nefastas ao interesse nacional” e defendem que “por motivos de soberania nacional, os setores estratégicos nacionais devem ser controlados pelo Estado ou pelo menos haver uma forma de garantir a independência do país em caso de confronto militar ou económico com quem detém as empresas desses setores, possibilitando a revisão de todos os processos, regras e contratos relacionados com as privatizações de empresas de setores estratégicos ou parcerias público-privadas”.
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