BRANDS' ECO “A gestão de RH vai ser cada vez mais influenciada pela IA”

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  • 21 Março 2024

Teresa Girbal, da eSPap, é a última convidada do podcast EY AI Talks, organizado pela EY em parceria com o ECO.

A Inteligência Artificial (IA) emergiu como uma força transformadora em diversos setores, desde a indústria até aos serviços financeiros e saúde. Este avanço tecnológico está a remodelar profundamente a forma como as organizações operam, as pessoas trabalham e interagem, e, até mesmo, a estrutura da sociedade em geral.

Para entender qual o impacto que a IA tem nas organizações, nas pessoas e na sociedade, Teresa Girbal, vice-presidente da eSPap, partilhou o seu ponto de vista sobre este tema no último episódio do podcast EY Talks, um podcast da EY, em parceria com o ECO. Esta conversa teve como anfitriã , Inês Vaz Pereira, Partner EY, People Consulting.

“Eu acho que a mudança é muito rápida e nós temos que nos ir adaptando. Se, antes, era mais possível tirar uma formação, um curso, e depois viver toda a vida profissional com base naquilo que se aprendeu, hoje em dia isso não chega porque o mundo muda muito depressa. A tecnologia muda muito mais rápido. Acontece que nós, para nos mantermos atuais, temos que nos ir formando, estudando, dando competências às nossas pessoas, bem como nós próprios aumentarmos essas competências. Daí que, mesmo a forma como capacitamos as pessoas hoje, não é igual ao que era dantes. Ou, pelo menos, não deveria ser”, começou por dizer Teresa Girbal.

Neste ponto, a própria atração de mulheres para áreas mais tecnológicas foi abordada como uma consequência positiva trazida pela IA: “A tecnologia liberta determinadas tarefas que permitem que outras áreas, que até nem tinham necessidade de ter tecnologia, hoje acabam por tê-la. E, por isso, há mais oportunidades, quer para homens, quer para mulheres. Nesse sentido, a IA veio ajudar muito isso porque faz um leveraging para trazer todos para o mesmo nível em termos de conhecimento, o que pode rapidamente aprofundar as competências necessárias de cada um, personalizando essa mesma educação e dando oportunidades a todos. Daí que a IA permita, a vários níveis, diminuir este gap e a gestão vai tem de levar isso em conta, quer seja utilizando a IA em modelos e em processos para a formação e para a capacitação, mas também para nivelar oportunidades, independentemente do seu género“.

Contudo, a vice-presidente da eSPap alertou para a necessidade de ser muito importante a IA ser bem construída para que não se torne uma ameaça. “Se nós implementarmos algo com base na IA e não tivermos a preocupação de não embutir preconceitos nessa mesma IA, então aí é muito pior. Vamos ter o erro e a não verdade divulgada e implementada. Desse ponto de vista, é uma responsabilidade. Daí a importância da capacitação, da educação, do upskilling e reskilling para que, de facto, nós possamos ter as melhores pessoas a fazer o melhor. Através dessa análise de trabalho nas organizações, podem ser recolhidos dados para se mudar para outro sítio e dar oportunidade a pessoas que, à priori, não se pensava que fossem capazes de o fazer“, acrescentou.

A capacitação deve começar pelos gestores

Teresa Girbal destacou, ainda, o Regulamento Inteligência Artificial, aprovado, no passado dia 13 de março, pelo Conselho Europeu: “O que diz este regulamento é que não se deve agir conforme a leitura das emoções. Há riscos grandes, mas aqui a Europa deu, mais uma vez, um passo em frente e pioneiro, portanto, é um bom sinal. Mas isto também deve ser uma grande mensagem para os gestores, que devem ser formados nisso“.

“Na própria eSPap estamos a pensar em dar conceitos básicos na área da IA e machine learning para todos os gestores porque nós temos muita tecnologia e precisamos de utilizar a tecnologia da melhor maneira para servir os nossos clientes. E, por isso mesmo, é preciso adquirir e ter essas competências para poder pensar, gerir e orientar. Dessa forma, sem dúvida alguma, a gestão de recursos humanos vai ser cada vez mais influenciada pela IA, desde o recrutamento”, continuou.

Ainda sobre este ponto, a vice-presidente da eSPap deu o exemplo do setor da administração pública, no qual, em termos de gestão, há menos ferramentas e menos graus de liberdade que tem uma empresa privada: “Mas, mesmo assim, não quer dizer que não se possa melhorar os nossos líderes para que a sua gestão seja mais de recursos humanos e mais de promoção desses mesmos recursos humanos. E, aí, a utilização da IA, aplicada a vários níveis, desde o recrutamento à gestão do dia-a-dia, é possível, seja na administração pública, seja nas empresas privadas. Apesar de as regras serem diferentes, os líderes têm de ser capazes de reconhecer esses padrões, reconhecer aquilo que é mais eficaz para as suas pessoas e implementar essas mesmas técnicas e decisões. E a IA tem aí uma grande vantagem porque trabalha com grandes números e com grandes dados que permitem, mais rapidamente, tirar conclusões e inserir resultados ou, até, comportamentos“.

Eu acho que nós precisamos de novos líderes, mas não quer dizer que precisemos de novas pessoas. Isto significa que nós temos de pensar e agir de maneira diferente. Nós temos que notar que aquilo que temos hoje tem de ser encarado com novas formas de resposta e, primeiro que tudo, antes de gerir a minha empresa, eu tenho que capacitar os executivos de topo. Tem de ser algo de cima para baixo, se não não há comunicação. E, não havendo comunicação, perde-se a mensagem. A primeira liderança é que temos de mudar a nossa forma de ver e tomar decisão. E a IA vai ajudar-nos imenso nisso, com a recolha dos dados, que faz com que nós próprios tomemos decisões mais informadas e mais rápidas”, concluiu.

Acompanhe, aqui, toda a conversa:

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