Pessoas vão viver mais e precisar de mais dinheiro. Mercados de capitais têm esses fundos, diz Larry Fink

O CEO da maior gestora de ativos do mundo, com 10 biliões de dólares sob gestão, alerta que o mercado de capitais vai ser determinante para responder ao problema do envelhecimento da população.

Em meados do século uma em cada seis pessoas no mundo terá mais de 65 anos, contra uma em cada 11 em 2019. Este número é revelador do problema que as principais economias enfrentam e que vai agravar os custos dos Governos com as reformas. Para Larry Fink, CEO da maior gestora do mundo, para suportar os sistemas de pensões, os Governos terão que desenvolver os seus mercados de capitais e incluí-los nas soluções para lidar com o problema das reformas.

“Se os meus pais tivessem 1.000 dólares para investir em 1960 e pusessem esse dinheiro no S&P 500 [o maior índice bolsista do mundo], na altura que chegassem à idade da reforma em 1990, os 1.000 dólares estariam avaliados em perto de 20.000 dólares. É mais do dobro do que teriam ganho se tivessem colocado o dinheiro no banco”, explica Larry Fink, na sua carta anual, publicada esta semana.

Se os meus pais tivessem 1.000 dólares para investir em 1960 e pusessem esse dinheiro no S&P 500 [o maior índice bolsista do mundo], na altura que chegassem à idade da reforma em 1990, os 1.000 dólares estariam avaliados em perto de 20.000 dólares.

Larry Fink

CEO da BlackRock

O CEO da BlackRock, responsável pela gestão de cerca de 10 biliões de dólares em todo o mundo, explica que os pais morreram quando já estavam no final dos seus oitenta anos, mas poderiam viver “confortavelmente” para lá dos 100 anos graças às poupanças que acumularam ao longo da vida. Isto porque em vez de deixarem o dinheiro no banco, investiram ao longo da sua vida no mercado de capitais, o que lhes permitiu rentabilizar as suas poupanças.

Mas porque é que Larry Fink, o líder da maior gestora de ativos do mundo, escolheu falar das finanças dos seus pais, na sua carta anual? O motivo é muito simples: pretende mostrar o poder do mercado de capitais na criação de riqueza e como recorrer ao investimento pode ajudar as pessoas a prepararem a reforma. Enquanto sociedade, focamos uma quantidade tremenda de energia em ajudar as pessoas a viver vidas longas. Mas nem sequer uma fração desse esforço é colocado em ajudar as pessoas a custear esses anos extra“, lamenta.

Numa análise histórica ao início da BlackRock, Larry Fink realça que sempre acreditaram que “os mercados de capitais se tornariam uma parte cada vez maior da economia global. Se mais pessoas pudessem investir nos mercados de capitais, criar-se-ia um ciclo económico virtuoso, alimentando o crescimento das empresas e dos países, o que, por sua vez, geraria riqueza para mais milhões de pessoas”.

Os países que aspiram à prosperidade não precisam apenas de sistemas bancários fortes, precisam também de mercados de capitais fortes.

Larry Fink

CEO da BlackRock

Numa comparação com os Estados Unidos, que têm o mercado de capitais mais desenvolvido do mundo, Larry Fink realça que cada vez mais países ambicionam ter um mercado à semelhança do norte-americano. Para o responsável, isto será fundamental para lidar com o problema de reforma no futuro. “Os países que aspiram à prosperidade não precisam apenas de sistemas bancários fortes, precisam também de mercados de capitais fortes“, defende.

“Nenhuma outra força pode tirar mais pessoas da pobreza ou melhorar a qualidade de vida como o capitalismo. Nenhum outro modelo económico pode ajudar-nos a alcançar as nossas maiores esperanças para a liberdade financeira – quer a queiramos para nós próprios ou para o nosso país”, reforça.

Larry Fink desafia os governos a repensar os esquemas de pensões. “As pessoas vão viver vidas mais longas. Vão precisar de mais dinheiro” e os mercados de capitais podem ser a fonte desse capital adicional “desde que os governos e as empresas ajudem as pessoas a investir”.

Mercado essencial na transição energética

Se as reformas são um dos grandes desafios dos líderes globais, não menos importante é a enorme quantidade de investimento que será necessário para financiar as infraestruturas necessárias para alcançar a transição energética e digital das economias.

À medida que os países descarbonizam e digitalizam as suas economias, aumentam a procura por todo o tipo de infraestruturas, desde redes de telecomunicações até novas formas de gerar energia”, refere Link, que destaca a transição energética. “Nos meus quase 50 anos no setor financeiro, nunca vi tanta procura por infraestruturas energéticas. E isso acontece porque muitos países têm objetivos duplos: querem fazer a transição para fontes de energia com baixo teor de carbono e, ao mesmo tempo, alcançar a segurança energética”, explica.

Para o reconhecido gestor, “os mercados de capitais podem ajudar os países a cumprir os seus objetivos energéticos, incluindo a descarbonização, de uma forma acessível“.

O líder da BlackRock destaca os biliões que estão a ser investidos em infraestruturas. “Nos países em desenvolvimento, as pessoas estão a ficar mais ricas, aumentando a procura por tudo, desde a energia aos transportes, enquanto nos países ricos os governos precisam de construir novas infraestruturas e reparar as antigas“, conclui.

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