BRANDS' ECO “Apesar da incerteza no mercado, os CEO mantêm-se confiantes quanto ao futuro do setor bancário”

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  • 12 Abril 2024

Em entrevista, Rodrigo Lourenço, Partner de Advisory da KPMG Portugal, analisa as tendências dos CEO do setor bancário.

No estudo KPMG 2023 Banking CEO Outlook foram inquiridos 142 CEO do setor bancário, acerca do seu olhar para as perspetivas de negócio e panorama económico nos próximos três anos. Em entrevista, Rodrigo Lourenço, Partner de Advisory da KPMG Portugal, analisa as principais conclusões.

Qual é, para si, a conclusão mais marcante do estudo KPMG 2023 Banking CEO Outlook?

Apesar da incerteza no mercado, os CEO mantêm-se confiantes quanto ao futuro do setor e ao impacto das medidas de transformação que têm vindo a ser implementadas e que contribuem decisivamente para uma maior resiliência das instituições.

Foi avaliado o nível de confiança dos CEO nas perspetivas de crescimento do setor, o qual apresentou, face a 2022, uma queda de 84% para 76% e de 82% para 76% no que se refere à confiança do crescimento da sua empresa. Qual considera ser a principal razão desta diminuição de confiança?

O aumento do nível de incerteza geopolítica e económica que se verificou entre os surveys de 2022 e 2023 explicará uma parte significativa da variação do nível de confiança. Ainda assim, sublinho que a confiança dos CEO se mantém em níveis bastante elevados, particularmente face a uma série mais longa dos surveys da KPMG. De facto, o setor respondeu de forma positiva e firme aos desafios dos últimos anos e apresenta hoje condições muito favoráveis para enfrentar os desafios que se perspetivam no futuro.

No que se refere à estratégia ESG, como é que o setor está a investir nesta área, quais os principais desafios e que retorno esperam alcançar?

Os reguladores, reconhecendo a importância das instituições bancárias na agenda ESG (Environmental, Social & Governance), têm vindo a impor exigências às entidades sob supervisão, sendo por isso um catalisador da incorporação dos princípios ESG na atuação dos bancos. Contudo, com a perspetiva de aumento muito significativo da atividade económica alinhada com os objetivos ESG – em particular, a transição energética – constitui uma enorme oportunidade para os bancos. Um dos desafios deste processo de transformação será o desenvolvimento das competências necessárias para gerir adequadamente esta oportunidade de negócio.

Num setor onde a digitalização está cada vez mais presente que importância está a ser dada à retenção de talentos?

Equipas competentes e motivadas são um requisito para o sucesso de qualquer organização, independentemente da fase de maturidade do negócio. Os CEO bancários apontam o desenvolvimento de uma proposta de valor para os seus colaboradores como uma das suas prioridades para os próximos anos de forma a atrair e reter pessoas talentosas.

Rodrigo Lourenço, Partner Advisory da KPMG Portugal
Rodrigo Lourenço, Partner de Advisory da KPMG Portugal

Qual o peso que questões como igualdade de género, diversidade e inclusão têm para os CEO e como olham para os regimes de trabalho in-office, híbrido e 100% remoto?

Desde há vários anos que os surveys da KPMG refletem um firme compromisso dos CEO com os temas de diversidade e inclusão, bem como a certeza de que organizações e equipas mais diversas e inclusivas potenciam melhores decisões de gestão, maior produtividade e maior colaboração. Os reguladores financeiros têm contribuído para a incorporação desta agenda nos bancos, particularmente ao nível dos órgãos sociais das instituições.

Relativamente à segunda parte da pergunta, a expectativa dos CEO é de um aumento do peso do modelo de trabalho híbrido (por redução do in-office) e a manutenção em níveis relativamente baixos do modelo fully remote. Dito isto, 86% dos CEO antecipam que o trabalho in-office tenderá a ser recompensado.

"O setor tem evoluído muito no que se refere à cibersegurança, mas nem por isso os CEO entendem este assunto como resolvido, continuando a apontar esta como uma das prioridades da gestão dos bancos”

Rodrigo Lourenço

Partner de Advisory da KPMG Portugal

73% dos inquiridos concordam que a Inteligência Artificial Generativa é a oportunidade de investimento mais importante para a sua empresa. Quais os principais benefícios da aplicação da IA no setor e quais os grandes desafios nesta área?

Dada a natureza da sua atividade, os bancos estão entre as entidades que maiores benefícios podem retirar da introdução de AI nas suas operações. De acordo com o survey, o AI contribuirá, entre outros, para o aumento da rentabilidade das operações, para uma melhor deteção de fraude e prevenção de ciberataques, para o desenvolvimento de novos produtos e para acelerar a inovação e a análise de dados.

Por outro lado, os custos de implementação e a disponibilidade de competências tecnológicas, para além das questões éticas, são apontados pelos CEO como três desafios ao processo de integração de AI nas suas organizações.

Por fim, a segurança é um tema crucial no setor bancário. Está a banca mais bem preparada para fazer face aos ciberataques, considerando as crescentes ameaças digitais e a evolução das tecnologias de segurança cibernética?

O setor tem evoluído muito no que se refere à cibersegurança, mas nem por isso os CEO entendem este assunto como resolvido, continuando a apontar esta como uma das prioridades da gestão dos bancos. De facto, a maior sofisticação dos ciberataques e a escassez de profissionais qualificados nesta área continuam a motivar investimentos dos bancos para reforçar as suas defesas e adotar soluções de segurança mais evoluídas e eficazes.

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