Espanha e Irlanda “cada vez mais perto” de reconhecerem Palestina
O objetivo de dar uma "mensagem de esperança" aos palestinianos e "mostrar ao mundo" que na Europa há atores que respeitam a ordem internacional "em todos os casos",
Os primeiros-ministros de Espanha e da Irlanda, Pedro Sánchez e Simon Harris, reiteraram esta sexta-feira que os dois países estão prontos para reconhecer a Palestina como Estado e garantiram que esse momento está “cada vez mais próximo”.
“O momento está cada vez mais próximo. A vontade que manifesto, como presidente do Governo de Espanha, é que possamos tomar essa decisão de forma coordenada [com outros países]”, disse Sánchez, que já assumiu o compromisso de reconhecer o estado palestiniano até julho, mas hoje não foi mais concreto em termos de datas.
“Estamos prontos para reconhecer o Estado da Palestina. Pensamos ser importante fazê-lo no momento adequado e esse momento está cada vez mais perto. Pensamos também que é importante avançar em conjunto com outros países e queremos fazê-lo com Espanha e com outros no momento adequado”, disse, por seu turno, Simon Harris. Sánchez e Harris falavam em Dublin, no final de um encontro entre os dois dedicado ao tema do Médio Oriente.
Ambos voltaram a condenar os ataques a Israel do grupo islamita radical Hamas de 7 de outubro, mas também a resposta de Telavive, com bombardeamentos e operações terrestres na Faixa de Gaza que mataram dezenas de milhares de civis, destruíram as infraestruturas do território e têm impedido a entrada de ajuda humanitária. “É possível fazer as duas coisas”, sublinhou Simon Harris, em resposta a críticas de Israel sobre a postura assumida pela Irlanda.
Sánchez e Harris consideraram que a paz no Médio Oriente só é possível com a solução dos dois estados (israelita e palestiniano) e o primeiro-ministro de Espanha reiterou que “a comunidade internacional só pode ajudar a Palestina se reconhecer a sua existência”. Para Espanha, este é um ponto de partida necessário para tentar abrir um processo de paz, para pôr em pé de igualdade as duas partes numa negociação.
Sánchez afirmou que o reconhecimento do estado da Palestina, além de querer contribuir para pôr em marcha um processo de paz, tem também o objetivo de dar uma “mensagem de esperança” aos palestinianos e “mostrar ao mundo” que na Europa há atores que respeitam a ordem internacional “em todos os casos”, afirmando que salvar vidas é tão importante na Ucrânia como em Gaza.
“Olhar para o lado não é aceitável” e não agir, em busca de uma solução para o Médio Oriente, “só trará mais sofrimento, mais mortos, mais rancor e mais conflitos à região e, por consequência, ao mundo”, acrescentou, depois de ter alertado para o cada vez maior risco de escalada do conflito. Sánchez e Harris manifestaram também apoio ao reconhecimento da Palestina como membro de pleno direito das Nações Unidas.
Para o governo de Espanha, como reiterou o próprio Sánchez, este debate em curso na ONU e a situação humanitária e de destruição na Faixa de Gaza fazem deste momento “um ponto chave” para avançar nas posições perante o conflito israelo-palestiniano, nomeadamente, com o reconhecimento do estado da Palestina. Sánchez iniciou esta sexta uma ronda de contactos com cinco homólogos europeus para tentar reunir apoios ao reconhecimento do estado palestiniano.
Além da Irlanda, esteve de manhã na Noruega. Na próxima semana, vai abordar o assunto com o primeiro-ministro português, Luís Montenegro, em Madrid, antes de, na terça-feira, viajar para a Eslovénia e Bélgica. Este périplo europeu segue-se a outro, no início deste mês, pela Jordânia, Arábia Saudita e Qatar, onde defendeu mais pontes entre a União Europeia (UE) e os países árabes.
No final de março, assinou com outros três primeiros-ministros europeus (da Irlanda, Eslovénia e Malta) uma declaração a comprometer-se com o reconhecimento do Estado da Palestina. A Noruega não faz parte da União Europeia. Já dentro da UE, nove Estados-membros reconhecem já a Palestina: Bulgária, Chipre, República Checa, Hungria, Malta, Polónia, Roménia e Eslováquia deram o passo em 1988, antes de aderirem ao bloco europeu, enquanto a Suécia o fez sozinha em 2014, cumprindo uma promessa eleitoral dos sociais-democratas então no poder.
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