Líder britânico acusa Irão de querer desestabilizar Médio Oriente
"Foi uma escalada imprudente e perigosa. Se tivesse tido êxito, as consequências para a segurança regional e os cidadãos israelitas teriam sido catastróficas", afirmou o primeiro-ministro britânico.
O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, acusou esta segunda-feira o Irão de estar a tentar “mergulhar o Médio Oriente numa nova crise” ao atacar Israel, indicando que o G7 está a preparar represálias diplomáticas. “Foi uma escalada imprudente e perigosa. Se tivesse tido êxito, as consequências para a segurança regional e os cidadãos israelitas teriam sido catastróficas”, afirmou, numa declaração na Câmara dos Comuns (câmara baixa do parlamento).
O chefe de Governo confirmou que a Força Aérea britânica destruiu uma série de ‘drones’ (aparelhos aéreos não tripulados) iranianos e forneceu informações e apoio de reconhecimento no dia do ataque conduzido por Teerão, sábado passado, numa operação conjunta com França e outros países.
Sunak reafirmou o apoio britânico a Israel, lamentando que o Irão esteja “decidido a semear o caos” e desestabilizar o Médio Oriente, e indicou que os países do G7 (grupo formado por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido, mais a União Europeia) estão a coordenar “potenciais medidas diplomáticas” para os próximos dias. A intervenção britânica, salientou o governante, visa promover a segurança na região e reiterou que o Reino Unido mantém-se favorável a uma “solução dos dois Estados” israelita e palestiniano.
“Quero deixar claro que nada do que aconteceu nas últimas 48 horas altera a nossa posição relativamente a Gaza”, afirmou, repetindo o apelo ao acesso de mais ajuda humanitária e a um cessar-fogo no enclave palestiniano, alvo de intensos bombardeamentos israelitas desde outubro passado. O líder da oposição britânica, o trabalhista Keir Starmer, manifestou apoio às ações e à posição do Governo e condenou o ataque iraniano, mas acrescentou que “Israel tem agora de mostrar a mesma força e coragem para reduzir a escalada”.
O Irão lançou na noite de sábado e madrugada de domingo um ataque contra Israel, com recurso a mais de 300 ‘drones’, mísseis de cruzeiro e balísticos, a grande maioria intercetados, segundo o Exército israelita. Teerão justificou o ataque como uma medida de autodefesa, argumentando que a ação militar foi uma resposta “à agressão do regime sionista” contra as instalações diplomáticas iranianas em Damasco (Síria), ocorrida a 1 de abril e marcada pela morte de sete membros da Guarda Revolucionária e seis cidadãos sírios.
A comunidade internacional ocidental condenou veementemente o ataque do Irão a Israel, apelando à máxima contenção, de forma a evitar uma escalada da violência no Médio Oriente, região já fortemente instável devido à guerra em curso há mais de seis meses entre Israel e o grupo islamita palestiniano Hamas na Faixa de Gaza.
No domingo, o ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, David Cameron, convocou o encarregado de negócios da embaixada iraniana no Reino Unido, Mehdi Hosseini Matin, condenando o ataque, que considerou “uma escalada profundamente perigosa e desnecessária por parte do Irão”. O Reino Unido apelou também à libertação “imediata e incondicional” do navio-cargueiro “MSC Arries”, de bandeira portuguesa e com registo na Região Autónoma da Madeira, e da respetiva tripulação.
O navio foi apreendido pelas forças armadas iranianas em águas internacionais no sábado.
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