Agricultura pode ter menos impacto no ambiente se usar conhecimento científico disponível, diz ministra
Graça Carvalho falava na abertura da 13.ª edição da Universidade Europa, uma iniciativa de formação política que reúne cerca de 70 jovens na Curia (Aveiro).
A ministra do Ambiente e Energia defendeu que a agricultura pode ter menos impacto ambiental se usar “todo o conhecimento científico disponível” e atribuiu as altas emissões dos transportes em Portugal ao “completo abandono da ferrovia”.
Graça Carvalho falava na abertura da 13.ª edição da Universidade Europa, uma iniciativa de formação política que reúne cerca de 70 jovens na Curia (Aveiro), contando no domingo com intervenções do primeiro-ministro e líder do PSD, Luís Montenegro, e do cabeça de lista às europeias da AD (coligação que juntará PSD, CDS-PP e PPM), Sebastião Bugalho.
Num painel dedicado ao ambiente e clima, que contou também com a intervenção da eurodeputada Lídia Pereira, a ministra do Ambiente e Energia foi questionada sobre o impacto na agricultura portuguesa das cada vez maiores exigências da União Europeia.
“Tem de ser feito um trabalho para modernizar e introduzir novas tecnologias nos diferentes setores. Muito foi feito já na indústria, está a ser feito nos transportes, um esforço semelhante tem de ser feito na agricultura. A agricultura pode ter um menor impacto no ambiente do que tem, se utilizar todo o conhecimento cientifico disponível”, disse Graça Carvalho.
A ex-eurodeputada salientou que a prioridade do financiamento europeu para a agricultura vai ser precisamente esse: “Usar o conhecimento para menor impacto, porque é possível ter menor impacto”, disse.
A eurodeputada Lídia Pereira – a única “repetente” da lista do PSD em 2019 para as europeias de 09 de junho – admitiu que está a ser pedido um grande esforço aos agricultores, mas salientou que “não encontrou nenhum” que não esteja preocupado com o impacto das alterações climáticas.
Quanto ao passado recente neste setor, a ministra considerou que “Portugal tem feito um esforço meritório nas energias renováveis”, mas apontou domínios onde o país está “francamente mal”.
“Temos 38% das emissões na área do transportes, quando a média europeia é de 28% – isto muito devido ao facto ao termos um completo abandono, ou muito abandono da ferrovia”, afirmou, prometendo que irá trabalhar com o atual ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, nesta área.
Ouras prioridades apontadas pela ministra passam pela redução da pobreza energética – alertando que terá de haver um “grande investimento privado e público” na melhoria da eficiência dos edifícios -, aumentar as taxas de reciclagem e melhorar a gestão da água, área em que assumiu “uma situação complicada”, com parte do Algarve e Alentejo já em situação de escassez permanente.
“A primeira política é tentar reduzir o consumo, com o envolvimento das pessoas, reduzir as perdas e usar água residual reciclada por exemplo nos campos de golfe, jardins”, disse.
A este propósito, comprometeu-se em continuar o projeto do anterior Governo da dessalinizadora do Algarve, já com concurso aberto – “esperamos em breve tê-la a funcionar” – e em aproveitar “as barragens que existem e estão ainda subaproveitadas”.
“Têm de ser a primeira prioridade e só depois de tudo isto pensar em coisas novas”, afirmou.
As duas oradoras defenderam o compromisso da União Europeia na luta contra as alterações climáticas, frisando que o continente europeu produz 7% das emissões com efeitos de estufa (era 14% em 2009), contra quase 27% da China, a salientaram a importância das negociações internacionais.
“Temos de liderar pelo exemplo, ninguém nos vai acompanhar se não o fizermos”, afirmou a ministra, comprometendo-se com uma forte presença portuguesa na próxima cimeira do clima, em Baku, em novembro, apesar de confessar ser “um bocadinho estranho” a realização deste evento “num sítio onde cheira a petróleo por todo o lado”.
“Não nos vai impedir de lá estar e fazer a nossa negociação e apelar a que os outros façam um esforço pelo menos equivalente”, afirmou.
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