BRANDS' ECO “Promoção e divulgação da Engenharia para alcançar a sustentabilidade nas cidades é o principal objetivo da Sustainability4cities”
A Sustainability4cities, organizada pela Ordem dos Engenheiros - Região Norte, acontece a 5 de junho, em Serralves. Maria João Correia, vice-presidente da OERN, explica o objetivo da conferência.
A Ordem dos Engenheiros – Região Norte (OERN) está a organizar, em parceria com a Fundação de Serralves, a conferência Sustainability4cities. O evento, dedicado à forma como a engenharia pode ajudar as cidades a tornarem-se mais sustentáveis, acontece no próximo dia 5 de junho, no auditório do Museu de Arte Contemporânea da Fundação de Serralves.
Maria João Correia, vice-presidente da OERN, partilha, em entrevista ao ECO, quais as motivações para a criação desta conferência e ainda explica quais são os principais objetivos que a Ordem dos Engenheiros – Região Norte tem ao trazer este tema para a discussão pública.
1. O que motivou a organização da conferência Sustainability4cities?O Sustainability4cities é uma iniciativa, já com algumas edições, organizada pela Ordem dos Engenheiros – Região Norte (OERN), por forma a abrir o debate entre as várias partes interessadas sobre a temática das cidades e da respetiva luta contra as alterações climáticas.
É importante realçar que cerca de metade da humanidade vive em cidades e estas ocupam cerca de 3% do espaço da terra e são responsáveis por 60-80% do consumo de energia e 75% emissões de carbono. Encontramo-nos, portanto, numa mudança de paradigma para vivermos em cidades mais desenvolvidas e sustentáveis, pelo que a OERN abre assim a discussão à sociedade.
2. Qual o principal objetivo que a Ordem dos Engenheiros tem com a realização deste evento?A promoção e a divulgação da Engenharia para alcançar a sustentabilidade nas cidades é o principal objetivo desta conferência. Queremos envolver as várias partes interessadas, desde legisladores, municípios, academia, empresas e a comunidade em geral nesta discussão, que é uma responsabilidade de todos nós.
Estas conexões são fundamentais para desenvolvermos e implementarmos soluções, sendo os engenheiros imprescindíveis nesta transformação. Este é um ponto que queremos também reforçar à sociedade – Há futuro onde há engenheiros.
3. Os ecossistemas e a biodiversidade serão abordados, na conferência, no panorama das cidades. Como se pode dinamizar esta realidade nos diferentes municípios?Os ecossistemas e a biodiversidade são extremamente importantes, mesmo em meio urbano, quer a nível social, económico ou ambiental. Os espaços verdes urbanos, jardins e fachadas verdes, podem acolher uma grande variedade de espécies nativas e fornecer habitats importantes para polinizadores, aves e outros animais. Além disso, a biodiversidade urbana pode trazer benefícios importantes para o bem-estar humano, tais como a melhoria da qualidade do ar, a redução da poluição, regulação de microclima, a educação ambiental e mesmo dos aspetos culturais e recreativos que estes oferecem e que são fundamentais para o bem-estar dos seus habitantes, com efeitos positivos na nossa saúde física e mental.
Os diferentes municípios, através da integração de soluções baseadas na natureza (SbN), na conceção e planeamento urbano, podem promover a conectividade ecológica e apoiar a resiliência dos ecossistemas locais. Sendo que, este ano, a conferência é realizada em Serralves, um magnífico parque repleto de ecossistemas e de biodiversidade, que se estende por 18 hectares dentro da cidade do Porto, pareceu-nos essencial ter um painel dedicado a este tema. De qualquer forma, apesar deste pulmão, é de louvar que Serralves tenha a sua própria estratégia para alcançar a neutralidade carbónica devido à atividade do museu e da manutenção do parque.
4. Outro dos temas que irá ser discutido na conferência são as cidades e as comunidades inclusivas. De que forma as comunidades inclusivas beneficiariam as cidades?Tornar as cidades inclusivas e sustentáveis é o 11° dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU). Segundo um relatório do Banco Mundial, as cidades precisam de planeamento urbano integrado e gestão financeira para alcançar resultados como o crescimento económico robusto, conservação dos recursos naturais, mitigação das emissões de gases com efeito de estufa e promoção da inclusão e da habitabilidade através da redução da pobreza.
E a inclusão refere-se a todos, pois todos têm o direito de participar no seu desenvolvimento e usufruir do acesso dos seus serviços. E quando falamos de uma cidade inclusiva, falamos de acesso transportes e a habitação digna a preços acessíveis, seguras, com espaços verdes e um ambiente limpo, acesso inclusivo a cuidados de saúde, educação e empregos, bem como ao desenvolvimento das políticas e à participação cívica.
Quando falamos em inclusão, falamos na construção de comunidades abertas, acolhedoras, multiculturais, sem preconceitos com oportunidades e igualdade para todos os cidadãos. Porque sendo inclusivas, as cidades serão espaços verdadeiramente apetecíveis para vivermos e prepararmos as futuras gerações, para além de garantirmos a sustentabilidade das mesmas.
5. Qual o impacto que espera que este evento tenha?Esperamos que este evento abranja um público alargado e de diferentes áreas, sensibilizando decisores e sociedade em geral para a importância da Engenharia e a necessidade de todos trabalharmos em prol de um mundo mais verde e inclusivo, e de cidades mais sustentáveis, em que cada um tem um papel muito relevante e ativo.
6. No futuro, considera que as cidades serão mais sustentáveis?Já estamos nesse caminho por todo o mundo e com certeza que, no futuro, as cidades serão mais sustentáveis, pelo menos em comparação com o cenário atual. Em Portugal o progresso tem sido lento, mas temos já vários municípios que se comprometeram com a neutralidade carbónica (pouco mais de 40 municípios, embora apenas menos de 30% destes tenham elaborado um roteiro específico para a concretização deste objetivo).
Este pouco esforço parece-me problemático. A sociedade tem de agarrar esta questão e pressionar cada município, cada empresa, cada um de nós a fazer mais. Tem de haver mais ação!
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