“Apostamos na criação de um ecossistema nacional de dados em saúde”

  • ECO
  • 3 Junho 2024

No encerramento da 2ª Conferência ECO Saúde e Economia, esteve presente Cristina Vaz Tomé, Secretária de Estado da Gestão da Saúde, que partilhou algumas das medidas a serem implementadas.

A segunda Conferência ECO Saúde e Economia, que se realizou na passada terça-feira, dia 28 de maio, no estúdio do ECO, teve como tema o “Impacto da Saúde na Economia Nacional” e ficou marcada pela presença de Cristina Vaz Tomé, Secretária de Estado da Gestão da Saúde, que fez o encerramento da sessão e partilhou algumas das prioridades a serem postas em prática nos cuidados de saúde.

“O impacto da saúde na economia é um dos aspetos cruciais na minha função como secretária de Estado da Gestão da Saúde.
A saúde contribui diretamente para o bem-estar da sociedade e para a criação de riqueza, o que justifica as despesas e investimentos com ela“, começou por dizer.

Ainda assim, Cristina Vaz Tomé reconheceu que a natureza da procura de cuidados de saúde está a mudar, em resultado do envelhecimento e da prevalência crescente de doenças crónicas: “Estes factos constituem um desafio para o sistema de prestação de cuidados de saúde que, para funcionarem de forma eficaz e eficiente, têm necessariamente que adotar uma cultura e mecanismos de gestão mais exigentes, que lhes permitam ter controlo sobre a atividade e que sejam motivadores dos profissionais de saúde“.

Se tal não acontecer, “os custos serão desnecessariamente elevados, com qualidade potencialmente reduzida, o que representa um risco para a sociedade e um custo para a economia nacional”. Nesse sentido, para se aumentar o valor através da reforma dos sistemas de prestação de cuidados de saúde, em especial tendo em conta o contexto atual de mudança, a secretária de Estado apontou que os vários pontos aos que se devem dar prioridade.

Ter “cuidados de saúde prestados em locais com custos mais controlados, tendo sempre no centro o benefício do cidadão, o que exige maior integração entre sistemas público, social e privado, para fazer face aos efeitos ineficazes da fragmentação da prestação de cuidados de saúde e melhorar a qualidade do serviço” foi a primeira medida anunciada por Cristina Vaz Tomé, que considera que “a prevenção e promoção da saúde tem também de estar no centro da prestação de cuidados de saúde”.

“A transferência da prestação de cuidados de saúde para contextos de custos mais baixos” foi outro dos pontos mencionados: “Se é possível prestar mais cuidados no âmbito dos cuidados primários, será necessário prestar menos cuidados em contextos de utilização mais intensiva de recursos. Isto está relacionado com as necessidades específicas dos doentes, com doenças crónicas, embora outros doentes também possam beneficiar”, continuou.

Ainda sobre os doentes com doenças crónicas e, frequentemente, com co morbilidades, a secretária de Estado enalteceu a necessidade destes de terem acesso a uma vasta gama de serviços no âmbito dos cuidados primários e secundários e a urgência de melhorar a infraestrutura de coordenação, através do desenvolvimento de sistemas e tecnologias de informação eficazes.

Além disso, foram ainda referidas como prioridades a “introdução de coordenadores de cuidados que podem concentrar-se no percurso dos cuidados do doente e aliviar o médico de família ou o doente deste encargo”, bem como a “eliminação dos desperdícios”: “O desperdício pode criar ineficiências e ser suscetível de comprometer a realização de objetivos pré acordados. É um gigantesco desafio, mas urge começar a identificar os indicadores certos e implementar os mecanismos que permitam medir e controlar a prestação de serviços de saúde”.

“A sustentabilidade do SNS implica uma transformação que resultará em oportunidades em termos económicos. É inegável que o atual contexto determina que precisamos de mais digitalização, mais reutilização de dados em proveito do cidadão, mais prevenção na saúde, melhor gestão dos recursos. A este propósito, vale a pena referir as agendas mobilizadoras do Plano de Recuperação e Resiliência, que encorajam o desenvolvimento de startups de saúde e a atração para Portugal de líderes nesta área”, ressalvou.

No seu conjunto, Cristina Vaz Tomé considera que “é expectável que estes projetos, até ao final de 2025, gerem mais de 114 novos produtos ou serviços“: “Este quadro terá a natural correspondência no aumento dos postos de trabalho qualificados, assim como nas receitas e exportações. Deste modo, contribuímos para a construção de um ecossistema que cria mais valor em saúde e para a economia nacional”.

“O nosso compromisso nestas matérias é claro: queremos garantir o acesso universal aos cuidados de saúde, com recurso a todos os meios públicos, privados e sociais. Para isso, apostamos na criação de um ecossistema nacional de dados em saúde, enquadrado no sistema europeu de dados em saúde e na implementação do registo eletrónico de saúde, suportado numa política digital e de IA controlada. Apostamos no desenvolvimento e aceleração dos centros académicos clínicos, em projetos de investigação, desenvolvimento e inovação, com impacto nos resultados de saúde dos doentes e na conceção e produção industrial de produtos e serviços”, revelou.

A secretária de Estado acrescentou, ainda, que, no âmbito do ecossistema da ciência, há um foco em criar condições para multiplicar por três o número de ensaios clínicos que se realizam hoje em Portugal, de forma a promover o desenvolvimento de um ecossistema de quadros diferenciados e especializados nas ciências da saúde: “Pretendemos a abertura de projetos-piloto de unidades de saúde familiar modelo C, em parceria público-privada, ou público-social, destacando-se pela sua gestão avançada em autonomia“.

A saúde também pode e deve ser o motor do desenvolvimento económico e social do país, capaz de consolidar Portugal como um hub de desenvolvimento da economia da saúde”, concluiu.

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