“Seria importante haver uma maior diversificação dos destinos das exportações”

Portugal entre os países onde a conectividade mais cresceu com a diversificação das exportações. Um processo que tem de ser aprofundado, defende o CEO da DHL Portugal.

O CEO da DHL Portugal defende que as empresas portuguesas deviam fazer um esforço para exportar mais para fora da Europa, face aos níveis de crescimento mais reduzidos da região. Países como Malásia, Vietname e Índia merecem aposta, diz José Reis. Diz ainda que país está a perder oportunidade enorme no comércio eletrónico.

“A economia europeia é previsto que cresça 0,7%, o que não facilita muito a vida à economia portuguesa, no sentido em que os exportadores exportam maioritariamente para a Europa. Seria importante haver uma maior diversificação dos [destinos] das exportações, para que não estivessem tão expostos“, aponta em entrevista ao ECO.

José Reis aponta alguns países e regiões que deveriam merecer maior atenção das empresas portuguesas. “A região Ásia-Pacífico está a crescer de forma muito significativa, com destaque para países como a Malásia, o Vietname e a Índia, e por isso são mercados em que nós deveríamos apostar mais”, afirma. O mesmo acontece com “países da América Latina ou mesmo África, como o Quénia e a África do Sul”. Seria, defende o CEO da DHL Express Portugal, “uma forma de baixar o risco”.

O gestor do gigante alemão da logística considera ainda que Portugal tem de fazer mais para aproveitar as oportunidades do comércio eletrónico, sobretudo nos negócios entre as empresas.

Portugal continua a ser um dos países da União Europeia onde a percentagem de empresas que usa o comércio eletrónico é mais baixa, segundo dados do Eurostat. Em 2022 eram cerca de 18%, o quinto registo mais baixo entre os 27 Estados-membros.

“As empresas ainda não estão a fornecer-se online, ou porque ainda não foram criadas as condições ou porque poderão ainda não ter encontrado aí as vantagens que eu acho que o e-commerce business to business tem”, afirma José Reis. “É um mercado muito grande, muito maior que o mercado business to consumer, mas eu também sinto no mercado que as empresas ainda não estão despertas para esta dimensão, que é de facto brutal. Estamos a falar na ordem dos triliões de euros”, acrescenta.

As restrições no transporte marítimo de mercadorias provocadas pela guerra na Ucrânia ou o conflito no Médio Oriente acabam por beneficiar a carga aérea. “Tudo aquilo que não pode ser transportado pela via marítima pode muito facilmente ser transportado por via aérea”, refere o CEO da DHL. A maior procura fez disparar os preços, mas o gestor aponta que “começa a haver uma estabilização”.

Portugal entre países onde conectividade mais cresceu

O Global Connectedness Report, elaborado pela Stern School of Business da Universidade de Nova York para a DHL coloca Portugal entre os países onde a conectividade mais cresceu. O país subiu dez posições no ranking, para a 32.ª posição, entre 181 países. Foi também o quarto país do mundo que mais melhorou a sua pontuação desde 2017.

José Reis atribui este desempenho à diversificação que já vai acontecendo nas exportações. “Nós estamos a ter relações com mais países e isto, de facto, faz-nos subir no ranking de conectividade. O mercado europeu continua a ser um mercado preferencial, mas começo a ver, também através daquilo que é a nossa relação com outros continentes, que há muitos exportadores portugueses a procurarem esses mesmos continentes“.

O relatório contraria a ideia de um recuo na globalização. “A conectividade global atingiu um recorde em 2022 e manteve-se próximo desse nível em 2023. A resiliência e crescimento dos fluxos internacionais de comércio, capital, informação e pessoas perante as recentes crises, refuta fortemente a noção de que uma reversão na globalização”, afirma.

“A globalização não está colocada em causa. Aliás, é um processo que é muito importante para todos, não apenas porque nós podemos comprar mais barato fora, mas porque aproxima culturas e ao aproximar culturas também ajuda a mitigar os conflitos”, sublinha José Reis.

  • Diogo Simões
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