França volta a ir votos com Le Pen mais longe da maioria absoluta
Depois de mais de 200 desistências vindas da esquerda de Meléchon e dos liberais de Macron, as hipóteses de uma maioria absoluta de Marine Le Pen ficaram mais reduzidas.
Depois de uma vitória na primeira volta das eleições francesas, o Rassemblement National (RN) de Marine Le Pen poderá estar em vias de repetir a proeza, este domingo, mas sem a amplitude ambicionada. As últimas sondagens sugerem que o partido de extrema-direita vai mesmo ganhar as eleições legislativas, mas não com uma maioria absoluta.
De acordo com seis sondagens divulgadas ao longo desta semana, citadas pela Bloomberg, o RN e os seus aliados estão em vias de conquistar entre 170 a 250 dos 577 lugares na Assembleia Nacional no domingo. Este número é significativamente inferior aos 289 assentos necessários para uma maioria absoluta, a única condição sobre a qual o candidato a primeiro-ministro do RN, Jordan Bardella, diz que governará.
Le Pen desvalorizou as sondagens, mas esta mudança de paradigma acontece depois de 130 candidatos da Frente Popular de Esquerda, liderada por Jean-Luc Mélenchon, e 81 candidatos do Renascença liberal, do Presidente Emmanuel Macron, terem abandonado a corrida às eleições após uma derrota, no domingo passado, avança o Le Monde. Para além disso, desistiram três candidatos do partido Os Republicanos, quatro candidatos da RN e um outro candidato. Ao todo, contabilizam-se 224 desistências.
Tanto os ecologistas, socialistas e a esquerda radical, juntos na Nova Frente Popular, como o Renascença de Macron entenderam que era necessário concentrar esforços e retirar os candidatos com menos hipóteses nos círculos em que o RN pode vencer, para impedir uma vitória da extrema-direita. Ademais, tanto Mélenchon como Macron apelaram ao seu eleitorado para que votassem nos liberais e na esquerda, respetivamente.
Em França, as eleições disputam-se em duas rondas: caso um candidato não obtenha maioria absoluta num círculo eleitoral, passa à segunda volta não apenas contra o segundo mais votado, mas contra cada candidato daquele círculo que tenha obtido mais de 12,5% dos votos. Por estas eleições terem sido das mais participadas, registou-se uma fragmentação do voto: em vários círculos eleitorais franceses foram várias as situações em que se assistiu a uma “triangulação” de candidatos, ou seja, existia um número sem precedentes de círculos eleitorais em que três candidatos iam à segunda volta. Antes das desistências, as estimativas apontavam para que isso se sucedesse em 285 a 315 círculos eleitorais. Em 2022, verificou-se em apenas oito.
Com a desistência de mais de 200 candidatos, deverão haver menos de 100 distritos com três candidatos à segunda volta, estima o Le Monde.
Na primeira volta, que se realizou a 30 de junho, o RN teve um resultado histórico face há dois anos: conseguiu 34% dos votos juntamente com os seus aliados, superando a Nova Frente Popular (28%) e (mais surpreendentemente) a Renascença de Macron que acumulou apenas 20,3% dos votos. Foram as eleições mais participadas desde 1997.
Após a segunda volta, há o risco de se gerar um impasse no Parlamento francês, caso o RN não consiga mesmo a maioria absoluta. Mesmo que a aritmética parlamentar permita uma maioria apoiada pelo Renascença e toda a esquerda, o Presidente francês excluiu na quarta-feira vir a governar com o França Insubmissa, o partido de esquerda radical que domina a Nova Frente Popular.
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