Novo MNE britânico apela a cessar-fogo “imediato” em Gaza
David Lammy garantiu que que iria "trabalhar (...) para apoiar um cessar-fogo imediato (em Gaza) e para retirar os reféns" israelitas mantidos pelo Hamas.
O novo ministro britânico dos Negócios Estrangeiros, David Lammy, apelou esta sexta-feira a “um cessar-fogo imediato” na guerra na Faixa de Gaza, na primeira intervenção após a sua nomeação.
Nomeado chefe da diplomacia após a vitória dos trabalhistas liderados por Keir Starmer nas eleições legislativas britânicas de quinta-feira, Lammy garantiu que que iria “trabalhar (…) para apoiar um cessar-fogo imediato (em Gaza) e para retirar os reféns” israelitas mantidos pelo Hamas. “Farei tudo o que estiver ao meu alcance para ajudar [o Presidente norte-americano] Joe Biden a conseguir esse cessar-fogo”, acrescentou.
Segundo a agência noticiosa AFP, será possível a política do novo governo trabalhista seguir a dos conservadores quanto à guerra entre Israel e Hamas em Gaza, provocada pelo ataque dos islamitas palestinianos em outubro, que levou a uma retaliação por parte dos israelitas.
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Os trabalhistas sofreram algumas derrotas simbólicas contra candidatos que centraram a campanha no conflito do Médio Oriente e criticaram, em particular, a posição de Keir Starmer como demasiado pró-israelita, um sinal de que o tema continuará a ser sensível para o novo governo.
David Lammy é um advogado de ascendência escrava, que tem entre os seus amigos o antigo Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. Conhecido pela sua sinceridade, Lammy, de 51 anos, já tinha revelado que a história dos seus antepassados, que foram escravizados até ao século XIX na Guiana, um território sul-americano onde existem plantações de cana-de-açúcar, iria influenciar a forma como abordará o seu mandato.
“Levarei muito a sério a responsabilidade de ser o primeiro ministro dos Negócios Estrangeiros que é descendente do tráfico de escravos”, afirmou recentemente. Responsável pelas questões internacionais no Partido Trabalhista nos últimos dois anos, realizou mais de 40 visitas ao estrangeiro, durante as quais aperfeiçoou a sua visão da diplomacia britânica de acordo com uma doutrina que descreve como “realismo progressivo”.
Esta é uma doutrina combina a abordagem pragmática de Ernest Bevin, chefe da diplomacia do Partido Trabalhista no final da década de 1940, com o idealismo ético de Robin Cook no final da década de 1990. O primeiro ajudou a criar a NATO após a Segunda Guerra Mundial, enquanto o segundo supervisionou intervenções no Kosovo e na Serra Leoa, antes de abandonar o governo de Tony Blair na sequência da invasão do Iraque.
No passado, Lammy criticou fortemente o antigo Presidente dos EUA e recandidato ao lugar, Donald Trump, que descreveu como “sociopata com simpatias neo-nazis”. Desde então, o agora ministro diz ter sido mal interpretado e, segundo a imprensa britânica, encontrou-se recentemente com conselheiros do candidato republicano às presidenciais de novembro. Keir Starmer foi indigitado esta manhã pelo Rei Carlos III.
O Partido Trabalhista ganhou as eleições legislativas de quinta-feira, voltando ao poder após 14 anos do Partido Conservador no governo. Quando faltava atribuir dois dos 650 lugares, os trabalhistas tinham conseguido 412 deputados, uma margem significativa em relação aos 326 necessários para ter uma maioria no parlamento, segundo resultados provisórios divulgados pela televisão britânica BBC.
Os conservadores seguiam com 121 deputados e os liberais democratas com 71. Relativamente às eleições anteriores, os trabalhistas elegeram até agora mais 211 deputados, os conservadores perderam 250 e os liberais democratas ganharam 63, de acordo com a BBC.
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