Portugal ganha mais de 5 mil milionários no último ano
O número de milionários em Portugal cresceu 3% no último ano para quase 172 mil, e deve aumentar 10% até 2028 para perto de 189 mil.
O número de milionários em Portugal continua a aumentar, refletindo uma tendência global de crescimento da riqueza, segundo o mais recente relatório “Global Wealth Report 2024” da UBS, publicado esta quarta-feira.
De acordo com o documento, Portugal teve um aumento de 3% no número de milionários entre 2022 e 2023, passando de 166,7 mil para quase 172 mil pessoas com património líquido superior a 1 milhão de dólares (cerca de 924 mil euros ao câmbio atual) — são 5,1 mil novos milionários face a 2022.
Este crescimento é ainda mais impressionante quando comparado com os dados de há apenas alguns anos: em 2020, o país contava com cerca de 135 mil milionários e um ano antes não ia além dos 117 mil, segundo dados do UBS.
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As perspetivas para os próximos anos são igualmente otimistas. O banco suíço prevê que o número de milionários em Portugal aumente 10% até 2028, atingindo mais de 189 mil pessoas. Apesar de significativo, o aumento projetado de milionários em Portugal nos próximos cinco anos fica abaixo do crescimento esperado na maioria dos países avaliados pelo UBS.
É o caso de Taiwan, o país que deverá registar o maior crescimento de milionários até 2028, graças a um incremento de 47% do número de fortunas acima de um milhão de dólares, que se irá traduzir em mais de um milhão de milionários nos próximos cinco anos.
O património líquido por adulto em Portugal, medido em euros, aumentou, em média, 3,8% no último ano, passando de pouco mais de 66 mil euros em 2022 para mais de 68 mil euros no ano passado, que é praticamente o dobro dos 35 mil euros que eram contabilizados em 2012.
Riqueza dos portugueses cresceu 81% nos últimos 15 anos
Entre os países europeus, o crescimento de milionários de Portugal até 2028 só deverá superar o antecipado em quatro outros países:
- Itália, que deverá ter um crescimento de 9% do número de milionários, passando dos atuais 1,3 milhões de milionários para quase 1,5 milhões em 2028;
- Grécia, que deverá manter o número de fortunas acima de um milhão de dólares (80 mil);
- Países Baixos e Reino Unido, que serão os dois únicos países avaliados pelo UBS que registaram uma contração do número de milionários nos próximos cinco anos ao perderem 4% e 17%, respetivamente, dos seus atuais milionários.
Mas a tendência de crescimento da riqueza em 2023 não se limitou apenas aos mais ricos. “A riqueza global tem aumentado constantemente desde 2008, ultrapassando recessões e crises financeiras. A única faixa de riqueza que está em constante declínio é a mais baixa, enquanto todas as outras estão em constante expansão”, lê-se no relatório
O “Global Wealth Report 2024” revela que o património líquido por adulto em Portugal, medido em euros, aumentou, em média, 3,8% no último ano, passando de pouco mais de 66 mil euros em 2022 para mais de 68 mil euros no ano passado, que é praticamente o dobro dos 35 mil euros que eram contabilizados em 2012.
O nível de desigualdade da distribuição de riqueza em Portugal, medida pelo coeficiente de Gini, mantém-se próximo da média da Europa Ocidental.
Além disso, recuando até 2008, quando o UBS começou a divulgar dados sobre a riqueza mundial, verifica-se que a riqueza per capita em Portugal aumentou 81% nos últimos 15 anos, quando medida em moeda local, como resultado de um crescimento médio de 4,04% por ano, cerca de cinco vezes mais que em Espanha e muito longe da contração de 0,8% por ano da riqueza dos gregos, por exemplo.
O UBS revela também que o nível de desigualdade da distribuição de riqueza em Portugal, medida pelo coeficiente de Gini, mantém-se próximo da média da Europa Ocidental. Apesar de não estar a baixar, os dados do banco suíço revelam que a desigualdade financeira tem crescido a um ritmo mais baixo que alguns países.
Por exemplo, desde 2008, o UBS revela que enquanto o coeficiente de Gini aumentou quase 15% em Itália, mais de 17% na Grécia e quase 20% em Espanha, em Portugal, o nível de desigualdade da distribuição de riqueza aumentou menos de 2%.
No entanto, este comportamento do coeficiente de Gini não significa que os italianos e os espanhóis estão numa pior situação financeira do que os portugueses. “De facto, a desigualdade beneficia se for combinada com níveis de riqueza absolutos, de modo a traçar uma imagem abrangente do perfil de riqueza de uma sociedade”, lê-se no relatório.
Supondo um país onde todos os cidadãos vivem em extrema pobreza, o coeficiente de Gini indicaria uma igualdade perfeita. No entanto, essa “igualdade” não traria nenhum benefício real para os seus habitantes, que continuariam a sofrer sem acesso a recursos básicos.
Este exemplo ilustra que, embora o coeficiente de Gini seja uma ferramenta útil para medir a desigualdade, ele não capta a complexidade das condições de vida das pessoas. Da mesma forma, as mudanças na igualdade ao longo do tempo devem ser analisadas com cuidado, pois uma aparente melhoria nos números pode não refletir uma verdadeira melhoria nas condições de vida da população.
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