Caso gémeas: Maria João Ruela diz que houve “um lapso” na informação transmitida ao Marcelo em dezembro

  • Lusa
  • 24 Julho 2024

Maria João Ruela afirmou que o que lhe foi pedido foi para "promover esforços para tentar enquadrar a situação".

A consultora do Presidente da República para os Assuntos Sociais, Sociedade e Comunidades disse esta quarta-feira que houve “um lapso” na informação transmitida ao Presidente da República antes da comunicação que fez em dezembro, nomeadamente quanto ao hospital contactado. Maria João Ruela está a ser ouvida na comissão de inquérito ao caso das gémeas luso-brasileiras tratadas no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, com o medicamento Zolgensma.

Na sequência das respostas dadas ao PS sobre o hospital que terá sido contactado, o deputado André Ventura, do Chega, referiu que o relatório da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) “fala de contactos feitos” pela assessora “com o Santa Maria” e questionou se “é falso”. Maria João Ruela, que já tinha dito que não foi ouvida pela IGAS, insistiu que não contactou o Hospital de Santa Maria e disse desconhecer o relatório, questionando qual a fonte.

Depois de lhe ter sido transmitido que a fonte seria uma comunicação do Presidente da República em 4 de dezembro, a consultora do Palácio de Belém indicou que “houve um lapso” na informação que foi passada a Marcelo Rebelo de Sousa nessa altura. “Não foi um lapso do Presidente da República, foi da comunicação que foi passada ao Presidente da República sobre o hospital que tinha sido contactado. Quando o Presidente da República fez aquela conferência de imprensa um bocadinho de improviso, com base nuns papéis que estavam ali com informação que não estava correta, disse isso”, afirmou.

Maria João Ruela salientou que “é claro para a Presidência da República, para o senhor Presidente da República e para o chefe da Casa Civil que o contacto foi feito com o Dona Estefânia”.

A assessora da Casa Civil da Presidência da República disse que o caso das gémeas tratadas com o medicamento Zolgensma em 2020 foi “tratado de forma idêntica” a outros. A consultora para os Assuntos Sociais, Sociedade e Comunidades da Casa Civil do Presidente da República explicou que no dia 21 de outubro de 2019 recebeu um email do chefe da Casa Civil, reencaminhado também para Marcelo Rebelo de Sousa, a perguntar se Maria João Ruela podia “perceber o que se passa”.

“Abaixo nesse email, estava a comunicação de Nuno Rebelo de Sousa”, indicou a antiga jornalista na comissão de inquérito ao caso das gémeas tratadas com o medicamento Zolgensma em 2020.

Maria João Ruela afirmou que o que lhe foi pedido foi para “promover esforços para tentar enquadrar a situação”, considerando ser “um procedimento habitual para o acompanhamento de correspondência dirigida e enviada ao Presidente da República”, na área dos Assuntos Sociais e Comunidades Portuguesas. Afirmou ainda que cessou a troca de correspondência com Nuno Rebelo de Sousa em 23 de outubro de 2019.

A consultora do Presidente da República admitiu ainda que poderá ter contactado o Hospital Dona Estefânia, mas recusou ter falado com o Hospital de Santa Maria sobre o caso das gémeas. “A ter falado com um hospital foi apenas com o Dona Estefânia”, afirmou Maria João Ruela.

Em resposta ao PS, a consultora disse não ter registo desse contacto, razão pela qual não pode confirmar se esse contacto foi feito, mas considerou “natural que as informações” que transmitiu “tenham sido obtidas junto do hospital”. “Não há problema nenhum nisso”, defendeu.

Maria João Ruela disse que poderá ter contactado o Dona Estefânia porque a informação que tinha sido enviada por Nuno Rebelo de Sousa para a Presidência da República era que o processo das duas crianças encontrava-se nesse hospital e que “só soube que as bebés tinham sido tratadas no Santa Maria” em novembro do ano passado, quando viu as notícias sobre o caso.

Antes, em resposta ao CDS-PP, a assessora do Presidente da República indicou que, por isso, “para o Santa Maria não teria sido de certeza” feito nenhum contacto naquela altura. Maria João Ruela afirmou que não se lembra nem tem registo com quem terá falado em concreto e que o objetivo do contacto terá sido “obter informação genérica”.

“A informação obtida foi a transmitida ao chefe da Casa Civil e depois enviada no email de informação ao Presidente da República”, indicou. Na resposta ao PSD, a antiga jornalista referiu que a informação que apurou foi “tão só que é uma decisão inteiramente médica, do hospital e do Infarmed”.

Na sua intervenção inicial, Maria João Ruela referiu o email que o filho do Presidente da República enviou ao chefe da Casa Civil em 29 de outubro de 2019, no qual referia que “nada evoluiu e ninguém falou com os pais das crianças”. A consultora considerou que Nuno Rebelo de Sousa estava a lamentar-se ao seu chefe da sua “percecionada inação”.

“Escreveu um email ao meu chefe queixando-se de que eu não fiz nada”, afirmou mais em frente, em resposta ao PAN. Já em resposta ao BE, Maria João Ruela disse que hoje entende esse contacto de Nuno Rebelo de Sousa mais como “uma medalha”. A assessora de Belém disse também que pediu os contactos dos pais das crianças, mas não os contactou.

(Notícia atualizada às 17h46 com mais informação)

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