Bolsas mundiais atacadas por “sell-off” de empresas tecnológicas

Após Tóquio ter registado a pior sessão desde 2016, a Europa está novamente em queda e com alta volatilidade, por conta da forte pressão vendedora sobre as tecnológicas. Nasdaq em correção.

Os principais mercados de capitais estão a ter uma sexta-feira com elevada volatilidade e a serem tomados de assalto por uma onda vermelha, com o setor tecnológico a ser particularmente afetado.

A bolsa de Tóquio encerrou esta sexta-feira a cair 6%, registando com isso a pior queda desde 2016, à boleia de um ambiente de fortes dúvidas relativamente à economia norte-americana por parte dos investidores que desencadearam um “sell-off” de ações de empresas de semicondutores.

Na Europa, o índice pan-europeu Stoxx 600 cai atualmente 1,75% por conta de uma forte pressão do setor tecnológico que contabiliza perdas acima dos 3%. Destaque para as ações da ASM International e da BE Semiconductor Industries, duas das maiores empresas de semicondutores na Europa, que acumulam perdas de 11% e 9%, respetivamente.

Este movimento surge depois de na quinta-feira o índice Euro Stoxx 50, que agrega as 50 maiores empresas da Zona Euro, ter resvalado 2,2% — a pior sessão desde meados de 6 de julho do ano passado — por pressão do setor financeiro, após o banco francês Société Générale ter revisto em baixa as suas perspetivas e de o Banco de Inglaterra (BoE) ter surpreendido o mercado ao cortar em 25 pontos base a taxa de juro da libra esterlina de 5,25% para 5%, após uma votação apertada de 5-4 entre os responsáveis pela política monetária. Atualmente, o Euro Stoxx 50 está a cair 1,56%.

O índice VSTOXX, que reflete a volatilidade do Euro Stoxx 50, acumula atualmente uma subida de 16,3%, depois de na sessão de quinta-feira ter também subido 15%.

Em Portugal, o PSI não foge à onda vermelha global, estando atualmente a negociar com uma queda de 0,43%, contando com apenas três empresas acima da linha de água: REN, EDP e EDP Renováveis.

Nas bolsas norte-americanas, o S&P 500 abriu esta sexta-feira a cair 1,44% e o Dow Jones a perder cerca de 1%. O tecnológico Nasdaq deslizava 2,38%, entrando em território de correção, acumulando perdas de 10% face ao último máximo histórico de fecho.

A onda vendedora dos investidores é visível pela queda superior a 21% das ações da Intel no pré-mercado, depois de na quinta-feira ter apresentado resultados abaixo do esperado pelo mercado e anunciado o corte de 15 mil postos de trabalho, e também das ações da Amazon, que esta sexta-feira já estiveram a cair 9%, após a administração da empresa ter apresentado perspetivas de lucro inferiores às estimativas de Wall Street.

Nota: Se está a aceder através das apps, carregue aqui para abrir o gráfico.

A correção atual nos mercados está a ser impulsionada por uma combinação de fatores, incluindo dados económicos fracos dos EUA, preocupações com a política monetária global e resultados dececionantes de grandes empresas tecnológicas.

A recente decisão do Banco do Japão de aumentar as taxas de juro, juntamente com sinais de possíveis cortes de taxas pela Reserva Federal dos EUA (Fed) por parte de Jerome Powell na última reunião do comité de política monetária e o mais recente corte das taxas de juro do Banco de Inglaterra, adicionou incerteza ao panorama económico global.

Neil Birrell, diretor de investimentos da Premier Miton Investors, citado pelo Financial Times, descreve esta situação como um “ponto de inflexão”, sublinhando que a volatilidade será um fator importante nos próximos meses, com os investidores a reposicionarem as suas carteiras em função do novo ciclo das taxas de juro, com implicações diretas também no mercado obrigacionista.

Isso já é bem visível esta sexta-feira pelo aumento da volatilidade dos mercados. O índice VIX, conhecido como o “índice do medo” de Wall Street, ultrapassou os 20 pontos pela primeira vez desde abril, refletindo a crescente incerteza entre os investidores.

O mesmo se passa com o índice VSTOXX, que reflete a volatilidade do Euro Stoxx 50, e que hoje acumula uma subida de 16,3%, depois de na sessão de quinta-feira ter também subido 15%.

(Notícia atualizada às 14h34 com abertura das bolsas em Wall Street)

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